Os efeitos do isolamento
social provocado pela pandemia do novo coronavírus são objetos de estudo. A
compulsão alimentar e o abuso de álcool podem se tornar alguns dos problemas
enfrentados por parte da população mundial neste momento. Se para muitos já é
difícil controlar o stress e a ansiedade em dias normais, ficou ainda mais complicado
controlar as emoções durante o atual isolamento, que agrega medos, incertezas e
problemas socioeconômicos.
A compulsão alimentar está
diretamente ligada à saúde mental e pode trazer malefícios ainda a curto prazo.
O ato de consumir grandes quantidades de comida de uma só vez é um alerta. O
abuso de álcool pode também gerar problemas a curto e longo prazo.
A endocrinologista Ana Flávia
Torquato explica que os primeiros sinais de compulsão alimentar são episódios
onde a pessoa perde o controle e acaba comendo uma quantidade muito grande de
comida em um curto espaço de tempo. Normalmente, o episódio não é motivado por
fome fisiológica e é sucedido pelo sentimento de culpa.
“Quem tem essa relação
disfuncional com a comida deve ficar atento pois pode se tratar de um
transtorno alimentar, que requer tratamento. A compulsão alimentar pode se
associar a sentimentos depressivos, piora da ansiedade, e levar ao isolamento
quando o comportamento se torna muito frequente. A longo prazo, pode ocorrer
ganho de peso e, consequentemente, várias doenças, como diabetes”, disse Ana
Flávia Torquato.
Para a psicóloga Ticiana
Moreira Aires, é importante conhecer o funcionamento do seu corpo e identificar
os momentos que a compulsão aparece, dessa forma é possível identificar os
gatilhos emocionais que estão levando à compulsão. Buscar incluir uma rotina de
atividade física que também controla melhor a ansiedade noturna, levando a um
melhor aproveitamento das noites de sono. A leitura de um bom livro ou algo que
tire o foco da alimentação e substituir por atividades que dão prazer é
fundamental.
Bebidas
Nesta semana, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomendou que os governos limitem a venda de bebidas
alcoólicas durante a quarentena. A OMS alertou que o consumo excessivo pode
prejudicar a saúde física e mental.
“Durante o isolamento várias
pessoas estão ingerindo bebida alcoólica em quantidade bem superior à habitual,
algumas até diariamente. O álcool em
excesso afeta o comportamento e a coordenação, podendo gerar violência e
induzir comportamentos de risco. Horas depois da ingestão, surgem mal estar,
náuseas, vômitos, cefaleia, e outros sintomas conhecidos como “ressaca”. O
abuso de álcool provoca consequências negativas para a saúde, altera o padrão
do sono, induz problemas psicológicos, causa fadiga, e compromete o sistema
imunológico, deixando o corpo mais susceptível a infecções. A longo prazo, o
consumo excessivo de álcool pode danificar vários órgãos e causar sérias
complicações como a cirrose hepática, por exemplo”, afirmou Ana Flávia
Torquato.
"Quem tem bebida na
geladeira e está se acostumando a consumir todos os dias, tende a aumentar a
quantidade. A ansiedade elevada pode levar a um consumo maior. É compreensível
que, em meio a todo bombardeio de notícias as pessoas procurem o que as levem a
esquecer ou fugir da realidade. Longe porém, de afirmarmos que essa é a melhor
opção", ponderou Ticiana Moreira Aires.
Neste momento, todas as
atenções devem estar voltadas aos cuidados com a saúde, evitando assim
desenvolver comorbidades, levando em consideração que os casos mais graves de
coronavírus estão relacionados aos pacientes com algum problema de saúde. O
consumo de bebida alcoólica enfraquece o sistema imunológico, aumentando a
suscetibilidade do organismo à infecções. A obesidade por sua vez, altera
pressão arterial, pode causar diabetes, e acarretar o aparecimento de problemas
cardíacos.
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