Neste ano, serão 24 espaços do
Centro Dragão do Mar e Praia de Iracema, recebendo atrações em diversas
linguagens artísticas, de 25 a
30 de abril. Festival comemora o aniversário do centro cultural, que, em 2017,
conquista 18 anos de história como lugar referência da difusão, formação e
criação artística do Ceará
A Maloca Dragão celebra o
aniversário do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura que, no dia 28 de abril
de 2017, completa 18 anos a serviço da democratização do acesso à arte e à
cultura, no Ceará. Além de marcar os anos de história de um dos maiores centros
culturais do País – são 1,8 milhão de visitantes ao ano –, o festival chega à
quarta edição com mais de 130 atrações cearenses, nacionais e internacionais em
uma semana de celebração e reafirmação da força cultural e artística do Ceará.
Neste ano, a Maloca Dragão será
realizada de 25 a
30 de abril em 24 espaços do Centro Dragão do Mar e Praia de Iracema. Ponto
alto dos esforços de uma inédita política pública de cultura do Governo do
Estado do Ceará, o festival oferece à população uma programação totalmente
gratuita e que contempla as mais variadas linguagens, constituindo um panorama
rico e diverso da produção artística do Estado e também das experimentações de
vanguarda da produção nacional.
Entre as mais de 130 atrações, há
shows musicais, espetáculos de teatro, dança e circo, apresentações da cultura
popular e literatura, intervenções e performances de arte urbana, feiras de
moda, design e gastronomia. A diversidade de linguagens artísticas da Maloca
Dragão 2017 vai ainda além com a Mostra Cinema Documental: Fronteiras e
Verdades, no Cinema do Dragão, de 26
a 29 de abril; e a exposição fotográfica O fotógrafo
Chico Albuquerque, 100 anos, que abre o festival, no dia 25, às 19h, no Museu
de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE). A programação de artes cênicas se
inicia no dia 27 de abril e as demais atrações concentram-se nos dias 28, 29 e
30 do mesmo mês.
Chico Albuquerque e It’s All True
A Maloca Dragão terá, pela
primeira vez, um viés temático a partir de exposição inédita, percorrendo ainda
mostra de cinema, parte das apresentações artísticas e a cenografia do
festival. O tema “It's All True, Orson Welles – 100 anos de Chico Albuquerque”
faz referência ao filme que o cineasta norte-americano Orson Welles gravou no
Ceará, It's All True (É Tudo Verdade), e à mostra “O fotógrafo Chico
Albuquerque, 100 anos”, que abre o festival este ano.
Inacabado, o filme narra a saga
de quatro jangadeiros que, em 1961,
a bordo de uma frágil jangada, partiram rumo ao Rio de
Janeiro – então capital federal – para entregar reivindicações trabalhistas dos
pescadores diretamente ao presidente Getúlio Vargas. Registrando em imagens as
gravações que reviveram, em 1962, momentos daquela histórica cruzada, estava o
ainda jovem fotógrafo cearense Chico Albuquerque, que, depois dali, se tornou
um dos mais influentes fotógrafos do modernismo brasileiro. Ele faria 100 anos
em 2017.
Costurados, esses elementos se
traduzem na metáfora da saga incansável pelo reconhecimento do campo artístico
e cultural do Ceará. “Assim como o campo cultural cearense, os heróis
jangadeiros filmados por Orson Welles estavam na luta pelo reconhecimento do
trabalho, da vida, da dedicação deles”, explica o presidente do Instituto
Dragão do Mar, o antropólogo e jornalista Paulo Linhares. Por isso, segundo
ele, é importante assumir esse tema, nesta edição da Maloca. “Já que a Maloca
já se constituiu como esse ritual anual que mobiliza a cidade, conferindo
prestígio social ao campo artístico, é importante dar um próximo passo e usar
esse momento para discutir e pensar as profundas questões culturais daqui”,
diz.
