Janguiê Diniz
Foto: Armando Artoni
O Brasil enfrenta sua pior crise
política e econômica da história. Entretanto, engana-se quem pensa que o
problema brasileiro é econômico. Fato é que, o maior de todos os problemas
atuais do Brasil, está na crise ética e
moral que permeia a maioria dos setores nacionais. A cada dia, mais um político
é denunciado por práticas de corrupção e o governo não consegue manter uma
estabilidade para pensar caminhos de recuperação.
A Operação Lava Jato, de longe a
maior ação contra a corrupção nacional, iniciou seus trabalhos de uma forma
pequena e ganhou apoio da população. Em três anos, foram julgados 650 recursos
decorrentes das investigações. Aliado a isso, a população brasileira não é mais
indiferente aos escândalos políticos e cobra, cada vez mais, punição aos
envolvidos.
Nos últimos trinta anos, o Brasil
passou por crises econômicas, dois impeachments, mensalão e Lava Jato. A nova
crise política, que se instaurou com as denúncias ao atual presidente Michel
Temer, fez o mercado entrar em pânico com o dólar cotado acima de R$ 3,40, e a
Bovespa chegou a interromper os negócios depois de cair mais de 10%. O cenário
também trouxe incertezas em relação ao andamento das reformas Previdenciária e
Trabalhista, que se encontram em tramitação no Congresso.
Tantas incertezas quanto ao
futuro político do Brasil trouxeram consequências econômicas violentas e
somente após a resolução disso será possível saber a direção da economia no
país. A maior dúvida é quanto a retomada de investimentos. As inseguranças
políticas que afetam a economia também impactam de forma negativa a percepção
de melhora no rating - nota emitida pelas agências de classificação de risco
para o país -, já que a aprovação da reforma da Previdência, proposta pelo
atual governo, era considerada uma das etapas para melhorar o grau de
investimento do país. Sem eles, é quase impossível garantir a queda do
desemprego e o cumprimento das metas de inflação.
O Brasil não tem um histórico de
referências positivas na relação de confiança entre político e eleitor. A
grande maioria dos candidatos promete as mesmas coisas ao eleitorado: saúde,
educação, segurança e infraestrutura, mas depois que acabam as eleições,
esquecem do povo e esse mesmo povo, por muitas vezes, esquece em quem votou. E,
assim, o ciclo continua, até a chegada do próximo período eleitoral.
O Brasil é uma república. A
palavra república vem do latim “res publica” e significa “coisa pública”, que é
de todos. Apesar de ainda engatinharmos na democracia, a confiança é o
“coração” do ideal republicano. Infelizmente, o Brasil tem sido alvo de uma
corrupção sem precedentes, e o principal prejuízo causado por esta é a falta de
confiança nacional. Seja a confiança de uma pessoa na outra, seja a confiança
nas autoridades e nos demais representantes da sociedade.
A confiança não é um sentimento
que se conquista da noite para o dia, mas deve ser trabalhada ao longo do tempo
e com muita demonstração na atitude diária. É uma construção que precisa de
continuidade. Em um país onde a política virou, para muitos, profissão, as
relações interpessoais são definitivamente a imagem de quem você é e, logo, ser
confiável significa solidez. Atentos leitores, caras leitoras, saibam que a
confiança é fundamental para a construção de uma política sólida e eficaz. E
neste caso, a velocidade e o tempo para a construção de confiança são
inversamente proporcionais a perda desta.
Falta confiança na política
nacional – Janguiê Diniz – Mestre e Doutor em Direito – Reitor da UNINASSAU –
Centro Universitário Maurício de Nassau - Fundador e Presidente do Conselho de
Administração do Grupo Ser Educacional – janguie@sereducacional.com
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