Foto: Leonardo Oliveira
A ocupação dos leitos
acontecerá de forma gradual e totalmente controlada pelo sistema estadual de
regulação de vagas
Em continuidade às ações de
enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, a Fundação Oswaldo Cruz construiu
em menos de dois meses uma unidade hospitalar destinada a pacientes graves
contaminados pela doença. Localizado em Manguinhos, sede da Fundação no Rio de
Janeiro, o Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 – Instituto Nacional
de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) começará a receber hoje (19/5) os
primeiros pacientes transferidos pela central estadual de regulação de vagas.
Os leitos serão ocupados gradualmente, a partir da avaliação diária e conjunta
da direção com as secretarias municipal e estadual de saúde. A medida garante
as condições de segurança necessárias tanto para pacientes quanto para os
profissionais de saúde.
Construído em regime
emergencial para unir esforços no fortalecimento da rede de saúde, o hospital possui características específicas
que o difere das unidades de campanha que estão sendo erguidas pelo país e que
terão funcionamento temporário. Todos os leitos, por exemplo, contam com um
sistema de isolamento com pressão negativa do ar, específico para infecções por
aerossóis. No interior dos quartos, que são individuais, uma tubulação é
responsável por sugar o ar contaminado que passa por um sistema de filtragem
antes de ser eliminado por chaminés instaladas na parte externa da construção.
Há, ainda, uma central de tratamento de esgoto própria, concebida para tratar
resíduos com o novo coronavírus e garantir destino seguro do efluente gerado.
Foto: Leonardo Oliveira
Operando em condição de
assistência de alta complexidade e sistema de apoio diagnóstico próprio, a área
de diagnóstico inclui aparelhos de raio X, ultrassonografia, ecocardiografia e
tomografia computadorizada. Também estão disponíveis os serviços de
broncoscopia e endoscopia. A unidade é autossuficiente - tem fornecimento de
energia, geradores e reservatórios de água e toda a infraestrutura exigida para
um hospital desse porte independente das demais áreas da Fiocruz no campus. O
complexo, que ocupa uma área total de 9,8 mil metros quadrados, também conta
com entrada exclusiva para ambulâncias e heliponto. Em seu pleno funcionamento,
serão 195 leitos destinados ao tratamento intensivo e semi-intensivo.
"Neste momento, em que
acompanhamos com tanta preocupação o aumento de casos e de mortes em nosso
país, e em particular no Rio de Janeiro, é com grande emoção que entregamos
esse hospital dedicado exclusivamente à Covid-19 e que permanecerá como um
legado para o Sistema Único de Saúde. A Fiocruz continuará trabalhando
incessantemente para fortalecer as ações do SUS em meio a esta crise
humanitária que tem tido impacto tão grande na vida da população e que traz
tantos desafios para um país continental e desigual como o Brasil",
ressaltou a presidente da Fundação Nísia Trindade durante visita de
reconhecimento ao local.
Infografico
Por se tratar de uma unidade
hospitalar fechada, ou seja, sem
atendimento de emergência, os pacientes chegam ao hospital transferidos
de outras unidades de saúde. O sistema informatizado da Secretaria de Estado de
Saúde permite um mapeamento dos leitos existentes
de forma a operacionalizar a
oferta disponível às necessidades de acesso da população. Inicialmente, o
paciente deve ser atendido em uma emergência ou unidade de pronto atendimento.
Após constatada a necessidade de assistência especializada e de maior
complexidade, o pedido é encaminhado para o sistema de regulação, que é
responsável pela verificação da disponibilidade dos leitos e pela transferência
dos pacientes.
Seguindo protocolos de
segurança, não são permitidas visitas aos pacientes internados. Como uma forma
de acolher as famílias, um ambiente foi especialmente montado para recebê-las
no bloco anexo. Uma equipe multiprofissional se reveza 24h por dia para prestar
o atendimento presencial, quando necessário. No local também funcionará uma
estrutura de call center com operadores treinados para atualizar os familiares
a respeito do boletim médico de cada paciente. Com o objetivo de diminuir a
distância com os entes queridos durante o período de internação, também serão
realizadas ligações por vídeo com os pacientes cuja condição clínica permita a
interação.
Um fluxo de vigilância e
monitoramento dos profissionais envolvidos na rotina de funcionamento do Centro
Hospitalar, envolve, entre outros aspectos, a verificação diária da temperatura
de todos os funcionários na admissão do plantão, testagem e busca ativa de
pessoas sintomáticas. 26 profissionais entre médicos, enfermeiros e técnicos de
enfermagem, psicólogos, assistentes sociais e nutricionistas se encarregam de
prestar a assistência direta aos trabalhadores, atuando desde a vigilância,
passando pela promoção, até a abordagem da saúde mental.
O novo hospital passa a
integrar o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz),
unidade de referência da Fundação na atenção especializada em doenças
infecciosas, e que já atua também como referência para o atendimento a
pacientes graves de Covid-19. A experiência no tratamento dos pacientes do
recém-inaugurado hospital será um importante subsídio para diversas frentes de
pesquisas sobre a doença. "O novo centro será fundamental para acelerar as
pesquisas conduzidas pelo INI e toda a rede de colaboração da Fiocruz no Brasil
e internacionalmente. Um exemplo é o ensaio clínico Solidarity, da Organização
Mundial da Saúde (OMS), que estuda a eficácia de medicamentos para tratamento
da Covid-19”, explicou a diretora do INI, Valdilea Veloso. Coordenado no Brasil
pela Fiocruz, o Solidarity é um ensaio clínico randomizado e adaptativo,
permitindo que, com o surgimento de novas evidências científicas ao longo do
estudo, haja alteração das propostas terapêuticas.
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