São Manuel Bueno – Foto: Marco
Aurélio Olímpio
Grupo Sobrevento (SP) São Manuel
Bueno, Mártir
Teatro de Bonecos Adulto
O GRUPO SOBREVENTO, um dos mais
destacados grupos brasileiros de teatro de bonecos, apresenta o seu novo
espetáculo, “SÃO MANUEL BUENO, MÁRTIR”, nos dias 20 e 21 de abril, sábado e
domingo, às 19h30, no Theatro José de Alencar (Rua Liberato Barroso, 525 –
Centro – Tel: 3101-2583). O espetáculo conta a vida do personagem Dom Manuel,
um padre que carrega, como um estigma, a dúvida de sua própria fé e da própria
existência de Deus. A peça tem ENTRADA GRATUITA. São 60 lugares por sessão e os
ingressos devem ser retirados uma hora antes.
A montagem, que estreou em São Paulo no dia 17 de
janeiro, é fruto do Projeto SOBREVENTO 25 ANOS: OBJETOS E IDENTIDADE,
patrocinado pela Petrobras por meio da Lei de Incentivo à Cultura. O Projeto
está sendo desenvolvido desde meados de 2011 e viabilizou a manutenção da sede
do Grupo, a apresentação do seu repertório, um Festival internacional, um
Festival nacional e a criação deste novo espetáculo, além de sua temporada em São Paulo e sua
circulação pelo país.
Além de apresentações, o
SOBREVENTO promove um debate sobre o processo de criação do espetáculo e uma
oficina de Teatro de Objetos.
Primeira encenação do melhor
romance de Unamuno
O texto foi escrito em 1930 pelo
poeta, filósofo e escritor Miguel de Unamuno (1864-1936), reconhecido, não só
pela qualidade de sua obra, mas também pelos sucessivos ataques à monarquia da
Espanha. Nunca antes encenado, “São Manuel Bueno, Mártir” transformou-se em uma
peça, dirigida ao público adulto, que conta a história de Dom Manuel (vivido
por Maurício Santana), um padre que duvidava da vida após a morte e da própria
existência de Deus. Através da narrativa confessional e em primeira pessoa de
Ângela (Sandra Vargas), o texto embrenha-nos no drama íntimo do pároco, que
está prestes a ser beatificado. Lázaro (Luiz Cherubini), irmão de Ângela, acaba
de voltar dos EUA para a pequena cidade onde nasceu e tenta convencer Ângela a
ir embora daquele lugar onde, segundo o personagem, “as mulheres mandam nos
homens e os padres mandam nas mulheres”. Mas ela se recusa, convencida de que
há questões a serem resolvidas por lá. A
trama gira em torno do relacionamento desses três personagens: Ângela ganha
profunda admiração e gratidão por Dom Manuel, que se transforma, de um mártir,
em uma espécie de santo, apesar – ou justamente por causa – de sua dúvida e
falta de fé.
Miguel de Unamuno: a fé cega e a
faca amolada
Polêmico, Miguel de Unamuno
(Bilbao, 1864 – Salamanca, 1936) foi filósofo, ensaísta, dramaturgo, romancista
e poeta: sua obra literária gira em torno de três temas dominantes: o homem, a
imortalidade e a Espanha. Paradoxal e contraditória, sua visão particular do
mundo e a defesa apaixonada das suas ideias transformaram-no no centro de todas
as polêmicas políticas e religiosas de seu tempo. Entre suas obras, destacam-se
A Tia Tula, A Vida de Dom Quixote e Sancho e Niebla. Era praticamente uma
versão real do próprio Dom Manuel: era
um cético, mas tinha muita fé; criticava a Igreja e a fé cega, mas defendia que
não poderíamos ser totalmente descrentes. “Chegamos a um espetáculo muito
simples e muito delicado. Não queremos, nele, fazer uma demonstração de
virtuosismo; não queremos impressionar, surpreender; não queremos falar da
força, da vitalidade, da modernidade do Teatro de Animação; mas expor as nossas
dúvidas, as nossas angústias, as nossas questões, a nossa fragilidade. A dúvida
- que é o cerne deste espetáculo e do próprio texto que lhe deu origem – é,
para nós, a melhor contribuição que o Teatro de Animação pode dar ao Teatro e
que nós, artistas, podemos oferecer ao público”, explica Luiz André Cherubini,
ator e diretor do espetáculo.
