Profª. Bruna Fabrícia
A vivência profissional do
psicólogo no contexto hospitalar inevitavelmente o aproxima da convivência
cotidiana com os processos de morte e de morrer, tendo em vista as tantas
perdas presenciadas e nas implicações destas em seus processos pessoais. Entretanto,
enquanto profissionais de saúde, também os psicólogos enfrentam o desafio de
lidar com um tema ainda considerado tabu por trabalhadores, pacientes e
familiares, considerando as dificuldades em abordá-lo diretamente, bem como a
insuficiente formação ainda característica das graduações da área da saúde.
Apesar de constituir-se como
uma experiência inerente à condição humana pela qual todos iremos passar, a
morte, principalmente, na cultura ocidental, ainda se apresenta como um
fenômeno a ser combatido e evitado a todo custo. Na sociedade da produtividade
e da eterna juventude, não há espaço para falar ou pensar na morte. No entanto,
o simples fato de não discuti-la não evitará que nos confrontemos com ela em
algum momento.
Lidar com a morte do outro muitas
vezes nos remete à possibilidade de nossa própria morte ou dos nossos entes
queridos, o que pode ser gerador de muito sofrimento psíquico, levando-nos a um
afastamento progressivo dos pacientes em final de vida, no momento em que eles
mais precisariam da nossa presença. Afinal, por que “perder tempo” com quem já
está morrendo?
Nesse contexto, o psicólogo
destaca-se como um profissional essencial para a garantia das práticas de
humanização no ambiente hospitalar, ao possibilitar um espaço de escuta e acolhimento
a pacientes, familiares e equipes que estejam compartilhando um processo de
terminalidade. Apesar da impossibilidade de cura terapêutica, sempre haverá o
que fazer quando partimos da perspectiva do cuidado e do alívio do sofrimento.
Humanizar o trato com a morte
é uma prática de afirmação e valorização da vida e, portanto, deveria
constituir uma discussão obrigatória a todo e qualquer profissional da saúde. A
qualidade da atenção hospitalar passa necessariamente pela adoção de um novo
olhar e de novas atitudes diante da vida e da morte, considerando-os como
dimensões igualmente importantes da existência humana.
Profª. Bruna Fabrícia Barboza
Leitão – CRP11/5882
Professora do Curso de
Psicologia da UniAteneu
Psicóloga, especialista em
Cancerologia e mestra em Saúde Pública
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