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quinta-feira, 14 de maio de 2020

ARTIGO] Os desafios da Educação Brasileira para a igualdade de gênero



As reflexões sobre a Educação Brasileira perpassam a relação com os aspectos históricos, sociais, culturais, econômicos e políticos, pois é no contexto da sociedade que as relações acontecem e no âmbito da educação onde os padrões são mediados. Dessa forma, as transformações societárias se articulam, inevitavelmente, às mudanças educacionais, pois esse processo incide sobre o desenvolvimento humano, a formação pessoal, profissional e os avanços tecnológicos de um território, de povo, de uma nação.

Ao observar a história do Brasil, quanto ao aspecto da Educação, identificam-se as tentativas e a efetivação de modelos de ensino distintos, com intervenção diferente diante da classe social, raça/etnia e gênero. As mulheres tiveram acesso ao ensino formal tardiamente, em comparação aos homens. Contudo, o espaço de reprodução dos costumes, crenças e valores foram reproduzidos pelas mulheres nas famílias, comunidades e instituições.

A desigualdade de gênero como reflexo de uma educação sexista pode ser identificada no acesso, apropriação e ocupação dos espaços para homens e mulheres em diversos espaços: no âmbito doméstico; nas escolas, com a grande presença e participação das professoras; nas universidades, com a presença feminina vinculada ao tipo de profissão; e nas organizações, com ocupações diversificadas. Pensar a Educação no Brasil, sobre a desigualdade de gênero exige um deslocamento de compreensão e, principalmente, demanda um posicionamento e atitude de mudanças diante dos contextos.

A presença feminina nas instituições de ensino vinculada à formação difere no objetivo da ocupação masculina nesses lugares. Nos lares e nas famílias, a educação das mulheres atendeu à manutenção do patriarcado, da cultura machista, sexista e opressora. No âmbito público, as oportunidades oferecidas, o acesso ao ensino e à formação acadêmica e profissional priorizou o lugar para os homens, especialmente, ricos, brancos e heterossexistas. Isso permite observar como os espaços de poder e decisão foram legitimados e privilegiados aos homens, ficando o campo do privado e doméstico, de manutenção e reprodução social direcionado às mulheres.

Nessa perspectiva, a identidade feminina vinculada aos cuidados e à educação dos filhos esteve inalterada por muito tempo. Contudo, essa condição se modificou com a mobilização pelos direitos das mulheres e se constituiu uma ruptura e superação de padrões desiguais. Contribuir para uma educação sem desigualdade de gênero, discriminação e sexismo demanda estratégias de articulação e rompimentos, diversificada e implementada em várias áreas.

É preciso intervir e desconstruir mitos e estereótipos na família, nas escolas, nas comunidades, nas organizações e nas universidades. É necessário ecoar sobre a apropriação e o sentimento de pertença de que a educação para o desenvolvimento humano parte da valorização da vida e do respeito a todos e todas, fluir a noção de que é possível educar sem exclusão, opressão e alienação. Nesse caminho, não deve existir concorrência ou disputa. O convite é para a equidade, disseminando uma nova proposta relacional, pautada na resistência, na resiliência e na ressignificação.

A construção coletiva pela educação libertária de qualidade para todos e todas perpassa interesses individuais diversos. A atual fragmentação fragiliza a articulação, a luta e a defesa da educação como direito, como espaço de emancipação. A reivindicação para a igualdade de gênero precisa ser articulada com diversos atores e atrizes sociais, no processo de busca da autonomia, de ações para conscientização, de socialização para o empoderamento e de efetivação do protagonismo.

A atuação sobre a realidade cotidiana encontra-se conectada com a elaboração do simbólico, ao nível das relações entre os homens e mulheres, pois são os sentidos vividos e os significados apreendidos que mantém a lógica que rege a sociedade. É possível acreditar, transformar e efetivar o caminho para uma educação não sexista, sem discriminação e que promova a igualdade de gênero, uma sociedade mais justa, democrática e sem violações aos seres humanos.

Profª. Ma. Maria Helena Rodrigues Campelo
Coordenadora do Curso de Psicologia da UniAteneu
Doutoranda e mestra em Educação

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