Show Viva Belchior (foto:Lia de
Paula)
Mais de 450 mil pessoas
circularam pelo festival, assistindo aos shows, espetáculos e participando de
festas no Dragão do Mar e na Praia de Iracema
Foram seis dias em que o encontro de
todas as tribos teve um lugar especial: a Maloca Dragão. O maior festival de
artes do Ceará, realizado pelo Governo do Estado através do Instituto Dragão do
Mar, fez com que mais de 450 mil pessoas se espalhassem pelos 20 espaços de
programação, entre o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e a Praia de
Iracema.
O Dragão do Mar e seu entorno, casas de
show, praças e ruas acolheram toda a potência da arte cearense e a energia do
público, tornando a 4ª edição da Maloca inesquecível. Foram 130 atrações de 25 a 30 de abril, atraindo
milhares de pessoas para os shows musicais, espetáculos de teatro e dança em
palcos e ruas, festas na madrugada, apresentações de circo, contação de
histórias, intervenções de arte urbana, atividades para crianças, feiras e
muito mais. O show da banda BaianaSystem foi o que mobilizou maior público do
festival, com 28 mil pessoas no último dia da Maloca Dragão, seguido pelo show
de Karol Conka, com 23 mil pessoas.
Exposição sobre Chico Albuquerque
(foto: Thiago Nozi)
Em 2017, ano em que o Dragão do Mar
completa 18 anos, a Maloca Dragão apresentou ao público um panorama da produção
cultural do Ceará e trouxe as principais tendências e referências que despontam
no cenário nacional e internacional. Gerações de artistas, nas diversas
linguagens, uniram-se à pluralidade do público, que acompanhou as mais recentes
produções artísticas e celebrou quem já está na estrada há muito tempo.
Foi o primeiro ano em que o festival
contou com um viés temático que percorreu parte da programação: “It’s All True,
Orson Welles - 100 anos de Chico Albuquerque”. O tema fez referência ao filme
que o cineasta norte-americano gravou no Ceará e ao extenso trabalho do
cearense mestre da fotografia brasileira, Chico Albuquerque. Costurados, esses
elementos traduziram a metáfora da saga incansável pelo reconhecimento do campo
artístico e cultural do Ceará.
Cultura e o papel transformador
Cidadão Instigado (foto: Lia de
Paula)
A programação da Maloca foi composta por
mais de 75% de atrações selecionadas no chamamento público, além de artistas
convidados e de produções desenvolvidas nos Laboratórios de Criação do Porto
Iracema das Artes, a escola de formação e criação artística do Instituto Dragão
do Mar. Entre as 130 atrações, muitas vieram do interior do Ceará e outras
escolheram a Maloca para lançar discos, abrir turnês e comemorar carreiras,
como Cidadão Instigado, Tribo de Jah, Lavage, Oscar Arruda, Mad Monkees e Kátia
Cilene.
Paulo Linhares, presidente do Instituto
Dragão do Mar, destacou os dias de muita efervescência, trabalho e alegria da
Maloca Dragão. Para ele, a multiplicidade de linguagens, a ocupação da Praia de
Iracema e os encontros proporcionados pelo Conexões Maloca são destaques do
festival em 2017. Para o antropólogo e jornalista, a Maloca Dragão se consolida
como um ritual anual do que foi feito na área cultural do estado no último ano,
comemorando o aniversário do Dragão do Mar, mas buscando avaliar e enxergar
novos caminhos para a cultural cearense.
Projeto Rivera no Conexões Maloca
(foto: Igor Grazianno)
Apostando na arte cearense, no potencial
transformador da cultura e na capacidade de gerar renda, a Maloca Dragão
realizou, pela terceira vez, o Conexões Maloca. Produtores culturais de
diversos estados do Brasil e de países como Estados Unidos, Portugal e Cabo
Verde foram convidados a Fortaleza para encontrar artistas cearenses e iniciar
parcerias e novos projetos. Além disso, profissionais que trabalham na produção
do evento passaram por formações através do Lab Maloca, forma de
profissionalizar cada vez mais o campo artístico cearense. Para João Wilson
Damasceno, diretor de Ação Cultural do Dragão do Mar, “a Maloca não é apenas um
evento que acontece e passa, porque tem um conceito por trás, uma política por
trás, a política do Governo do Estado de incentivo à cultura e às artes”.