A “mostra-tema” do festival traz
mais de 400 imagens realizadas em diferentes fases da trajetória artística do
fotógrafo cearense Chico Albuquerque. “Seu Chico” foi o responsável pela série
Mucuripe, que projetou a costa cearense no cenário nacional. Além disso, Chico
Albuquerque fez incursões sobre a fotografia publicitária, de paisagem e de
arquitetura. As obras expostas pertencem ao acervo particular da família de
Chico Albuquerque e ao acervo do Instituto Moreira Sales.
No dia 25, a abertura da exposição
será acompanhada da instalação “Jangadeiros”, do ilustrador, grafiteiro e
artista plástico Rafael Limaverde, e do show “Quatro homens e uma jangada”, uma
performance sonora visual criada por Eric Barbosa que, junto dos músicos
Guilherme Mendonça e Julio César Santana Pepeu e o artista visual Dimitri
Lomonaco, realizam uma reinterpretação audiovisual do filme de Orson Welles.
A mostra ficará em cartaz até o
dia 2 de julho de 2017, no MAC-CE, com acesso gratuito e visitação de terça a
sexta, das 9h às 19h (acesso até as 18h30) e aos sábados, domingos e feriados,
das 14h às 21h (acesso até as 20h30).
Mostra de cinema
Realidade e ficção se misturam no
cânone de Orson Welles. Inspirada nesse contexto, a Mostra Cinema Documental:
Fronteiras e Verdades, apresentada pelo Cinema do Dragão, de 26 a 29 de abril, traz à tona
obras audiovisuais que cruzam temáticas centrais do documentário brasileiro e
mundial. A busca por uma identidade nacional, a convergência entre os registros
documentais e ficcionais, a alteridade, a criação de narrativas através de
olhares estrangeiros e questões de cunho político dão o tom das provocações
fornecidas pela mostra.
Exibidos gratuitamente, os filmes
atravessam essas temáticas em diferentes contextos políticos, narrativos e
estéticos. Além disso, haverá espaço para as tradicionais atividades de
formação e debate oferecidas pelo Cinema do Dragão, com participação de
antropólogos e cineastas convidados. Seminários e conversas devem discorrer
sobre a construção da identidade cearense através dos olhares estrangeiros e
sobre os embates entre documentário e ficção no cinema brasileiro.
Quem abre a programação, no dia
26 de abril, às 19h30, é o longa BARONESA, uma mistura entre documentário e
ficção, ganhador do Troféu Barroco, dado pelo Júri da Crítica, na 20ª Mostra de
Cinema de Tiradentes. O longa-metragem registra a rotina de duas amigas,
Andreia e Leidiane, que vivem no bairro Vila Mariquinha, em Belo Horizonte. Com
uma câmera muito próxima das personagens, o filme aborda a experiência de ser
mulher em um bairro de periferia. A sessão contará com a presença da
realizadora Juliana Antunes.
Entre as exibições, a Mostra
apresenta ainda a Série Vidas na Orla, sob direção do antropólogo e professor
Alexandre Fleming. Realizadas em parceria com a TVC, o Instituto Dragão do Mar
e o Laboratório de Estudos da Oralidade da Universidade Federal do Ceará (UFC),
a série consiste em um experimento etnográfico sobre a diversidade de
experiências na orla fortalezense. Abrangendo três territórios importantes de
nossa capital – a Barra do Ceará, o Poço da Draga e a Beira-Mar – os filmes
buscam figurar a diversidade de um povo criado à beira do mar, as resistências
locais, as benesses e desventuras do viver urbano.
A série é composta por três
filmes, de 26 minutos cada. São eles: Marco Zero (sobre a Barra do Ceará), Dia
de Vo(l)tar (Poço da Draga) e Arte itinerante (Beira-Mar).
Arte cearense no mapa
A programação da Maloca Dragão é
composta por atrações convidadas, pelas selecionadas através de Chamamento
Público e pelos espetáculos e shows desenvolvidos nos Laboratórios de Criação
do Porto Iracema das Artes, escola de formação e criação artística do Instituto
Dragão do Mar. “A escolha das atrações foi realizada pela direção do Dragão do
Mar junto de curadores convidados em cada uma das linguagens artísticas
envolvidas. O objetivo foi realizar um recorte com produções inéditas no
festival e que dessem conta da pluralidade do atual panorama da arte cearense”,
define o diretor de Ação Cultural do Dragão, João Wilson Damasceno.
Cerca de 75% da programação do
festival é composta pelos projetos artísticos selecionados no Chamamento
Público, realizado de 6 a
20 de março, por meio da plataforma digital do Mapa Cultural do Ceará. As
inscrições foram abertas a projetos de artistas cearenses ou residentes no
Estado nas seguintes linguagens: música, teatro, dança, circo, arte urbana,
cultura popular e literatura. Nesta edição, foram 703 inscrições entre projetos
artísticos e profissionais da área de Produção Cultural, número 118% maior que
o do ano passado.
Dentre os trabalhos totalmente
inéditos selecionados a partir do chamamento público, estão os lançamentos de
discos de Lavage, com o álbum "Zombie Walk"; Oscar Arruda, com
"Egomaquia"; Andersoul, com "Racional"; Mad Monkees, com
álbum homônimo; Maria Ó, com "Dança Três"; Nafandus, com
"Unbreakble"; Nego Gallo, com "Baile do Gallo"; e Camila
Marieta, com o pré-lançamento do disco "Tropeço no meio-fio".
João Wilson também destaca a
ampliação da participação dos grupos do interior do Estado, por conta da
facilidade de inscrição proporcionada pelo chamamento público. “A região do
Cariri e a cidade de Sobral, por exemplo, participaram principalmente com
projetos artísticos em música. Já a dança veio dos municípios de Paracuru e
Itapipoca. Avalio que consolidar a Maloca Dragão é também construir um panorama
da arte do Ceará, a cada edição, mais integrado”.
Os projetos concebidos no Porto
Iracema das Artes somam 11 atrações: Nayra Costa, Projeto Rivera, Erivan
Produtos do Morro e Tocata Livre, na música; “Ibirapema, o forró que eu
faltei”, da Omì Cia de Dança, e “A dança nossa de cada dia”, da bailarina
Silvia Moura, na dança; e ainda “O Imaginário Criador e sua Barata Mágica”, da
Trupe Motim de Teatro, “Restos de si cavam janelas”, do grupo Comedores de
Abacaxi, e “Asja Lacis já não me escreve”, do Grupo Terceiro Corpo, no teatro.
Juntos, esses projetos compõem a Mostra de Artes Porto Iracema (MOPI).
Esses projetos foram desenvolvidos
em 2015 e 2016, nos Laboratórios de Criação do Porto. Essa metodologia funciona
em regime de imersão, através de processos formativos de excelência,
desenvolvidos em torno das propostas previamente selecionadas. Os alunos
recebem orientação de consultores/tutores conceituados nacionalmente, que
conduzem a qualificação dos projetos, através de orientações individuais,
oficinas, palestras e masterclasses. Também chegando à quarta edição em 2017,
os Laboratórios de Criação do Porto já desenvolveram ao todo 60 projetos entre
roteiros para cinema, peças de teatro, shows musicais e discos, espetáculos de
dança e exposições, envolvendo nesse processo mais de 180 artistas.
Atrações nacionais
As atrações convidadas da Maloca
Dragão 2017 são compostas por artistas cearenses de carreira consolidada e
artistas nacionais e internacionais de diferentes estilos, além de perfis que
se destacam pela vanguarda experimental. Na música, o festival terá artistas de
canções e atitudes empoderadas como Karol Conka (PR) e As Bahias e a Cozinha
Mineira (SP); o reggae da Tribo de Jah (MA), com o show de 30 anos de carreira;
e BaianaSystem (BA), um dos principais nomes de um movimento independente que
busca ressignificar a sonoridade da música urbana da Bahia.
Sobem ao palco ainda o “forró das
antigas” de Kátia Cilene (CE), a irreverência do sertão contemporâneo de
Geraldo Junior (CE), a música instrumental de raízes afro do grupo Horoyá (SP),
Aldo Sena (PA) e a Guitarra Cearense e o rock do Cidadão Instigado (CE),
lançando a turnê de 20 anos de estrada, com direito a um box comemorativo com
discos de vinil. A Maloca Dragão também traz Cólera (SP), uma das principais
bandas do punk rock nacional e a primeira do gênero no Brasil a fazer turnê na
Europa.
O teatro pernambucano marca
presença com o Coletivo Angu e o espetáculo “Ossos”, que conta uma história de
amor, exílio e morte, baseado no livro do escritor Marcelino Freire. Na dança,
é destaque o coreógrafo, bailarino e professor em São Paulo Eduardo Fukushima,
que traz à Maloca dois premiados espetáculos: “Entre contenções (Prêmio Funarte
de Dança Klauss Viana) e “Como superar o cansaço?” (Prêmio Rumos Dança Itaú
Cultural).
Atrações internacionais
Pela primeira vez, o festival
traz também a experiência de atrações internacionais. Conquistando visibilidade
nos mais importantes festivais da América do Sul e Europa, a cantora argentina
La Yegros leva ao público uma mistura explosiva que passa pelo funk, dub, rap,
cumbia e outros estilos dançantes. Clube de jazz e gravadora com franquias em
Nova York e Istambul, o Nublu é outro projeto que pousa por aqui, com palco
armado no Estoril. Entre outras atrações, o Palco Nublu receberá o lançamento
do primeiro álbum do projeto Praia Futuro, composto por Ilhan Ersahin (fundador
do Nublu), Yuri Kalil e Fernando Catatau (ambos do Cidadão Instigado) e Dengue
(Nação Zumbi). Dentro da programação de estreia da Maloca Eletrônica, o
festival recebe ainda as presenças internacionais dos DJs Ninad e Yage
(Argentina) e Luca (Itália).
Ainda que seja um festival de
arte cearense, Paulo Linhares ressalta que esse intercâmbio é importante para
uma atualização e criação de conexões, a partir da articulação internacional e
nacional. “O que está acontecendo como tendência, o que tem de mais inovador? A
Maloca tem uma visão antecipadora dos movimentos artísticos do Brasil. Essa
geração está tendo acesso a cinema, música, teatro, a tudo que está sendo feito
de vanguarda neste país. Não somos reprodutores de mainstream. A Maloca é esse
festival da grande descoberta”, define Linhares.
Viva Iracema
Desde 2016, a Maloca Dragão
assumiu a experiência de “transbordar” arte e cultura para outros palcos e
espaços da Praia de Iracema. Em 2017,
a lógica não só se repete como se amplia: serão 24
espaços do Centro Dragão do Mar e entorno, recebendo uma semana de programação
gratuita. Entre as novidades, o Palco Zé Avelino (na Rua José Avelino) ficará
agora ao lado do Palco Rogaciano (sob a passarela vermelha). Juntos, eles
receberão essencialmente – e de forma alternada – os shows inscritos através do
chamamento público.
A Praça Almirante Saldanha, por
sua vez, não terá mais um palco, mas será uma espécie de “coração do festival”,
constituindo-se como espaço do encontro, da convivência, da circulação. Na
praça, ficarão concentradas feiras de moda e design e ainda a Oca Maloca – em
analogia à cultura indígena –, que receberá programação de cultura popular,
variétés circenses e música experimental.
Outra novidade é o palco montado
pertinho do mar, o Palco Draga Dragão, ao final da Rua Almirante Tamandaré, no
Poço da Draga. Assim como a Praça Verde, este espaço receberá grandes nomes da
música nacional e cearense. “A ideia é descentralizar a ocupação, preenchendo
outros espaços públicos da cidade”, diz o diretor João Wilson Damasceno.
Sucesso de público ano passado, a
Maloca Tabajaras também segue descentralizando o festival, com programação ao
longo da Rua dos Tabajaras. O lugar terá food trucksfuncionando a partir das
22h, além de festas e shows, a partir das 23h, no Pirata, Mambembe, Espaço
Biruta e o Palco Nublu, no Estoril. A famosa “Praia dos Crush”, no Aterrinho,
também receberá programação da Maloca Tabajaras, com o reggae do Dub Foundation
Sound System e Buguinha Dub, a partir das 16h, na sexta-feira, dia 28.
