É fato que a doença viral
causada pelo novo coronavírus (COVID-19) acomete preferencialmente os pulmões,
mas estudos recentes têm sugerido que além de causar os sintomas respiratórios
já conhecidos, a infecção também está associada a um risco aumentado de
complicações vasculares trombóticas, predispondo manifestações circulatórias
graves, que podem culminar com a morte ou sequelas graves. A trombose se
caracteriza pela formação de coágulos no interior dos vasos sanguíneos, podendo
comprometer tanto a circulação arterial quanto venosa.
Segundo o médico Cirurgião
Vascular Edison Andrade, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e
Cirurgia Vascular – Regional Ceará (SBACV/CE), a infecção causada pelo novo
coronavírus promove uma verdadeira tempestade inflamatória no organismo doente,
aumentando a produção de substâncias que favorecem a formação de coágulos
principalmente em pequenos vasos nos pulmões.
Algumas publicações atuais de
estudos americanos e europeus sugeriram a ocorrência de fenômenos como trombose
venosa profunda, embolia pulmonar, acidente vascular cerebral isquêmico (AVC) e
oclusão arterial aguda, em pacientes com a forma grave da síndrome respiratória
aguda pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), internados em unidades de terapia
intensiva (UTI).
Apesar de acontecerem com
maior frequência nas formas graves da doença, a trombose também pode acometer
pacientes com a forma leve, principalmente aqueles que apresentem fatores de
risco. O cirurgião alerta que os
coágulos podem se formar em diferentes órgãos e se manifestar através de
sintomas variados, incluindo complicações nos membros superiores ou inferiores.
“É importante estar atento ao surgimento de sintomas como dor, inchaço e
formigamento nas pernas ou nos braços”, ressalta o cirurgião.
A trombose venosa profunda se
caracteriza pela formação de coágulos no interior das veias e geralmente se
manifesta por dor e inchaço na perna. Se não tratada adequadamente, pode
evoluir com complicações graves como a embolia pulmonar, situação em que ocorre
a migração destes coágulos para o pulmão podendo levar à morte em determinados
casos. Em alguns pacientes estes coágulos provocam a obstrução da circulação
das artérias, interrompendo o fluxo de sangue e podendo culminar com a
amputação dos membros inferiores, caso não diagnosticados e tratados em tempo
hábil.
A divulgação de alguns destes
estudos levou a uma corrida indevida de muitos pacientes às farmácias para
adquirir medicamentos anticoagulantes para o tratamento e prevenção da
trombose. “É muito importante
destacarmos que os pacientes não devem, em hipótese alguma, fazer uso dos
medicamentos anticoagulantes sem a devida orientação e acompanhamento de um
médico especialista. O uso indevido destas medicações pode levar a complicações
graves como hemorragias, algumas vezes fatais”, afirmou Edison Andrade.
A Sociedade Brasileira de
Angiologia e Cirurgia Vascular do Ceará reforça a importância de um acompanhamento
rigoroso destes pacientes com o médico cirurgião vascular. O aparecimento de
sintomas como dor e inchaço nos membros inferiores, além de formigamento,
palidez ou perda súbita da força nos pés ou nas pernas, pode significar a
presença de trombose. O diagnóstico precoce, com rápida instituição do
tratamento, pode evitar complicações graves como embolia pulmonar, perda do
membro ou mesmo o óbito.
“Apesar da necessidade de
isolamento social, algumas doenças como a trombose venosa não podem esperar. Mediante
suspeita, o paciente deve procurar imediatamente um cirurgião vascular”, afirma
Edison Andrade. Não somente as complicações trombóticas, mas também doenças
vasculares graves como pé diabético, erisipela, aneurisma de aorta e necrose no
pé devem ser avaliadas de imediato para evitar maiores complicações.
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