Um pequeno mapa do tempo para
Belchior
Na manhã do dia 30, o Brasil recebeu a
trágica notícia da morte de um ícone da cultura cearense, o cantor e compositor
Belchior. Para celebrar a vida e o grande legado do artista, a produção do
festival organizou o show de homenagem "Viva Belchior - Tributo dos
artistas cearenses ao rapaz latino-americano". Já era madrugada quando
artistas de diferentes gerações da música cearense entraram no palco Draga
Dragão, embalando o público resistente que lotava a rua Almirante Tamandaré, a
caminho do mar do Poço da Draga. Um dia melancólico e poético em que várias
atrações do festival prestaram homenagens ao artista em shows, instalações
literárias e intervenções urbanas. Belchior nos deixou com 70 anos de idade e
40 de uma obra lírico-musical, que afeta gerações e influencia a arte e cultura
do Ceará e do Brasil.
Lorena Nunes no show Viva
Belchior (foto: Lia de Paula)
"A gente teve, no final, essa
notícia triste com a partida do Belchior, mas é importante que ele se despeça
do povo do Ceará também aqui no Dragão do Mar, que é lugar símbolo desse campo
que ele tanto fez crescer, ser forte e ser reconhecido, que é a poesia, a
música e a capacidade de inventar, se indignar e lutar por uma vida melhor. O
festival termina se imbricando com a vida e morte do Belchior", afirmou
Paulo Linhares.
Maloca: diálogo de todas as artes
Espetáculo Céu de Basquiat (foto:
Luiz Alves)
O festival já carrega em seu nome o
acolhimento à diversidade. Maloca quer dizer casa de todas as tribos para
alguns povos indígenas. O público se misturou com as atrações que, em troca,
dialogavam com os espaços, plateia e transeuntes. Teatro, dança, música,
cinema, arte urbana, literatura, circo, cultura popular, fotografia, moda,
design, gastronomia movimentaram o Dragão do Mar e a Praia de Iracema nesses
dias intensos.
Na música, atrações locais, nacionais e
internacionais apresentaram um panorama diverso e forte, encantando,
empoderando e colocando o público para dançar e cantar a plenos pulmões. No
teatro, espetáculos que mostraram a força das narrativas e das diversas
estéticas possíveis que tomam os palcos e as ruas para falar do que move. Na
dança, as potências dos corpos que contam histórias, angústias, alegrias e
descobertas lotaram os teatros da Maloca Dragão. Filmes levaram ao público
reflexões sobre o cinema documental brasileiro e a construção da identidade.
Graffiti de Gabriel Silva (foto:
Luiz Alves)
Ruas, muros e tapumes receberam
intervenções de arte urbana que coloriram e provocaram a cidade e por quem ela
anda. A Praia de Iracema se tornou, mais uma vez, uma galeria da arte que
dialoga com o meio urbano. A literatura uniu letras, páginas e histórias na
Feira Índice, oferecendo ao público uma produção criativa, que dialoga com a
cidade, com quem passa e nutre curiosidade.
Culinária da Van na Maloca de
Comer (foto: Igor Grazianno)
O circo trouxe ainda mais alegria aos
espaços da Maloca Dragão com espetáculos de mágica, acrobacia, palhaçaria, o
lúdico que encanta o público de todas as idades. As atrações da cultura popular
também marcaram território com maracatus, reisados e cocos que fizeram brilhar
os olhos do público. Gastronomia, design e moda tiveram um espaço no maior
festival de artes do Ceará servindo de vitrine para a criatividade dos
produtores cearenses na Maloca de Comer e nas Feiras Fuxico e Kilofé.
A quarta edição da Maloca Dragão
transbordou arte, cultura, energia, encontros pelo Dragão do Mar e Praia de
Iracema, celebrando e fortalecendo a arte cearense e o diálogo dos artistas
locais com o Brasil e o mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário