Onze filmes estarão disponíveis no canal da Universidade
de Fortaleza no Youtube. Três produções serão premiadas.
Curtas-metragens foram realizados em casa, utilizando
smartphones e iluminação ambiente.
Filmes sobre as angústias, o nada, os reflexos, o corpo,
o mundo visto de cabeça para baixo. A Mostra Unifor Cenas de Quarentena,
realizada pela Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, divulga as
onze produções selecionadas para votação popular. A partir desta quarta-feira,
1º de julho, os curtas-metragens estarão disponíveis no canal da Universidade
no Youtube. Os três filmes com mais likes até 15 de julho serão premiados com
um tablet cada.
Parceria entre a TV Unifor e o Curso de Cinema e
Audiovisual da Universidade de Fortaleza, a mostra reúne a expressão artística
de estudantes - de diferentes cursos de graduação e pós-graduação da
instituição - durante o período de isolamento social. Os curtas-metragens
caseiros têm até três minutos de duração.
Foram mais de quarentena inscritos. A comissão de seleção
utilizou como critérios de classificação a originalidade das obras, o bom uso
dos recursos disponíveis e a qualidade técnica das realizações. Integraram o
time da comissão os cineastas, pesquisadores e docentes Lis Paim e Marcelo
Müller; Max Eluard, produtor, professor e diretor da TV Unifor; e as egressas
do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor, Bárbara Cariry e Emilly Guilherme,
ambas realizadoras e produtoras em audiovisual.
Os filmes serão transmitidos também pela TV Unifor (canal
181 da NET e 14 da Multiplay), junto a entrevistas com os realizadores. Confira
os curtas-metragens selecionados:
Cenas de Quarentena
Angústia (Dinorá Melo Ximenes)
Sinopse: Este curta documentário é apresentado a partir
de uma série de imagens demonstrando a minha rotina pessoal em isolamento e o
registro em áudio, trocado através das redes sociais - meio utilizado para o
convívio em quarentena - de como está sendo este período para as pessoas
próximas de mim.
Dinorá Melo: “Combinando som e imagem, este curta procura
relegar a cada uma dessas dimensões a vivência de pessoas durante a quarentena.
As imagens mostram percepções do meu dia-a-dia, ao passo que o som é composto
de áudios de amigos e parentes. Trocados pelas redes sociais, esses áudios são
a forma mais íntima de contato com as pessoas queridas sob o contexto de
isolamento social”.
Aniversário de um ano (Eziele Rebeca Girão da Silva)
Sinopse: É o meu aniversário de um ano e eu estou
aprendendo os meus primeiros passos.
Rebeca Girão: “É uma história engraçada. Quando eu era
criança, rasgava as poucas fotos que tínhamos de família - eu gostava da
sensação do papel fotográfico rasgando, até que minha avó viu e as escondeu de
mim. Agora, com 20 anos, tenho sentido vontade de investigar minha infância.
Pedi de volta as fotos, e achei a que usei para fazer o filme: eu, no meu
aniversário de um ano, aprendendo a andar. Foi uma experiência legal para
experimentar, é um filme bastante irregular e caseiro; fazê-lo me ajudou a me conhecer
melhor e curar algumas inseguranças”.
Corpo calado (Vitória Régia Cunha Aderaldo)
Sinopse: O corpo como manifestação da voz, o silêncio
como processo de catalização. Uma viagem à memória através dos sonhos.
Vitória Aderaldo: “No silêncio todas nossas dores
emergem, Corpo Calado foi criado a partir de uma dor sempre existente mas
potencializada ainda mais nos dias de isolamento. Um encontro comigo mesma, uma
reflexão sobre os barulhos dos meus sonhos e de onde eles vieram. Meu corpo
precisava falar. Corpos como o meu existem e precisam ser vistos, tocados e
amados”.
Destroço (Gabriela Santos Jardim e Livia Soares Castelo
Meireles)
Sinopse: Qual é o gatilho? Quanto a gente suporta com os
pés no chão? Algo pode acontecer a qualquer momento e destroçar. O que?
Gabriela Santos: “O filme surgiu da sensação de que o
período de isolamento social nos coloca constantemente à beira de um desastre,
de um destroço, de um desmantelo das tensões que se acumulam repetidamente no
cotidiano. Ao mesmo passo, nos lançamos na tentativa de manter algo que resta
em algum lugar.”
Fiat Lux (Antônio Augusto Vasconcelos de Moura, Eziele
Rebeca Girão da Silva e Kauê Nogueira da Silva)
Sinopse: É necessária a escuridão porque dela surge a
luz.
Antônio Augusto: “Fazer o ‘Fiat Lux’ foi bem
interessante. Rebeca, Kauê e eu pensávamos em fazer um filme que explorasse a
forma como a luz modela as coisas. Nos perguntávamos como potencializar as
imagens. O filme era inicialmente mudo, foi aí que surgiu a ideia utilizar
frequências graves para encorpar a música e desenvolver um jogo rítmico com a
montagem do filme. Foi uma experiência única”.
