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quarta-feira, 1 de abril de 2020

ARTIGO DE OPINIÃO] Religiosidade, Terapia Ervanária e Saúde Coletiva: reflexão sobre o valor do saber popular para o bem-estar das pessoas


 
As terapias tradicionais ervanárias são um forte exemplo de conservação e respeito às práticas da medicina popular que utiliza as plantas como principal instrumento de cura. Nelas, o homem é visto em todas as suas dimensões em que trata o corpo e, especialmente, o espírito, escapando assim do paradigma biomédico praticado hoje. Esta prática, efetivamente, faz parte da rotina das pequenas cidades brasileiras que com o êxodo rural promovem sua expansão e sua valorização na metrópole. Atualmente, os fundamentos desse conhecimento (natureza versos crença) são mais aceitos pela Biomedicina.

Como tratamento complementar à terapia tradicional, tem-se a busca pela saúde pelas medicinas alternativas que caminham num processo constante de evolução e de equilíbrio pessoal nos princípios da energia do cosmo pelas intenções, pelos chás, pelos banhos e pelas terapias naturais, bem como numa troca de sabedoria e energia vital. Para isso, usam o poder do universo, associado com a fé, para atingir seu bem-estar e promover a sua saúde.

Os espaços terapêuticos populares podem ser parceiros na promoção e na educação sanitária, pois precede a participação de uma diversidade de pessoas, conduzida para a qualidade de vida, para o autocuidado e para conscientização civil, isso num contexto sociocultural potencializado em uma vida comunitária coletiva. Essa ótica carrega em si princípios humanitários e de luta por igualdade. Naturalmente, foram expressas e marcadas ao longo do caminho de construção do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.

Em congruência, caminha a visão da saúde coletiva, que depende de um conjunto complexo de ações que visa capacitar a comunidade para o controle do processo saúde-doença, contribuindo para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, enfatizando a importância da prevenção de doenças e a promoção da saúde. Isso respeita e capacita o indivíduo para melhor adesão ao tratamento e a sua consequente cura. Tais reflexões abordam também que a causalidade das doenças, englobando dimensões que não são enfatizadas pela Medicina e permitem desempenhar outras funções que não o próprio terapêutico.

O entendimento fitoterápico popular, com seu credo e sua devoção religiosa e nativa ascendente promove bem-estar social, dinâmica esta que respeita as terapias tradicionais médicas. Nesse contexto, faz-se necessário, cada vez mais, complementar a Biomedicina com os tratamentos paralelos, considerando, assim, a singularidade de cada pessoa e, nesse pensamento, analisando a saúde coletiva equilibrada no que se refere à melhoria e à qualidade de vida de toda a população.

Tais ponderações propiciam inquietudes que podem excitar investigações biomédicas vindouras que pondera outras dimensões religiosas da cosmovisão africana, ainda insuficientes ou jamais pesquisadas, proporcionando colaborações para o enriquecimento dos costumes e das atividades das sabedorias nativas brasileiras, como a indígena e a afrodescendente.

Prof. Me. Alexandre Pinheiro Braga
Professor do Curso de Farmácia da UniAteneu
Doutorando e mestre em Saúde Coletiva


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