A perda da estrutura do
esmalte coronário pode ser causada por meio de abrasão, atrição, erosão ou
abfração, podendo comprometer ainda as superfícies da dentina ou do cemento
(1). A abrasão, de modo particular, é definida classicamente como um processo de
desmineralização ou perda patológica da estrutura dentária ou restauração,
livre de placa bacteriana que ocorre de maneira lenta, gradual e progressiva
devido a processos mecânicos resultantes de hábitos nocivos, tais como o uso
frequente de substâncias abrasivas, sendo as zonas cervicais as mais afetadas
(2).
Estas lesões que representam
um tipo das chamadas lesões não cariosas se apresentam côncavas em forma de V
ou U. Investigações experimentais mostraram que as escovações horizontais
produzem lesões em forma de V, enquanto que as escovações verticais provocam
lesões em forma de U (3). Sabe- se que estas lesões surgem quase sempre
associadas às lesões por erosão, potencializando-as, isso muito em razão de
alterações de hábitos alimentares nas últimas décadas, marcadas pelo maior
consumo de bebidas ácidas como refrigerantes e energéticos que representou um
aumento considerável do desgaste erosivo (2).
É indiscutível o papel da
escovação dental na manutenção da saúde bucal. Porém, ela deve ser sempre feita
observando as técnicas corretas orientadas pelos cirurgiões-dentistas para
evitar as lesões por abrasão. Além da técnica em si, outro fator a ser
observado é a composição do creme dental, que costuma ter elementos abrasivos,
gelificantes, umectantes, corantes, aromatizantes, conservantes, flúor entre
outros (4). O ideal é que o creme dental tenha uma boa dosagem desses
componentes e não apresente uma abrasividade excessiva. Entre os danos da
abrasão à estrutura dental, estão a sensibilidade dentinária e prejuízos
funcionais e estéticos que, de certo modo, diminuem a qualidade de vida do
paciente.
Assim, torna-se essencial um
diagnóstico correto e orientação por parte do profissional dentista para evitar
o avanço dessas lesões, além de uma técnica correta de escovação com um creme
dental balanceado em seus componentes.
REFERÊNCIAS
1. Amaral SM; Abad EC; Maia
KD; Weyne S; Oliveira MPRPB; Tunãs ITC. Lesões não cariosas: o desafio do
diagnóstico multidisciplinar. Arquivos Internacionais de Otorrinolaringologia,
2012 Mar, 16 (1): 96-102.
2. Neville B W, Damm DD, Allen
CM. Patologia Oral & Maxilofacial. 3ª ed; Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2009: p.60-63.
3. Pires, P; Ferreira, JC;
Silva, MJ. Lesões de Abrasão Dentária: Herança de uma Escovagem Traumática?
Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial,
2008 Jan, 49(1), 19-24
4. Davies R, Scully C, Preston
AJ. Dentrifices-na update. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2010 Nov; 15(6):
976-82.
Prof. Me. Valmirlan Fechine
Jamacaru
Professor do Curso de
Odontologia da UniAteneu
Mestre em Ciências
Médico-Cirúrgicas e especialista em Estomatologia
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