Foto: Beto Skeff
Um
dos espetáculos mais prestigiados em 2019 nos palcos de Fortaleza, E.L.A recebe
o convite da curadoria
do
Projeto de Desmontagem de ação virtual do SESC Pompeia/SP, para produção e
lançamento do Documentário “Pudesse ser apenas um enigma”, em sua plataforma no
canal SESC Pompeia no YouTube, dia 28 de agosto (sexta-feira), às 20h. A
apresentação online será acessível para todas, todos e todes.
Resultado
de uma investigação cênica do corpo, suas releituras e potencialidades, a atriz
e pesquisadora Jéssica Teixeira trouxe ao palco, o espetáculo solo “E.L.A”, no
dia 06 de fevereiro de 2019 e, atualmente, prepara-se para lançar no dia 28 de
agosto, às 20h, o documentário “Pudesse ser apenas um enigma”, dirigido por
Jéssica Teixeira e Pedro Henrique, pela plataforma do Sesc Pompeia, convite,
surgido durante o contexto de isolamento social dado ao novo corona vírus.
E.L.A
foi um projeto idealizado, desde 2017, com a direção de Diego Landin, e, em
2019, após a estreia no Cineteatro São Luiz (com uma plateia de quase 300 pessoas),
realizou mais 30 apresentações com recepções e aplausos bastante calorosos,
dentre elas em Fortaleza, em Porto Alegre (no 26º Porto Alegre em Cena) e em
São Paulo (uma temporada de 8 apresentações no Espaço Cênico do SESC Pompeia).
O
desafio agora é novo: é desmontar tudo que já estava montado! “É como se eu
revirasse as minhas próprias entranhas em cada material, foto, do processo de
pesquisa e criação. Pois, no documentário “Pudesse ser apenas um enigma” eu
comento sobre as escolhas que fiz durante pesquisa, os recursos que eu utilizei
no palco e como a estética e o discurso foram sendo construídos, então, mais
uma vez, eu precisei resgatar vídeos, fotos, relatos, laudos médicos, exames
desde do momento em que eu nasci”, explica Jéssica.
Porque
“E.L.A”, define Jéssica, é, também, como se constituí no mundo até hoje, “é
como eu opero no mundo com o meu corpo, emancipando as pessoas pra que também
reflitam em como operar no mundo com os seus corpos. E o documentário “Pudesse
ser apenas um enigma” é o que está por trás da constituição desse corpo,
artístico, sensível e político. O documentário é aquilo que não se vê n’E.L.A,
à primeira vista.”, completa a atriz.
Além
disso, existe outro desafio que é pensar na linguagem do audiovisual. Pedro
Henrique, que assina direção e o roteiro com Jéssica, relata “que ao receber o
convite de Jéssica, pra dirigir e pensar o roteiro com ela, a primeira pergunta
que fez a atriz foi “como pegar a força do teatro e transportar pro
audiovisual? E como fazer um documentário de desmontagem de um espetáculo de
teatro que não fosse apenas um relato do surgimento do espetáculo?”, questionou
o diretor.
Diretor
e atriz fizeram releituras de algumas cenas do espetáculo como a cena em que a
Jéssica aparece deitada de lado, como uma esfinge, e a cena em que ela
direciona várias sensações com própria voz no blackout (escuro total). “A gente colocou outros signos, novas camadas
nessas cenas pra construir uma força no audiovisual parecida com a força
sensorial que elas tinham, quando era vividas presencialmente no espetáculo.
Quanto ao roteiro, é algo que eu penso no cinema de uma forma muito intuitiva.
Então, por já ter trabalhado, desde o começo, e ter presenciado várias
apresentações, o roteiro já me veio do começo ao fim. Eu já sabia o caminho que
esse documentário ia traçar e aí a gente foi lapidando juntos.”, definiu Pedro
Henrique.
No
documentário, Jéssica traz mais abertamente suas questões quanto à
acessibilidade, pois ela também performa nas imagens e nas palavras os recursos
acessíveis, pensando a LIBRAS e a audiodescrição como uma construção de uma
linguagem artística, para além de um acesso à informação. Sempre pensar que
acesso, explica Jéssica, é para todes, todas e todos e faz pensar sobre um
lugar em comum no mundo, com todas as nossas singularidades e especificidades.
“Eu
não quero apenas me comunicar com uma pessoa com deficiência visual ou com uma
pessoa surda, eu quero que elas fruam a obra como qualquer outra pessoa. Por
isso, a atenção em diversos modos de como construir a obra. É um grande desafio
que eu assumo daqui pra frente. Precisamos alinhar a Cultura, com a Educação e
com as Políticas Públicas, urgentemente, pra conseguirmos caminhar com essas
discussões e demandas”, enfatiza Jéssica.
