Além de gerar sérios problemas
para a saúde pública, as pandemias tem impacto social e econômico. Surtos de
diversas doenças infecciosas repetem-se por séculos com algumas semelhanças em
relação as medidas de contenção destas doenças. A "gripe espanhola",
causada pelo vírus influenza (H1N1), foi uma das mais letais da história, tendo
vitimado em torno de 50 milhões de pessoas de 1918 a 1920. Estima-se que a taxa
de mortalidade tenha sido em torno de 10%, número que se aproxima às taxas de
internação hospitalar por COVID-19. Na ausência de teste, vacina, e tratamento
eficaz, o único controle possível eram medidas de distanciamento e higiene.
A pandemia causada pelo novo
coronavírus vem gerando problemas de proporções jamais vivenciadas por esta
geração. O vírus se espalhou rapidamente e paralisou boa parte do mundo. Apesar
de alguns especialistas do mundo já alertarem há algum tempo para os perigos do
surgimento de algum vírus novo no cenário mundial, fomos, de certa forma,
surpreendidos pela rapidez com que o vírus se propagou em diversos países. Após
a disseminação, a única arma eficaz que temos para controlar o contágio
desenfreado é o distanciamento social. Com isso, surgiram muitas discussões
sobre o impacto que o isolamento e as medidas de controle da pandemia tem em
relação à economia.
De acordo com o professor do
MIT Emil Verner, a economia funciona diferente do normal durante períodos de
pandemia, e quem a deprime é a pandemia, e não as intervenções de saúde
pública. A endocrinologista Ana Flávia Torquato relata que as cidades
americanas que tiveram uma intervenção mais precoce e agressiva durante a gripe
espanhola não tiveram uma queda maior na economia e cresceram mais rápido
depois que a situação se resolveu. “No contexto da pandemia de gripe em 1918,
as medidas de saúde pública e isolamento não apenas reduziram a mortalidade,
mas também minimizaram os efeitos negativos da pandemia na economia”, acrescenta.
Evidencias de países que
implementaram medidas de distanciamento e higiene precoces contra a COVID-19,
como Taiwan, não apenas limitaram o crescimento da infecção, como atenuaram uma
interrupção econômica mais severa. O argumento de alguns economistas é de que
manter as pessoas em casa por tanto tempo vai desacelerar a economia, mas a
disseminação do novo coronavírus poderia, potencialmente, atrapalhar mais. Países que demoraram a
adotar as medidas de distanciamento foram obrigados a implementar um isolamento
mais sério posteriormente, como o caso da Itália, por exemplo.
“Enquanto aguardamos a vacina
e medicamentos com provada eficácia para tratar a COVID-19, os governos buscam
estratégias para atravessar a pandemia com menos danos possíveis nas áreas da
saúde e economia. Perdas em ambas as áreas são inevitáveis. Entretanto, se
olharmos para períodos da história que guardam semelhanças com o que vivemos
hoje, saúde e economia caminharam juntas, na mesma direção. O que é melhor para
a saúde parece também ser melhor para a economia a longo prazo”, afirma Ana
Flávia Torquato. “Os próximos desafios a curto e médio prazo são quando e como
será o retorno às atividades, e como lidar com os problemas sociais e
econômicos. A longo prazo precisamos aprender com essa pandemia de Covid-19,
pois novos vírus poderão surgir, e precisamos estar melhor preparados!“
completa.
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