Prof. Danilo Amaral
Muito já se falou e foi
escrito sobre a derrocada dos livros impressos, que serviriam apenas como belos
e antigos enfeites para salas e escritórios. Aqui e acolá ainda me deparo com
estas previsões que, como tais, tem tudo para dar errado. O que parece mesmo
com os dias contados, no entanto, são as livrarias.
As maiores e mais ostentosas
livrarias do mercado brasileiro estão na bancarrota. Cultura e Saraiva buscam
salvação, ora na Justiça ora em negociação com o próprio mercado livreiro, para
suas dívidas milionárias. Renegociação de prazos e descontos são o índice desta
obra.
Se a velha máxima de que o
brasileiro pouco se interessa por leitura e livros (há pesquisas mostrando que
30% nunca compraram um livro), como estas empresas se deixaram levar pelos investimentos
em suntuosos espaços em grandes shoppings centers e em avenidas de grife? É
possível que acreditassem que esta nossa relação com o livro (digital ou
tradicional) fosse mudar em menos de uma geração, mesmo diante da qualidade do
ensino que temos?
Nos 8 P’s do Marketing para o
setor de serviço, há um dedicado ao perfil do negócio, leia-se a imagem do
espaço que faz com que o cliente se entusiasme e confie na marca/empresa
(coisas como decoração, fachada, iluminação etc). Para abrigar livros e leitores
e, principalmente, atrair novos públicos, talvez não fosse necessário tanta
madeira, aço e vidro, afinal, bom gosto não tem nada a ver com suntuosidade. Um
custo que as livrarias agora não conseguem manter.
Em muitos negócios, o mínimo
investimento – repito, com bom gosto – neste P de Marketing funcionasse melhor
para empresas desejosas de ampliar seu público. Empresas, aliás, também
responsáveis em desmistificar o mundo dos livros para os que ainda acham que
leitura é coisa de intelectual. O perfil destas imensas lojas foi pensado neste
público seleto, que, sozinho, não consegue manter o mercado, como comprovam
amargamente Saraiva e Cultura.
A reflexão também seve para
espaços mantidos com dinheiro público, principalmente, diga-se. Esquecem os
gestores que manter suntuosidade custa caro. Basta ver estádios e centros de
fomento a arte e cultura espalhados por aí.
Prof. Danilo Amaral Ramalho
Professor do Curso de Administração
da UniAteneu
Mestre em Gestão de Negócios,
especialista em Marketing e jornalista
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Administração da UniAteneu. Acesse: http://uniateneu.edu.br/
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