Maloca Eletrônica e Maloca
Parties
O festival ocupa a PI ainda com
festas nas boates do entorno do Dragão do Mar. O Órbita Bar receberá a estreia
da Maloca Eletrônica, nos dias 28 e 30 de abril, com DJs da Itália, Argentina,
de São Paulo e do Ceará. Realizada em parceria com o Núcleo de Arte e Cultura
Transcendental (NUACT Produções), essa programação traz, na sexta-feira,
Ninad(Antu Records/AEON Bookings), Stereologic (Mind Tweakers/MUV), Caious
(Forest Spirit Records/ZIOHM), Luca (GloOm Music/AEON Bookings), Earthsapce
(Nano Records/NuACT) e Yage (Antu Records/AEON Bookings). Já o domingo, véspera
de feriado, terá a banda The Mob, Rodrigo Lobbão (Órbita Bar/Undergroove),
Camilo Rocha(SP) e Fil (Undergroove/Feeling Club). A Maloca Eletrônica tem
acesso gratuito, com retirada de ingressos.
Também tem Maloca Parties, nas
casas do entorno, com programação de festas e shows. O Amici’s será palco para
a caliente La Tabaquera, no dia 28 de abril, a primeira festa da Maloca. No dia
29, tem Borogodó e Juruviana, no Pirata; e Lascaux e New Model, no Mambembe.
Essas casas também recebem atrações no dia 30: o projeto Batekoo(Mambembe) e DJ
Marquinhos e Freud Explica? (Pirata).
Todo esse “transbordamento” é uma
iniciativa parte do Viva Iracema, projeto do Governo do Estado do Ceará e do
Dragão do Mar para a integração dos equipamentos culturais da região e
realização de ações de formação e difusão da arte e da cultura no bairro.
Segundo Linhares, enquanto bairro de tradição cultural de Fortaleza, a Praia de
Iracema é o espaço geográfico da economia da cultura da cidade, lugar de
pulsação cultural. “É por isso que a Maloca transborda e ocupa outros palcos e
espaços, além do Dragão. Um movimento natural dentro de uma política pública de
cultura que visa recuperar o tecido urbano da Praia de Iracema”, acrescenta.
Gastronomia
A gastronomia será uma atração à
parte, na Maloca Dragão 2017. Concentrado entre a Caixa Cultural e o Palco
Draga Dragão, na Rua Almirante Tamandaré, um corredor gastronômico terá o
“gostin de Fortaleza”. É a Maloca de Comer, trazendo sabores que estão na nossa
memória afetiva e que estarão reunidos celebrando o aniversário do Dragão.
Mercado de negócios
Com vistas à circulação da arte
cearense no País, a Maloca Dragão realiza a segunda edição do Conexões Maloca.
A partir do contato entre os artistas do festival e experts e jornalistas do
mercado cultural, a iniciativa promove um intercâmbio de experiências e
contribui para impulsionar a circulação das produções locais no âmbito
nacional. Além de desbravarem o panorama artístico do Ceará, assistindo aos
shows e espetáculos do festival, os programadores do mercado da música
brasileira receberão os artistas em speed meetings. Nesse processo, cada
artista terá três minutos para apresentar seu trabalho aos convidados,
individualmente.
A ideia é fazer com que a arte
cearense circule mais País afora e que os próprios grupos artísticos possam se
apropriar dos caminhos para ir além do território de origem. Já foram
confirmados: Alexandre Osiecki (Psicodália/SC), Fernando Zugno (Poa em
Cena/RS), Marta Carvalho (Satélite/DF), Alexandre Rossi (Circo Voador/RJ),
Antonio Gutierrez (Rec Beat/PE), Jomardo Jomas (Mada/RN), Ana Garcia (Coquetel
Molotov/PE), Luciana Simões (BR 135/MA), Marcelo Damaso (Se Rasgum/PA),
Anderson Foca (Dosol/RN), Fabiana Batistela (SIM - Semana Internacional da
Música/SP), Elodie da Silva (Ame CV e Kriol Jazz/CABO VERDE), Jordana Phokompe
(Lincoln Center/NOVA IORQUE), Luís Viegas (Ao Sul do Mundo/PORTUGAL).
