A III Conferência Nacional da
Mulher Advogada, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), vai
discutir na próxima quinta e sexta-feira (05 e 06/03), os desafios da advocacia
contemporânea na perspectiva do universo feminino. Com mais de 2.500 inscritos,
e em torno de 70 palestrantes, a conferência é um dos eventos mais importantes
da advocacia brasileira, com debates de questões que abordam desde a aplicação
da Lei Maria da Penha, o aumento do feminicídio no país, a participação da
mulher na política, à série de obstáculos enfrentados pela advogada em seu
cotidiano profissional.
Para esta edição, a
Conferência elegeu como tema central a busca de uma advocacia mais igual, livre
e com o apoio mútuo entre as advogadas brasileiras - Igualdade, Liberdade e
Sororidade. Serão 14 painéis e oficinas. A presidente da Comissão da Mulher
Advogada da OAB, Daniela Borges, enfatiza que o debate transcende os desafios
da advocacia feminina. “É um debate que interessa à sociedade”, afirmou.
“Nós enfrentamos desafios e
dificuldades muito peculiares em razão da nossa condição de mulher. É muito
importante que possamos discutir essas particularidades e o que tem de complexo
neste cenário. Há uma desigualdade de gênero nas profissões e na sociedade,
pois o Brasil é o quinto país do mundo em número de feminicídios”, disse
Daniela Borges.
Atualmente, homens e mulheres
dividem o quadro da advocacia no Brasil. São 586,9 mil advogadas e 596,2 mil
advogados inscritos na Ordem. As condições do exercício da advocacia, no entanto,
não são as mesmas, segundo ressalta Daniela Borges. A situação salarial é
desigual, as mulheres são vítimas de assédio e discriminação. Há caso de
advogada que teve de passar por revista íntima para atender seu cliente em
presídio, episódio em que a profissional teve a altura de sua saia questionada
ao entrar em tribunal, evidenciando violações de prerrogativas da advogada.
A presidente da comissão
reforça a necessidade de homens e mulheres estarem juntos nesse debate. “É
preciso construir uma sociedade mais igual, não no sentido de suprimir as
diferenças, mas respeitando e incluindo as diferenças de maneira que todos
possam gozar dos mesmos direitos, oportunidades e com a liberdade de sermos o
que quisermos e de estarmos onde quisermos”, afirmou Daniela.
A adoção de ações afirmativas
tem contribuído para mudar o perfil da OAB. A participação de mulheres no
Conselho Federal cresceu em quase 1.000%, em menos de uma década, e a mulher
tem espaço garantido em um dos cinco cargos da direção nacional na próxima
gestão.
No ano passado, o Conselho
Federal aprovou súmula que estabelece a prática de violência contra a mulher
como motivo para a negativa de inscrição do advogado na Ordem. Pela primeira
vez, a OAB preencheu as duas vagas destinadas à advocacia no Conselho Federal
do Ministério Público com advogadas. Também fato inédito na história da OAB,
mulheres e homens dividirão igualitariamente em número de palestrantes na XXIV
Conferência Nacional da Advocacia, o maior evento da advocacia brasileira a ser
realizada em novembro, em Brasília.
A abertura acontece no dia
05/03, às 08h30, com a presença do presidente da OAB Nacional, Felipe Santa
Cruz.
Serviço:
III Conferência Nacional da
Mulher Advogada
5 e 6 de março de 2020
Centro de Eventos do Ceará
(Avenida Washington Soares, 999 - Edson Queiroz)
Veja a programação completa: http://bit.ly/3ahutCj
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