Foto: Fabian - fotoweb
Com a peça, Beth Goulart foi premiada como
Melhor Atriz no Prêmio Shell, Revista Contigo, APTR-RJ (Associação dos
Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) e Prêmio Qualidade Brasil.
“Simplesmente eu, Clarice Lispector” também levou o troféu de Melhor Espetáculo
no Prêmio Qualidade Brasil.
Neste sábado e domingo, dias 13 e
14 de abril, Beth Goulart apresenta no palco principal do Theatro José de
Alencar o espetáculo “Simplesmente eu, Clarice Lispector”. O texto de Clarice
Lispector tem adaptação, interpretação e direção de Beth Goulart, com a
supervisão de Amir Haddad. No sábado a sessão terá início às 20 horas e no
domingo às 19h.
Simplesmente eu, Clarice
Lispector, com Beth Goulart
Joana, uma mulher inquieta e
criativa foi a primeira personagem de Clarice Lispector que Beth Goulart
conheceu. No auge da adolescência, ao ler “Perto do Coração Selvagem”, romance
de estreia da autora, sua identificação foi inevitável. "Eu achava que não
era compreendida. O que fazer com isso tudo dentro de mim, com esse processo
criativo? Só Clarice me entendia.", confessa Beth. Depois de Joana, que
representa o impulso criativo selvagem, vieram outras mulheres na escrita de
Clarice. Entre elas, está Ana, do conto "Amor", que leva uma vida
simples, dedicada ao marido e aos filhos e tem a rotina quebrada ao se
impressionar com a magia do Jardim Botânico. Ela representa a fase em que Clarice se dedicou
totalmente ao marido e aos filhos.
Lóri, da obra “Uma aprendizagem
ou O livro dos prazeres” é uma professora primária que mora sozinha e se
prepara para descobrir o amor. Toda a obra de Clarice é uma ode ao amor. Há
ainda outra mulher sem nome, que, no conto "Perdoando Deus", se deixa
mergulhar na liberdade enquanto passeia por Copacabana, representando a ironia,
a inteligência e o humor na obra de Clarice. Essas quatro mulheres, que, para
Beth, "representam algumas facetas da própria Clarice", foram
escolhidas para apresentar ao público a obra de um dos maiores nomes da
literatura brasileira. Em “Simplesmente eu, Clarice Lispector”, espetáculo que
teve estreia nacional em julho de 2009 em Brasília, no Centro Cultural Banco do
Brasil, a atriz interpreta, além da escritora e suas personagens, fragmentos
que reconhece em si mesma: "Usando as palavras dela, eu também estou
falando de mim, eu me revelo através de minhas escolhas".
Beth faz reflexões sobre temas
como criação, vida e morte, Deus, cotidiano, solidão, arte, loucura, aceitação
e entendimento e trabalha pontos característicos da obra de Lispector, como o
vazio, o silêncio e o instante-já, "aquele momento único, que é como um
flash, um insight", explica a atriz. Para o monólogo, que ela também
dirige, passou dois anos mergulhada em longa pesquisa. A narrativa se constrói
a partir de trechos de entrevistas, depoimentos e correspondências. Segundo
Beth, toda essa ligação se dá por uma única linha: o amor. "Ela falava
sobre o amor maternal, o do relacionamento, o amor a Deus, à natureza, ao
próximo. Escolhi esse viés para apresentá-la ao público." Para a atriz, representar
Clarice Lispector é realizar um antigo desejo. "Eu sempre acalentei essa
vontade de um dia poder dar meu corpo, minha voz, minhas emoções para colocá-la
viva em cena."
A caracterização foi feita de
forma cuidadosa. Detalhes como a maquiagem ganharam tratamento especial de Beth
Goulart, que optou por um caminho neutro para passear livremente pela pele das
personagens e da autora. "O espetáculo todo é como se fosse uma grande
folha em branco a ser escrita por esses personagens, pelos movimentos, pelas
ações, pelos sentimentos, pela luz."
O Espetáculo
O espetáculo mostra a trajetória
desta mulher em direção ao entendimento do amor, de seu universo, suas dúvidas
e contradições. Uma autora e seus personagens dialogando sobre a vida e morte,
criação, Deus, cotidiano, palavra, silêncio, solidão, entrega, inspiração,
aceitação e entendimento. O texto é extraído de depoimentos, entrevistas,
correspondências de Clarice e trechos das obras: "Perto do Coração
Selvagem", "Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres" e os
contos "Amor" e "Perdoando Deus".
