Créditos das imagens: Capa: Editora Moinhos / Autores: Nicolas Gondim
O Livro Farol é resultado das
atividades do Ateliê de Narrativas Socorro Acioli, promovido pela Livraria
Cultura desde março deste ano. Vinte e nove escritores participam da coletânea
de contos. Todos as histórias são ambientados no Ceará.
O próximo dia 16 de novembro será
especial para a turma de formandos do Ateliê de Narrativas Socorro Acioli, da
Livraria Cultura. O livro de contos
Farol, fruto das oficinas de escrita de nível intermediário, será lançado ao
público, na Livraria Cultura, às 19 horas, pela Editora Moinhos.
Aos 75 anos, a física e advogada
Ana May é uma das autoras. A experiência de vida não lhe tira o friozinho na
barriga de ter sua escrita literária publicada pela primeira vez. Para ela, a
escrita a conecta com as mudanças do tempo. “Penso que o viver só tem a
acrescentar ao ato de escrever. Escrevendo me incluo na atualidade”, reflete.
Uma atualidade que Belle Leal,
com 14 anos, a mais jovem da turma dos contistas, conhece bem. A garota já
publicou dois livros juvenis e reconhece que os caminhos da literatura são
possíveis como profissão, ainda que seja apaixonada pela Medicina. “Eu penso
muito nisso. Não sei como seria minha vida sem escrever e também não sei como
seria meu futuro sem a medicina. Minha mãe fala que eu posso levar as duas
carreiras se eu me organizar. Então, eu penso nisso e o Farol me deu um
gostinho de que é realmente possível”, alegra-se Belle.
Para a escritora Socorro Acioli,
mentora dos iniciados e iniciantes escritores do seu Ateliê, é na diversidade
que se encontra a grande riqueza humana e literária da turma. Para ela, o
respeito a essa diversidade, ao estilo, aos sonhos, aos desejos de cada aluno
norteou seu trabalho como orientadora. “Esses alunos entraram no curso para
aperfeiçoar o tipo de texto que cada um quer escrever, sem fórmulas, sem
receita de bolo, cada um do seu jeito, com o texto no seu tempo”, destaca.
O Ateliê
O Ateliê de Narrativas nasceu a
partir da parceria de Socorro, já consagrada no Mercado, com a Livraria
Cultura. Os encontros aconteceram de março a junho deste ano, mas planejados
desde quando a escritora escolheu para si a profissão na literatura. “Meu primeiro
Ateliê foi em 2009, em Cabo Verde. A partir de então, venho desenvolvendo
várias possibilidades de criar esse espaço de convivência e de escrita
orientada para pessoas que querem escrever diversos tipos de textos, literários
ou não literários. O Ateliê surgiu para dar para outras pessoas aquilo que eu
desejei tanto alguns anos antes, que é ter um espaço de formação para
aperfeiçoar a escrita”, relembra.
A produção da turma que se
encontrou no Ateliê e resultou no livro
Farol não parou. Logo que o módulo intermediário foi concluído, em junho, a
pedido dos próprios estudantes, formou-se a turma avançada, cujos encontros
foram finalizados neste outubro. O resultado dessas tardes de sábado vividas na
Livraria Cultura foram romances prontos ou já bem encaminhados, como o do
economista Marcelo Lettieri, 47 anos , também um dos autores da coleção de
contos do Farol. Ele conta que o Ateliê foi o empurrãozinho que faltava para
tirar projetos antigos da gaveta. “Sem o Ateliê, ainda estaria no campo das ideias.
Graças ao Ateliê, já existe um projeto [de romance] bem delineado, uma ampla
pesquisa, o prólogo e partes de dois capítulos”, comemora.
O Farol não é a primeira
coletânea que Socorro Acioli organiza como resultado de suas oficinas de
Escrita. Em 2014, o Contos de Travessia foi lançado também como finalização de
uma série de oficinas de escrita criativa, realizado em 2013, pela Fundação
Demócrito Rocha, e ajudou a consolidar o
formato na jornada formativa de Socorro. A escritora Bárbara Furtado acompanha
as iniciativas desde essa época. Ela publicou no Contos da Travessia e publica
agora no Farol. “Bom, com certeza, a diferença, pra mim, foi o grupo com que o
Farol aconteceu! Como todos se tornaram extremamente unidos e amigos. Um
‘coletivo de almas’, mesmo”, resume.