Uma montagem muito pouco ortodoxa
A montagem realizada pelo
Sobrevento é pouco ortodoxa. Acontece em
uma arena ocupada por uma mesa redonda, que representa o mundo. No centro dela,
bonecos de madeira estáticos, fixos, sem qualquer articulação, confeccionados
pelo escultor Mandi. São pelo menos 30 bonecos que representam os personagens
da trama e o povo da pequena cidade onde se desenrola a história. Os três
atores-manipuladores, representando os personagens Dom Manuel, Angela e Lázaro,
movimentam estes bonecos como se fossem peças de xadrez ou figuras de um
presépio. A trilha sonora do espetáculo, realizada ao vivo, foi criada
especialmente pelo pernambucano Henrique Annes, um dos fundadores do Movimento
Armorial, virtuoso do violão recifense e que comemora os seus 50 anos de carreira.
A música de Annes, que transita entre o erudito e o popular, é executada por
três músicos, ao violão, violoncelo e bandolim. “Ao longo do espetáculo, as
figuras (bonecos) vão perdendo a sua forma, se decompondo, ficando cada vez
mais distantes do figurativismo original, como em um livro, molhado pela água.
O jogo de movimentação das figuras lembra um jogo de criança ou às vezes uma
maquete, mas não há uma manipulação propriamente dita ou uma técnica de
animação”, diz a atriz Sandra Vargas. Os espectadores presenciam um jogo,
invadem a intimidade da cena e formam uma espécie de assembléia. O espaço
cênico é uma espécie de poço escuro e o tampo da mesa é o próprio palco do
espetáculo.
Esta é a 19ª montagem do Grupo
Sobrevento, com 26 anos de carreira e um
dos maiores expoentes brasileiros do Teatro de Animação. O espetáculo conta,
ainda, com a delicada iluminação de Renato Machado, uma instalação cênica de
abertura (que leva o nome de Povo Frágil) do renomado artista plástico italiano
Antonio Catalano, ambientação e orientação cenográfica de Telumi Hellen,
figurino de João Pimenta, preparação cenotécnica e mecanismos de Agnaldo Souza
e encenação de Luiz André Cherubini, que atua no espetáculo ao lado de Maurício
Santana e Sandra Vargas.
O Grupo Sobrevento
O SOBREVENTO é um Grupo de Teatro
profissional, formado em 1986, que busca apresentar, experimentar, desenvolver,
inovar, aperfeiçoar, difundir, multiplicar, valorizar, fortalecer, ensinar,
aprender e estudar o Teatro de Animação. É reconhecido, nacional e
internacionalmente, como um dos maiores especialistas brasileiros da área. O
Grupo tem, hoje, dez espetáculos em repertório – destinados a diferentes
públicos e espaços – com os quais ganhou alguns dos Prêmios mais importantes do
país. Em suas andanças, viajou por todo o Brasil, do Acre ao Rio Grande do Sul,
e apresentou-se em mais de uma centena de cidades não só do Brasil, mas também
da Espanha, Irlanda, Escócia, Argentina, Chile, Colômbia, Angola, Suécia,
Estônia, México e Irã.
O Teatro de Bonecos para adultos
O Teatro de Animação moderno é
uma ampliação dos limites que o senso-comum estabeleceu, preconceituosa e
equivocadamente, para o Teatro de Bonecos. Espalhado por todas as épocas e por
todos os lugares do mundo, o Teatro de Animação funde linguagens cênicas,
mistura modernidade e tradição, mistura erudição e popularidade, tem como palco
qualquer espaço e tem como alvo públicos de todas as idades e grupos sociais,
um de cada vez ou todos de uma só vez. Em São Paulo, no entanto, vemos poucos espetáculos
que exploram a linguagem do Teatro de Animação para adultos, por sua
inviabilidade econômica, o que, muitas vezes, não acontece quando o Teatro de
Animação se dirige ao público infantil. O SOBREVENTO é um dos poucos Grupos de
Teatro de Animação do Brasil que se têm dedicado ao público adulto e, sempre,
com grande profundidade e êxito. O Grupo tem lutado por difundir a ideia de que
o Teatro de Bonecos deve ser antes Teatro e depois de Bonecos e que toda
técnica deve estar a serviço daquilo que se quer dizer. Dominando um grande
número de técnicas de animação, o Grupo montou, entre outros, os espetáculos
SUBMUNDO, UBU!, O THEATRO DE BRINQUEDO, BECKETT, O CABARÉ DOS QUASE-VIVOS,
QUASE NADA e ORLANDO FURIOSO, apresentados em quase todos os estados do Brasil
e em países de quatro continentes.
Ficha técnica
Texto: Miguel de Unamuno. Direção
e Dramaturgia: Luiz André Cherubini e Sandra Vargas. Elenco: Sandra Vargas,
Luiz André Cherubini, Maurício Santana, Rafael Brides ou Carlos Amaral
(violão), William Guedes (bandolim) e Marina Estanislau ou Jorge Santos
(violoncelo). Composição Musical Original: Henrique Annes. Cenário: Luiz André
Cherubini. Supervisão Cênica e Ambientação Cenográfica: Telumi Helen. Figurino:
João Pimenta. Iluminação: Renato Machado. Cenotécnico e Técnico de Som: Agnaldo
Souza. Técnico de Iluminação: Marcelo Amaral. Esculturas dos Bonecos: Mandi.