Encontro de Beth Goulart com
Clarice Lispector
O que me levou a fazer Clarice
Lispector no teatro foi o mistério do espelho, a identificação que sinto por
ela. Além da vontade de trazer mais luz sobre esta mulher que revolucionou a
literatura brasileira, redimensionou a linguagem falando do indizível com a
delicadeza da música, usando a escrita como uma revelação, buscando o som do
silêncio ou fotografar o perfume. “A arte é o vazio que a gente entendeu” diz
Clarice. Quero atingir o vazio de mim mesma para refletir a profundidade desta
mulher que conhece o segredo das palavras e suas dimensões.
O questionamento, é a busca
constante do artista diante de sua escolha, e, como ela, eu gosto de
intensidades. Há dois anos mergulhei num processo de pesquisa para escrever
este roteiro lendo tudo o que podia de sua obra e livros biográficos. Fiz dois
workshops com Daisy Justus uma psicanalista especializada em Clarice Lispector
que analisa sua obra sob a ótica da psicanálise. Vi e ouvi tudo o que podia
sobre ela, suas entrevistas, fotos, o depoimento no MIS, a entrevista póstuma
na TV Cultura, enfim me tornei uma esponja de tudo o que se referia a ela.
Neste olhar apaixonado escolhi sua obra para recontá-la.
Construí um corpo narrativo com
trechos de entrevistas, depoimentos e correspondências que preparam os
personagens que irão se apresentar ao público como desdobramentos dela mesma.
Os temas abordados são reflexões sobre criação, vida e morte, Deus, cotidiano,
palavra, silêncio, solidão, arte, loucura, amor, inspiração, aceitação e
entendimento. Clarice é muito pessoal em seus escritos e todos os seus
personagens tem algo de si mesma. Acho que Joana de “Perto do coração selvagem”
talvez seja a mais parecida com sua essência criativa e indomável. Ana do conto
“Amor” é a dona de casa e mãe dedicada que Clarice certamente foi. Lori de “Uma
Aprendizagem ou O livro dos prazeres” vive em cena as descobertas do amor e A
Mulher do conto “Perdoando Deus” é uma bem humorada autocrítica.
A Direção – Beth Goulart
Optei na direção por uma linha de
sutilezas e sugestões. Ao invés de estar maquiada como Clarice, escolhi uma
máscara neutra para poder me transformar nos outros personagens e voltar para
ela. Os personagens nascem pela energia de cada um, de dentro para fora e não
ao contrário, assim como o figurino com pequenos detalhes que se somam a uma
base também neutra. O cenário se utiliza do vazio essencial com os elementos
mais concretos demarcando as áreas de ação da autora deixando o vazio para seus
personagens. O tom de Clarice é mais narrativo, como uma conversa com o público
e seus personagens são mais ousados na linguagem corporal e na dramaticidade e
humor. A música ajuda na fluidez do espetáculo tornando tudo um movimento
contínuo que se estende do início ao fim. A luz é fundamental para delinear os
espaços e criar a magia das dimensões.
Os Parceiros + ficha técnica
A supervisão de direção é do
mestre Amir Haddad que irá questionar as escolhas da atriz e diretora para
atingir melhor o público e compartilhar a alegria do ato teatral. A trilha foi
criada por Beth e especialmente composta por Alfredo Sertã inspirada em Eric Satie, Arvo Part,
Debussy e Lalo Schifrin. A iluminação é de Maneco Quinderé. A direção de
movimento de Márcia Rubin é fundamental para a sutileza das transmutações e a
precisão de gestos e coreografias. Rose Gonçalves ajuda a visualização de cada
palavra em sua preparação vocal dando maior noção de tempo à narrativa. O
cenário de Ronald Teixeira e Leobruno Gama remete a ideia de um útero branco
que abraça todo o espaço cênico dando a neutralidade do vazio e a magia do
onírico. O figurino de Beth Filipecki com elegância e simplicidade aproxima
Beth de Clarice. As fotos são da italiana radicada no Brasil Fabian e de Lenise
Pinheiro. O visagismo das fotos é de Rose Verçosa. O visagismo do espetáculo é
de Westerley Dornellas. A programação visual de João Gabriel Carneiro e direção
de produção e assessoria de imprensa nacional são de Pierina Morais.