Para
Pedro Henrique, a acessibilidade é algo que ele nunca tinha feito. E pensar,
por exemplo, a audiodescrição não como algo meramente descritivo, mas como algo
narrativo, artístico, e incorporar a LIBRAS na cena como um diálogo entre uma língua
e uma linguagem, longe de pensá-la apenas como uma caixa ou numa janela ao lado
filme, desconstrói várias fronteiras que o diretor achou que existiam até o
início da criação do documentário.
No
documentário, Jéssica Teixeira indica os caminhos vividos por sua trajetória
pessoal e profissional com os limites e potencialidades do corpo e aponta suas
singularidades e universalidades. Os temas chaves do espetáculo e do
documentário são relacionados diretamente ao nosso corpo: beleza, saúde,
política, feminilidade, limites e acessibilidade e nos faz refletir sobre
aceitação e sobre o nosso lugar no mundo. A encenação, apresentada em 2019 e
assinada por Diego Landin, aposta numa experiência estética clean e
sofisticada. É o primeiro solo da atriz Jéssica Teixeira, que assume também a
produção dessa obra.
Agora,
a materialidade presente, seja no corpo, na fala, nos objetos, redimensiona as
possibilidades do fazer artístico. Como diz a própria atriz, “faço do corpo a
matéria-prima bruta para todo o espetáculo, e com a chegada do livro da Eliane
Robert Moraes, “Corpo Impossível”, começamos a construir essa desmaterialização
do meu corpo para a peça e para o documentário”, completa Jéssica, que no documentário
completa e traduz a linguagem do projeto num depoimento plural.
Modelos
Pudesse
ser apenas um enigma. Mas, não. O corpo faz problema. O corpo dá trabalho. Pode
ser muitos. Pode ser, inclusive, o que não queremos. O corpo será sempre o que
ele quiser? É social. É político. É tecnológico. É inconsciente. Pensamento.
Desejo. Invisível. Invasor. O corpo se despedaça. É estrutura. É movimento.
Mas, sobretudo, é estranho. “Eu sou o outro e a outra. Teimo e re-existo. Ele
se degenera e E.L.A se faz impossível”, enfatiza a atriz. Assim, Jéssica
desconstrói modelos e estereótipos, recria forças, conteúdos e estéticas.
E.L.A
interpela os conceitos de saúde, de beleza e faz a introspecção e rejeição das
bases que rejeitaram a dignidade humana, tão presentes na violência do século
XXI, na política de extermínio implantada no Brasil e no mundo. Em tempos de
limitações, doença, preconceito, tabus, E.L.A segue atual, regeneradora,
inquietante que, por meio do corpo e do teatro, delineia a potência artística
como um dos elementos fundamentais para a construção de um ordem política e
culturalmente humanitária e democrática, de fato. Ser um produtor de diferenças
e assumir essas diferenças é um dos grandes pilares que proporcionam uma
ressignificação de valores para um empoderamento pessoal e uma maior aceitação
de si, do outro e do mundo.
Pesquisa
O
espetáculo E.L.A surgiu a partir da investigação cênica do corpo inquieto,
estranho e disforme da atriz Jéssica Teixeira, e de que maneira o mesmo se
desdobra e faz desestabilizar e potencializar outros corpos e olhares. Ao longo
da pesquisa, surgiu também o livro O Corpo Impossível, da pesquisadora Eliane
Robert Moraes, a fim de disparar dispositivos dramatúrgicos que expandissem a
cena e nos referenciasse multiplamente sobre um corpo em diversas linhas:
histórica, filosófica, empírica, mitológica, estética, sinestésica, ética,
enfim. E as perguntas que nos rodeavam era: O que seria um corpo? O que seria o
impossível? O que acontece no hiato entre os dois?
“Descobrimos,
afinal, que todo corpo é estranho para si. Nesse sentido, E.L.A tem como
objetivo instigar em cada espectador a autopercepção, a autoconsciência, a
autocrítica, a autoestima, a autoanálise e a autoimagem, a partir da relação de
cada um com o próprio corpo, para uma melhor autonomia e emancipação do sujeito
e, consequentemente, uma relação mais lúcida com o outro e com o mundo”,
explica Jéssica.
