Mais de 70% da população
brasileira sofre de doenças relacionadas ao sono
Fundamental para o organismo,
o sono perfaz cerca de um terço do tempo de vida do ser humano. Incontáveis
processos fisiológicos do organismo humano dependem do sono para que funcionem
adequadamente, estando diretamente relacionados ao padrão de ritmicidade do
ciclo sono-vigília. Por isso, alterações tanto na duração quanto na qualidade
do sono podem interferir de forma prejudicial para os sistemas cardiovascular,
metabólico e neurológico, a curto e longo prazo. No entanto, o estudo da
neurobiologia e arquitetura do sono é essencial para melhor compreender os
aspectos fisiopatológicos dos distúrbios relacionados ao sono.
Estudo recente da Royal
Phillips aponta que cerca de 73 milhões de brasileiros têm dificuldades para
dormir. O Prêmio Nobel de Medicina, de 2017,
foi concedido a pesquisadores do ritmo circadiano. Michael Rosbash,
Jeffrey Connor Hall e Michael Warren Young conseguiram identificar os genes que
regulam o “relógio biológico”. O entendimento do mecanismo torna a medicina
capaz de fazer intervenções em pessoas que possam ter disfunções nesse sistema,
contribui ainda para compreender fenômenos como o "jet lag" e doenças
como a depressão.
Realizamos, todos os dias,
atividades dentro e fora de nossa rotina. E para que seja possível
concretizá-las é necessário termos energia que não vem apenas dos alimentos,
mas também do sono. Uma boa noite de sono é tão importante para a reposição das
energias quanto para o desempenho do metabolismo e, consequentemente, para o
alcance da qualidade de vida. O corpo humano trabalha 24 horas por dia e,
inclusive, durante o sono é o período em que ele mais trabalha para manter o
equilíbrio dos sistemas imunológico, endócrino, neurológico e de diversas
outras funções.
Segundo informa o médico e
nutrólogo André Guanabara, no momento em
que dormimos, o organismo passa por um grande processo de relaxamento, a
respiração fica mais profunda e os batimentos cardíacos diminuem, juntamente
com a temperatura. “Aproximadamente meia hora após seu início, em uma fase
denominada sono delta, o hormônio de crescimento é secretado. Esse, cuja
produção ocorre predominantemente durante o sono, além de propiciar o
crescimento, auxilia no vigor físico e previne a osteoporose e a flacidez
muscular”, acrescenta.
Benefícios de uma boa noite de
sono
André Guanabara, chama atenção
para o hormônio leptina, responsável
pela sensação de saciedade; ele é produzido durante o sono, por isso, pessoas
com apneia do sono e insônia podem sentir mais vontade de comer pela carência
dessa substância. “O corpo queima calorias durante as horas de sono. Então,
dormir bem também previne a obesidade”, ressalta o médico.
A falta de uma boa noite de
sono aumenta a resistência do corpo à insulina, contribuindo para o desencadear
do diabetes. Pesquisas confirmam que pacientes diabéticos apresentam
dificuldades para dormir e, dessa forma, acabam complicando ainda mais o
controle da doença.
A memória também é beneficiada
com um sono regular. Pessoas que têm boas noites de sono conseguem absorver
melhor as informações recebidas ao longo do dia, isso porque proteínas
responsáveis pelas conexões neurais, fundamentais para o aprendizado e a
memória são produzidas durante o repouso. Uma boa noite de sono contribui
diretamente para a memória.Quando não se dorme bem, a memória fica falha, a
pessoa apresenta irritabilidade, cansaço, dor de cabeça e indisposição.
Além de tudo, pessoas que dormem menos de seis
horas por dia, são propensas à depressão, estresse e o aumento da pressão
sanguínea, acarretando hipertensão no médio prazo, além do cansaço provocado
por noites mal dormidas.
Ganhos com uma boa noite de
sono:
– Previne a obesidade;
– Combate a hipertensão;
– Controla o diabetes;
– Diminui o risco de doenças
cardiovasculares;
– Fortalece a memória;
– Previne a depressão;
– Favorece o desempenho físico
e mental;
– Melhora o desempenho na
escola e no trabalho.
André Guanabara é médico,
nutrólogo e autor do livro 'Até quando você quer viver?'
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