MAIS TEATRO EM ABRIL no TJA
Dia 10
UM TOC DE RISO - Espetáculo do
grupo TOC – Teatro Ópera Cabaret às 19h30 no Teatro Morro do Ouro (Anexo do
Theatro José de Alencar). Grátis. 12 anos. 1h30min. 90 lugares.
Dias 11, 16, 18, 23, 25
VISITA ESPETACULAR: Visita guiada
+ espetáculo O segredo de Cocachim – às 9h e 15h no Teatro Morro do Ouro (Anexo
do Theatro José de Alencar). *Para escolas públicas previamente agendadas.
Grátis. Livre. 90 lugares.
Dias 12, 19 e 26
CCBNB ARTE RETIRANTE : Dr. Qorpo
- Espetáculo do grupo Imagens de Teatro, às 19h na Sala de Teatro (Anexo do
Theatro José de Alencar). Grátis. 16 anos. 60 min. 100 lugares.
Dia 13
TJA CRIANÇA: Fabulosa -
Espetáculo da Cia Arteiro de Teatro, às 17h no Teatro Morro do Ouro (Anexo do
Theatro José de Alencar). Grátis. Livre. 60min. 90 lugares.
Dia 17 e 24
UM TOC DE RISO - Espetáculo do
grupo TOC – Teatro Ópera Cabaret às 19h30 no Teatro Morro do Ouro (Anexo do
Theatro José de Alencar) Grátis. 12 anos. 1h30min. 90 lugares.
Dias 19 e 20
HISTÓRIA DE ANDARILHOS -
Espetáculo do Grupo Teruá, às 17h no Teatro Morro do Ouro (Anexo do Theatro
José de Alencar). R$ 5 e 10. Livre. Duração: 60min. 90 lugares.
Dias 20 e 21
OS IMPOSTORES - Espetáculo do
Coletivo Encruzilhada, às 19h na sala de teatro (Anexo do Theatro José de
Alencar) R$ 5 e 10. Livre. 70min. 100 lugares.
Dias 20 e 21
SÃO MANUEL BUENO, MÁRTIR -
Espetáculo do Grupo Sobrevento (SP) - Tteatro de bonecos para adultos, às
19h30, no palco principal do Theatro José de Alencar. Grátis 16 anos. Duração:
85min. 60 lugares.
Dia 26
GÊNEROS TEATRAIS - Espetáculo do
Grupo de Teatro Representante de Vida (AC GTRV), às 19h30 no Teatro Morro do
Ouro - Anexo do Theatro José de Alencar. Grátis. Livre. 50 min.
Dias 27 e 28
A MÃO NA FACE - Espetáculo do
Grupo Bagaceira, às 19h, no palco principal do Theatro José de Alencar. R$ 15 e
30. 50min. 16 anos. 40 lugares.
PARA CONHECER O TJA
Teatro-monumento inaugurado em
1910, o Theatro José de Alencar tem uma porgramação de Visita Guada de terça a
domingo, voltada para público de todas as idades. São 40 horários para
percorrer o TJA com um guia que apresenta o 'mais exuberante exemplar da
arquitetura de ferro no Brasil', como é citado por estudiosos da área,
incluindo bastidores e rotinas de usos e ocupações. A Visita Guiada é um
percurso que varia de acordo com a programação do teatro centenário. Aos
domingos e feriados é realizada a Visita Guiada ao Jardim do TJA, projetodo
pelo paisagista Roberto Burle Marx.
SERVIÇOS:
Simplesmente eu, Clarice
Lispector, com Beth Goulart - Sábado (13.04) às 20h e domingo (14.04) às 19h no
palco principal do Theatro José de Alencar (Rua Liberato Barroso, 525, Praça
José de Alencar, Centro, Fortaleza). R$ 35 e 70. 12 anos. Duração: 70min. 750
lugares. Tel: (85)3101.2583.
Visita Guiada ao TJA - Terça a
sexta: 9h, 10h, 11h, 12h + 14h, 15h, 16h, 17h. Sábados, domingos e feriados:
14h, 15h, 16h, 17h. R$ 2 e 4. Grátis todo dia 17 e todo último domingo do mês.
Grátis sob prévio agendamento para escolas públicas e projetos sociais:
(85)3101.2567 e 3101.2568.
Visita Guiada ao Jardim do TJA -
Domingos e feriados: 14h, 15h, 16h, 17h. R$ 2 e 4. Grátis todo último domingo
do mês.