Angela Lins, da Agreste
Saneamento, defende que mercado de trabalho precisa respeitar profissionais,
independente do gênero.
Arapiraca, 05 de março de 2020
– No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
apenas 38% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Na contramão
dessas estatísticas, a trajetória de Angela Lins é um exemplo de inspiração e
protagonismo feminino. Ela começou como estagiária e, atualmente, lidera um
time de profissionais como diretora administrativa da Agreste Saneamento, uma
das empresas do Grupo Iguá.
Angela tem 40 anos e é formada
em Administração. Veio de uma família humilde do interior de Pernambuco, mais
precisamente do município de Paulista. Sua trajetória de conquistas, revela a
verdadeira paixão pelo que faz. Na avaliação dela, apesar das estatísticas
refletirem um cenário desigual, tem havido uma evolução e as mulheres vêm
conquistando cada vez mais espaços.
“Infelizmente no Brasil ainda
temos preconceitos com o posicionamento feminino e diferenças salariais, mas
entendo que essa curva está declinando a cada ano e acredito na evolução
significativa. Ocupar cargos importantes na companhia e representar a evolução
do posicionamento feminino me traz orgulho e paixão pelo que faço cada dia
mais”, conta entusiasmada.
Em um país onde mulheres
ganham 79% do salário dos homens, o principal desafio a ser superado no mercado
de trabalho, para Angela Lins, “é a valorização da ‘profissional’ e não do
‘gênero’, em que a mulher possa ter salários compatíveis com sua capacidade
profissional, seja em cargos estratégicos ou táticos”, enfatiza.
Trajetória
A trajetória profissional de
Angela Lins começou em 1998, como estagiária no Departamento Pessoal de uma
empresa de transporte coletivo em Olinda (PE). No ano seguinte, já havia sido
efetivada e assumiu novas responsabilidades.
Nos anos seguintes, a ascensão
continuou, inclusive alcançando áreas em que a própria profissional avalia como
“quebra de paradigmas”. “Com a venda da empresa de transportes em 2006, fui
transferida para uma empresa de Engenharia, passando a atuar no ramo de
construção pesada, como encarregada administrativa de obra”.
Trabalhou em sete obras,
incluindo dois consórcios, sendo um deles com cerca de 1.600 colaboradores
diretos e indiretos. “Em 2012 fui convidada a participar do projeto da Parceria
Público-Privada (PPP AL), inicialmente como coordenadora financeira e, em dois,
anos assumi a gerência administrativa/financeira”.
A primeira quebra de
paradigmas ocorreu em 2006, quando foi convidada a trabalhar em um canteiro de
obra, sendo a primeira mulher no grupo a atuar na função. “No começo foi
bastante complicado, mas o que diferencia você é sua capacidade de se adaptar e
aos poucos fui ganhando espaço e, principalmente, respeito”, pontua.
Desde o ano passado, ela ocupa
um cargo de direção na Agreste Saneamento, em Arapiraca. “Em fevereiro de 2019
a PPP AL passou por uma reengenharia e fui convidada pela Iguá para assumir a
diretoria administrativo-financeira”, acrescenta.
Na avaliação dela, a presença
feminina na Agreste Saneamento é baseada na valorização da mulher, independente
dos espaços ou áreas em que atua.
“Em regra geral, a mulher tem
uma sensibilidade maior, o que gera empatia entre as pessoas. Costuma ser mais
organizada e consegue lidar com várias tarefas ao mesmo tempo [risos]. Em todos
os pontos de nossa operação temos mulheres ocupando seu espaço, seja como
leiturista, supervisora operacional, assistente de manutenção, operadora de
tratamento, equipe de apoio e diretoria”, garante.
Desafios
Nos “bastidores” das grandes
conquistas de Angela, muito antes do sucesso nas corporações, veio o trabalho,
ainda muito cedo.
“Sou de uma família humilde e
com nove anos comecei a me virar. Vendia mel nas lojas do Shopping Recife,
depois disso não parei, vendia bijuterias e roupas na escola. Depois, ajudei
meu tio em uma empresa de esquadrias de alumínio, tirando pedidos, apoiando nos
processos do departamento pessoal e financeiro”, recorda.
Aos seis anos de idade, ela
conta, sofreu um acidente de carro que deixou diversas cicatrizes e algumas
complicações, pois precisou se submeter a várias cirurgias plásticas. Contudo,
sempre manteve o sonho dar o melhor para sua família, por isso sempre focou nos
estudos.
“Minha inspiração de vida até hoje
é minha mãe, que mesmo diante de tanta dificuldade, nos mostrava que só com uma
formação poderíamos sonhar alto, e com muita dignidade e disposição para o
trabalho nos criou. Essa é minha maior força enquanto ser humano”, destaca
orgulhosa.
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