Milton Santos em seu livro
“Espaço e Sociedade”, no capítulo “A formação social como teoria e como
método”, começa seu texto com uma frase celebre de Aristóteles que denota a
pertinência da questão espacial: “O que não está em nenhum lugar não existe”. Desse
modo, podemos pensar que o espaço exerce um papel de extrema relevância na
análise social.
Entretanto, o autor diz que a
própria Geografia – que deveria ser a ciência mais preocupada com a questão
espacial – tem minimizado esse importante papel do espaço na sua relação com a
sociedade, considerando o espaço como um mero reflexo ou palco das ações
humanas. Nesse processo, a Geografia, e porque não dizer mais notadamente a
Arquitetura, se interessou mais pela forma das coisas do que pela sua formação,
ou seja, confundindo o seu objeto de estudo, que é o espaço geográfico, com a
análise da paisagem, não captando, assim, o movimento da sociedade.
Nesse trabalho, Santos propõe
pensar o espaço segundo uma concepção que abranja toda a problemática social.
Para tanto, ele se apropria de um conceito formulado por Marx e Engels que é a
Formação Econômica Social e acrescenta a esse conceito a dimensão espacial,
que, até então, não havia sido considerada nas formulações marxistas, levando,
assim, a uma interpretação dualista das relações homem-natureza.
Corroborando essa ideia, David
Harvey destaca a importância do espaço e do tempo na vida social, esclarecendo
os vínculos materiais entre processos políticos econômicos e processos
culturais. O fundamental da pesquisa é a ideia de que o tempo e o espaço não
podem ser compreendidos independentemente da ação social. Ele considera, em
particular, como o próprio significado e a própria percepção de tempo e do
espaço variam, mostrando que essa variação afeta valores individuais e
processos sociais do tipo mais fundamental.
Por sua vez, Antônio Carlos
Roberto de Morais, em seu livro “Ideologia Geográfica”, conceitua, a princípio,
o espaço e, pontuando a historicidade da paisagem, dá crédito ao homem pela
produção desse espaço, através de suas ações sobre o meio geográfico,
expressando sua vivência, sua cultura, num determinado momento da história. Ao
dar significado e construir uma relação com o lugar em que vive, o homem traz à
realidade suas necessidades, visto que as ansiedades, interesses, desejos e
sonhos são motivadores para essa mudança constante no espaço que é construído e
reconstruído, gerando as dinâmicas sócio-espaciais.
Nas últimas décadas, os
estudos geográficos e, principalmente, arquitetonico, voltados às pesquisas de
caráter urbano desenvolveram uma tendência de análise mais profunda sobre os
complexos fenômenos e processos espaciais que envolvem o conceito de centro,
como também “criaram termos que são diretamente ligados ou derivados deste
conceito-chave para a Geografia Urbana, a exemplo de metrópole, cidade, núcleo
ou área central, centralidade, descentralização, multi-centralização, como
também, a expressão de centralidades em múltiplas escalas”.
Prof. Dr. Frederico Augusto
Nunes de Macêdo Costa
Coordenador de Arquitetura e
Urbanismo da UniAteneu
Doutor em Planejamento Urbano
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