Jéssica
Teixeira
Mestre
em Artes pela UFC (Universidade Federal do Ceará), atriz, produtora e diretora,
Jéssica Teixeira explica que o projeto de montar o espetáculo vinha
amadurecendo desde de 2017, e foi em novembro que eu convidei Diego Landin,
para assinar a direção do espetáculo E.L.A. “Ele topou e começamos nossos
encontros em março de 2018. Ao longo da pesquisa percebi que o espetáculo não
conseguiria abordar todas as questões que o tema “Corpo Impossível” ressalta
aos nossos olhos, então, ao longo do ano, eu, Jéssica Teixeira, iniciei um
processo artístico pedagógico de ministrar oficinas a partir dessa temática,
pois via que estar atuando também com oficinas formativas, era um meio eficaz e
urgente para uma transformação de um pensamento crítico e social tanto dos
alunos, como também do efeito multiplicador que uma oficina possui”, conta a atriz.
Os
alunos saiam da sala de aula e rapidamente já iam reverberando no mundo as
inquietações antigas, mas guardadas lá no inconsciente, e as novas descobertas
dos seus corpos.
No
espetáculo como no documentário, a atriz dá vida ao inquietante teatro de
espelhos e duplos, no corpo da artista, no corpo da obra e no de quem o
assiste, dando visibilidade ao corpo de Jéssica Teixeira, pois, acreditamos que
destacar esse corpo na sociedade (de corpos/belezas fabricadas e
institucionalizadas) e nas artes (que abordam um conceito de belo muito
peculiar e que precisamos repensa em suas diversas formas) é provocar no
público um desejo de emancipação individual e coletiva a partir da aceitação de
nossas diferenças, driblando os clichês e padrões de beleza impostos pela
mídia, além encorajar um olhar e uma sensibilidade para a diversidade e
multiplicidade, fortalecendo assim a construção do ser político que há em cada
um. Um corpo consciente de si, consciente de seus limites, de suas dores,
prazeres e de suas diferenças, torna-se uma potência de atuação no mundo.
Pedro
Henrique é graduado em Cinema e Audiovisual pela UFC (Universidade Federal do
Ceará). Roteirizou, produziu e dirigiu os curtas: SUPERDANCE (2016),
Hiperidrose (2015), O Sentido Alegre da Dor (2014) e Fora da Onda (2014) que
circularam em diversos festivais e mostras de cinema pelo Brasil e, o mais
recente, A Brisa que Entra pelas Frestas no Meu Ninho (2019), que contou com a produção
de Jéssica Teixeira. Trabalhou com vídeo-dramaturgia e videomapping em diversos
espetáculos da cena teatral de Fortaleza como VAGABUNDOS e Bando de Pássaros
Gordos, ambos dirigidos por Andréia Pires; Calígulas e Restos Cavam janelas, do
grupo Comedores de Abacaxi S/A; e, o mais recente, o espetáculo EL.A, onde
assina a direção de videomapping. Atualmente, assina a co-direção, roteiro e
edição do documentário Pudesse Ser Apenas um Enigma.
Serviço:
Apresentação
e Lançamento do Documentário “Pudesse ser apenas um enigma” com Jéssica
Teixeira
Projeto
de Desmontagem de ação virtual do SESC Pompeia/SP
Direção
e roteiro: Jéssica Teixeira e Pedro Henrique
Local:
Plataforma Canal do YouTube do Sesc Pompeia, gratuito
Dia
28 de agosto, sexta-feira
Horário:
20h
Gratuito
Informações:
@ela.jessicateixeira e Canal Youtube Sesc Pompeia
Assessoria
de Imprensa
Aécio
Santiago – jornalista
aeciofsantiago@gmail.com
- 85-9.8723.1539 / 9.9235.5990
Joanice
Sampaio
joanicesampaio@gmail.com
85-9.8631.2139 / 9.9721.0234
Ficha
técnica
Direção
e Roteiro: Jéssica Teixeira e Pedro Henrique
Produção:
Jéssica Teixeira
Edição
e Montagem: Pedro Henrique
Design
de som: Loreta Dialla e Clau Aniz
Tradução
em Libras: Ariel Volkova e Mikael Silva
Interpretação
em Libras: Ariel Volkova
Captação
e apoio: Mikael Silva
Revisão
de tradução e consultoria: Cleyton Santos
Consultoria
de acessibilidade cultural: Thamyle Vieira e Gislana Vale
Design
gráfico: Andrei Bessa
Assessoria
de comunicação: Aécio Santiago/Joanice Sampaio
Realização:
SESC POMPEIA
Agradecimentos:
Vera Carvalho, Edson Teixeira, Maninha Saraiva, Renato Gino, Diego Landin,
Eliane Robert Moraes, Léo Nicoletti, Estela Lapponi, João Paulo Lima, Andréa
Chiesorin, Nádia Fabrici.