Instalação no Foyer: Povo Frágil, de Antonio Catalano, e A Árvore da Fé, de
Agnaldo Souza e Mandi. Assistente de Confecção (Povo Frágil): Valerio Catalano.
Preparação Vocal: Alessandra Cino. Preparação Corporal: Marcelo Paixão. Direção
de Produção: Grupo Sobrevento. Produção Executiva: Lucia Erceg. Programação
visual: Marcos Correa | Ato Gráfico. Fotógrafo: Marco Aurélio Olimpo.
MAIS TEATRO EM ABRIL no TJA
Dias 16, 18, 23, 25
VISITA ESPETACULAR: Visita guiada
+ espetáculo O segredo de Cocachim – às 9h e 15h no Teatro Morro do Ouro (Anexo
do Theatro José de Alencar). *Para escolas públicas previamente agendadas.
Grátis. Livre. 90 lugares.
Dias 19 e 26
CCBNB ARTE RETIRANTE : Dr. Qorpo
- Espetáculo do grupo Imagens de Teatro, às 19h na Sala de Teatro (Anexo do
Theatro José de Alencar). Grátis. 16 anos. 60 min. 100 lugares.
Dia 17 e 24
UM TOC DE RISO - Espetáculo do
grupo TOC – Teatro Ópera Cabaret às 19h30 no Teatro Morro do Ouro (Anexo do
Theatro José de Alencar) Grátis. 12 anos. 1h30min. 90 lugares.
Dias 19 e 20
HISTÓRIA DE ANDARILHOS -
Espetáculo do Grupo Teruá, às 17h no Teatro Morro do Ouro (Anexo do Theatro
José de Alencar). R$ 5 e 10. Livre. Duração: 60min. 90 lugares.
Dias 20 e 21
OS IMPOSTORES - Espetáculo do
Coletivo Encruzilhada, às 19h na sala de teatro (Anexo do Theatro José de
Alencar) R$ 5 e 10. Livre. 70min. 100 lugares.
Dia 26
GÊNEROS TEATRAIS - Espetáculo do
Grupo de Teatro Representante de Vida (AC GTRV), às 19h30 no Teatro Morro do
Ouro - Anexo do Theatro José de Alencar. Grátis. Livre. 50 min.
Dias 27 e 28
A MÃO NA FACE - Espetáculo do
Grupo Bagaceira, às 19h, no palco principal do Theatro José de Alencar. R$ 15 e
30. 50min. 16 anos. 40 lugares.
PARA CONHECER O TJA:
Teatro-monumento inaugurado em
1910, o Theatro José de Alencar tem uma porgramação de Visita Guada de terça a
domingo, voltada para público de todas as idades. São 40 horários para
percorrer o TJA com um guia que apresenta o 'mais exuberante exemplar da
arquitetura de ferro no Brasil', como é citado por estudiosos da área,
incluindo bastidores e rotinas de usos e ocupações. A Visita Guiada é um
percurso que varia de acordo com a programação do teatro centenário. Aos
domingos e feriados é realizada a Visita Guiada ao Jardim do TJA, projetodo
pelo paisagista Roberto Burle Marx.
SERVIÇO:
SÃO MANUEL BUENO, MÁRTIR – 20 e
21 de abril, sábado e domingo, às 19h30, no Theatro José de Alencar (Rua
Liberato Barroso, 525, Centro) Tel: 3101-2583. 60 lugares. GRÁTIS. Ingressos: uma hora antes, na
bilheteria. Não recomendado para menores de 18 anos.
OFICINA TEATRO DE OBJETOS E IDENTIDADE, com o
GRUPO SOBREVENTO – dias 20 e 21 de abril, sábado e domingo, das 14h às 17h, no
mesmo local. Inscrições pelo e-mail info@sobrevento.com.br ou presenciais no
Theatro José de Alencar (Rita ou Bruno). Tel: (85)3101.2583 ou 3101.2567.
Visita Guiada ao TJA - Terça a
sexta: 9h, 10h, 11h, 12h + 14h, 15h, 16h, 17h. Sábados, domingos e feriados:
14h, 15h, 16h, 17h. R$ 2 e 4. Grátis todo dia 17 e todo último domingo do mês.
Grátis sob prévio agendamento para escolas públicas e projetos sociais:
(85)3101.2567 e 3101.2568.
Visita Guiada ao Jardim do TJA -
Domingos e feriados: 14h, 15h, 16h, 17h. R$ 2 e 4. Grátis todo último domingo
do mês.