Macio como vidro (Julia Pierre Luz)
Sinopse: Ao encontrar um caco de vidro na cama, imaginar
o que poderia ter acontecido me faz lembrar do que já aconteceu. A sensação do
vidro na pele junto ao lençol macio é intrigante, parece ilustrar como tem sido
a quarentena com minha família.
Julia Pierre: “Um dia, passei a mão pelo lençol da cama e
encontrei um caco de vidro. Achei muito inusitado. Peguei aquilo nas mãos e
viajei no pensamento. Passei a entender aquele acontecimento peculiar como uma
metáfora, na qual encontrei uma correspondência com os conflitos que eu estava
vivendo dentro de casa. A partir disso, comecei uma busca por imagens que
dariam conta de representar diretamente a minha situação. Surgiu então a ideia
de construir um filme com base numa montagem paralela, tornando amplo o alcance
daquela pequena metáfora visual”.
Nada (Daniel Sobral da Silva)
Sinopse: Observações sobre as pessoas que fazem tudo e
aquelas que fazem nada. Um relato da pandemia na Avenida Dom Luís, durante o
isolamento social.
Daniel Sobral: “Passei a observar a vida pelas janelas do
meu apartamento. Mesmo com a maioria das pessoas em quarentena, percebi que
ainda havia uma grande movimentação pela avenida. Era recorrente ouvir os
barulhos de sirenes, motos de entregadores; construções e obras; ou pessoas que
eram contra a ideia da quarentena e queriam chamar a atenção. Tudo pareceu um
retrato sobre o tempo que passamos. ‘Nada’ nasceu para registrar esses
momentos. Mesmo com várias pessoas fazendo nada, ainda há aqueles que fazem
tudo. Não precisa ir muito longe para tirar uma conclusão dessa época; e, sim,
olhar pela janela.”
Passa Tempo (Gabriela de Castro Nogueira e Clara Gomes de
Andrade)
Sinopse: Em meio ao período de isolamento social, duas
amigas tentam passar o tempo juntas apesar das barreiras físicas.
Clara Gomes e Gabriela Nogueira: “‘Passa Tempo’ nos
permitiu continuar a produzir conteúdo audiovisual e nos conectar mesmo nesse
período de isolamento. Durante todo o processo, nosso objetivo principal foi
combater a solidão e continuar estando próximas. Mantendo os laços afetivos e
nos conectando de uma maneira criativa e divertida, provando que a distância
física não define nossas conexões ou nossos limites criativos”.
Pneumatófaros (Livia Soares Castelo Meireles e Gabriela
Santos Jardim)
Sinopse: Respiramos em um mundo de cabeça para baixo.
Conectamos raízes e trocamos informações. O que dizemos neste encontro é
urgente.
Lívia Soares: “A ideia pro filme surgiu da vontade de
unir uma turma de acrobacia que desde o início da pandemia está mantendo suas
atividades estritamente online. O filme é uma maneira de todo mundo se
comunicar, de conectar sinais e ruídos nesse período de sufoco e isolamento. O
nome vem das raízes de árvores dos mangues que se elevam à superfície para
respirar”.
Reflexo Adentro (Alian Souza Minerva)
Sinopse: O pai o deixou cedo demais, mas ele nunca se foi
de verdade, e a memória continua sendo seu espelho.
Alian Minerva: “O filme fala da presença. Percebo que não
é falta que sinto. É alguém que se você parar e olhar no espelho, consegue
vê-lo ali mesmo, bem em você. Diariamente alguma coisa me vem à cabeça, e
registro como essa presença se coloca para mim. Sei que ainda há muito para sentir.
E continuo.
Violão em quarentena (Jorge Alberto Nunes Falcão de
Oliveira)
Sinopse: Interpretação da música "Estudo em mi
menor", de Francisco Tárrega, composta para violão clássico. Dedicatória a
todas as vítimas da pandemia da Covid-19, e aos seus respectivos familiares e
amigos que tiveram de enfrentar a face mais cruel desses tempos. Que a música
vos sirva de alento.
Jorge Falcão: “Este é o meu primeiro curta-metragem.
Voltei a praticar violão regularmente na quarentena. Decidi usá-lo para
homenagear a todos que têm passado por sofrimento durante a pandemia, com a
melodia acalentadora composta por um dos grandes compositores da história do
violão erudito, Francisco Tárrega. Filmei a performance no início de uma manhã,
aproveitando os contrastes de luz e sombra do terraço de minha casa. Eu
possuía, portanto, de forma análoga ao que ocorre no impressionismo, uma janela
de tempo para criar”.
Serviço
Mostra Unifor Cenas de Quarentena
Exibição dos filmes
| youtube.com/uniforcomunica
Votação aberta de 1º a 15 de julho
Três filmes com mais likes serão premiados com um tablet
cada.
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