O sentimento da Bárbara é
reafirmado por Marcelo Lettieri quando este define a noite de lançamento da
coletânea Farol. “Um misto de surpresa, alegria e euforia. Estar ao lado de
amigos talentosos, cuja amizade fora consolidada tão rapidamente e no próprio
contexto da produção literária de todos, é uma experiência única. Espero que
seja só a primeira de muitas experiências coletivas desse grupo maravilhoso”,
planeja.
A necessidade de uma formação
como escritor
Uma das frases emblemáticas que
conduziram os estudantes no decurso do Ateliê de Narrativas foi “a história que
só você pode contar”. Socorro Acioli acredita que todos somos narradores e que
é sempre necessário o trabalho de técnicas de escrita que aprimorem o escritor
e lhe dê condições de contar a própria história.
Para ela, a diferença entre ser
um narrador e produzir um texto literário está na formação desse escritor, como
uma ponte que precisa ser atravessada. “A formação passa, primeiro, pela
leitura. Os cursos, como o Ateliê de Narrativas, os cursos de Letras,
faculdades com temáticas relacionadas à escrita, como Jornalismo, são de imensa
ajuda para orientar um talento nato que cada um deve trazer”, enumera. Ela
compartilha com o senso comum de que para alguns é mais fácil escrever do que
outro, “isso é uma coisa que eu não posso dizer que não existe”, mas enfatiza
que não é só do talento que se faz um bom escritor. “Existe a determinação, a
disciplina, o esforço em sentar todo o dia e escrever um pouco porque escrita é
trabalho”, defende a escritora já inúmeras vezes premiada, em quase 20 anos de
profissão.
A Editora Moinhos
Logo que pensaram na publicação
física de um livro de contos houve a preocupação pela editora que o publicaria.
Socorro Acioli diz que a escolha pela Moinhos foi pela confiança na editora que
vem ganhando espaço no mercado pela qualidade de suas publicações. Nathan
Matos, editor da Moinhos, diz que viu no Farol uma boa oportunidade de conhecer
novos e talentosos escritores. Segundo ele, 85% dos originais que lhe chegam
são preocupantes.
“Não vou dizer que é de
"baixa qualidade" porque o que vejo, às vezes, são ideias boas, mas
mal executadas. Parece que muita gente não quer escrever, ou só quer escrever
para aparecer. Tem ânsia em publicar. Evidente, pode haver os excepcionais, mas
em grande parte do que recebo percebo que, talvez, se tivessem passado por uma
oficina de escrita criativa, ou se tivessem ouvido mais as críticas que lhes
fazem e tivessem um pouco menos de orgulho, poderiam voltar ao texto e fazer
algo que agrade não apenas a si”, analisa Nathan.
Além do contato com escritores
promissores, Nathan ressalta que o que lhe chamou atenção no Farol foi a
disponibilidade de se escrever muito bem sobre aspectos que são a cara da nossa
região.
Parceria com a Livraria Cultura
É a primeira vez que um Ateliê de
escrita é realizado em Fortaleza, pela Livraria Cultura. Antes, somente as
lojas de São Paulo, Brasília e Porto Alegre ofereceram aos amantes da escrita
uma oportunidade como essa. O orientador pedagógico e captador de recursos da
Livraria Cultura Renato Costa comemora
os resultados do Ateliê de Fortaleza. “A parceria tem sido profícua. Socorro
conhece muito da Cultura, a gente tem uma relação muito boa com ela. Tudo que
fazemos com ela dá super certo”.
De acordo com Renato, a
publicação do livro já era algo sonhado. Conforme explica Socorro, a princípio
como digital, depois, a partir do engajamento da turma, como uma edição física.
O Farol, completa Renato, acaba atuando como um motivador para os próximos
passos, um portfólio de muita qualidade para cursos que devem ser divulgados em
breve. O livro Farol vai ser disponibilizado para venda na Livraria Cultura
durante e depois do lançamento, no dia 16 de novembro.
SERVIÇO:
LANÇAMENTO DO LIVRO FAROL
Quando: Dia 16 de novembro, às 19
horas, na Livraria Cultura (Avenida Dom Luís, 1010 - Meireles - Piso 1 - Loja
8).
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