Formação
Novidade neste ano, o chamamento
público para o festival contemplou também produtores culturais, roadies,
técnicos de iluminação, som e cenotecnia. A fim de elevar o padrão técnico da
Maloca, os selecionados estão passando por uma qualificação gratuita por meio do
Lab Maloca, curso de formação realizado pelo Instituto de Artes e Técnicas em
Comunicação (IATEC), em parceria com o Dragão do Mar e a Escola Porto Iracema
das Artes.
Ao longo do mês de abril, são
oferecidos workshops nas áreas de Produção (Gestão Cultural, Produção de Palco,
Gerência de Operação e Logística de Produção), Áudio(Segurança de Trabalho
(NR35 e NR10), Alinhamento de Sistema e Mix de Palco) e Iluminação
(Eletricidade, Desenho de Luz (Mapas) e Consoles Digitais). Essas demandas de
profissionalização tiveram origem em reuniões abertas ao público, em fevereiro,
com profissionais da área.
A reciclagem do conhecimento dos
profissionais técnicos da Maloca foi iniciada em 2016, mas a experiência do
chamamento público visa tornar ainda mais democrático o processo de contratação
da força de trabalho do festival, além de estimular o interesse por essas áreas
que, com a expansão do mercado cultural e de entretenimento, tornam-se cada vez
mais promissoras como geradoras de emprego e renda. “É o único festival do
Brasil com formação para seus profissionais”, afirma o diretor de Ação
Cultural, João Wilson Damasceno.
Festival da afirmação cultural
Em quatro anos, a Maloca Dragão
se firmou como momento maior da arte cearense, avalia Paulo Linhares. “Falo
isso porque os artistas e a cidade já o reconhecem como tal. É um festival
democrático, aberto, múltiplo e totalmente gratuito de empoderamento, de
afirmação cultural da população. Foram mais de 170 mil pessoas, circulando e
apreciando a arte do Ceará, na última edição, em 2016. Sem contar os mais de
1.000 profissionais e artistas envolvidos”, afirma. O Instituto é uma
Organização Social – a primeira de ordem cultural no País – que gerencia o
Centro Dragão do Mar e outros sete equipamentos no Estado.
De acordo com Linhares, o
reconhecimento do festival enquanto tradução da força cultural e artística do
Ceará é parte de um esforço maior da política pública de cultura do Governo do
Estado, enquanto transformadora do tecido da vida social.
“Diante da visão conservadora
sobre o campo cultural e artístico, é importante entender o papel transformador
da cultura, inclusive do ponto de vista econômico. A cultura permite um
crescimento urbano com qualidade de vida, porque é papel dela a criação de uma
sociedade com confiança social – que é a confiança no Estado e,
consequentemente, nos vizinhos, na família, por existir respeito às normas. A
sociabilidade das pessoas, o aprender a conviver depende dessa confiança
social. E é com uma política cultural que o Estado conquista essa confiança,
mais do que com qualquer outra”, reforça o antropólogo.
Além de mobilizar confiança
social e gerar prestígio social para o campo artístico cearense, a Maloca
Dragão impacta positivamente a economia do Estado. “Enquanto os empregos
industriais têm uma curva decrescente até em Fortaleza, o setor cultural e o
turístico apresentam permanente aumento de participação no PIB”, explica.
Investir nesses setores, bem como em ciência e tecnologia, ou seja, centrar
esforços na economia criativa, de acordo com o antropólogo, é hoje o melhor
caminho para se crescer de forma sustentável e permanente em todo o mundo.
“Com uma política cultural
efetiva, se tem menos violência, porque se tem qualidade de vida pública, tem
mais emprego e mais felicidade nesses empregos, empregos que geram uma vida
mais saudável e feliz. Você tem ainda uma população se reconhecendo como capaz
de ser criativa e com identidades múltiplas e próprias”, reforça Linhares.
SERVIÇO:
Maloca Dragão 2017
Quando: de 25 a 30 de abril
Onde: no Centro Dragão do Mar de
Arte e Cultura e em vários espaços da Praia de Iracema – Fortaleza / CE
Acesso gratuito
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