O ministro Paulo Guedes há
algumas semanas atrás falou sobre “emitir moeda”. Eu me proponho a tentar
explicar de maneira bem simples o que esse “economês” pode significar, mas
também é necessário, além do conhecimento de Economia, um pouco de história também.
Essa é uma ferramenta de política monetária, ou seja, ela deve ser usada na
gestão da moeda e o que ela representa. Não se esqueçam que a quantidade de
reais circulando, no caso do Brasil, ou de dólares no caso dos Estados Unidos,
ou libra na Grã Bretanha, representam a riqueza que existe em cada um desses
países. Então cada real, dólar ou libra representa uma fração da riqueza desses
países.
Ora, se há mil notas de uma
moeda representando a riqueza de um país, cada moeda representa um milésimo da
riqueza desse país. Logo, se forem emitidas mais mil moedas desse país, cada
moeda (mil mais mil são duas mil) passa a representar dois milésimos da riqueza
total desse país. Olha só! Cada moeda se desvalorizou. Elas estão valendo só a
metade do que valiam antes da emissão. Deu para ter uma ideia como isso é
perigoso? O risco de se gerar inflação é enorme. Porém, essa inflação que nos
atormentou durante décadas pode ser um remédio contra a retração da Economia. E
se esse remédio amargo for usado, somente se sairá da inflação se houver
geração de riqueza que compense essa emissão. Tem que ser muito competente!
Os Estados Unidos usaram e
usam a emissão de moeda. Duas ocasiões são históricas: na Depressão de 29
(Keynes propunha que em situações críticas era melhor colocar cédulas em
garrafas, enterrá-las e mandar o povo atrás porque isso mantinha a ideia de
trabalho, mesmo criando o paradigma da produtividade); e no Plano Marshall,
para reconstruir o mundo. Logo em seguida dessas duas ocasiões, houve
crescimento na geração de riqueza.
Aí vem o caso do Brasil il
il... JK (Juscelino Kubtschek) mandava o ministro da Fazenda, José Maria
Alckimim, emitir moeda para pagar o “progresso”. Lembram dos “50 anos em 5”.
Quando o seu governo acabou, tínhamos Brasília, estradas, a indústria
automobilística consolidada e... inflação, déficit fiscal, descontrole estatal
e corrupção. Essa relação espúria que existe entre empreiteiras e governo teve
seu auge nesses tempos. Eu não vou considerar os últimos tempos para não cair
em discussão política.
Depois, houve a época do
milagre econômico. Nesse tempo, o Brasil crescia como a China cresce hoje. O
país se endividou com juros flutuantes para financiar esse crescimento, e por
causa da primeira crise do petróleo, as taxas de juros foram para patamares
inéditos. Uma das tentativas de manter a Economia ativa foi através de mais
emissão (não parou desde o governo JK), que ainda mais descontrolada levou à
hiperinflação. Ouso concordar que hoje esse novo Coronavírus é um cometa que
nos atingiu, mas acho que é hora de algo diferente e criativo. Há base teórica
para isso.
O estudo da Economia se
desenvolveu muito no Brasil porque tínhamos um laboratório no nosso quintal
(quando a inflação chegou a 1.800% ao mês). Eu acho que a emissão de moeda só
se justificaria num modelo monetarista ou liberal. Acho que é hora de pensar
diferente. Acho que vale revisitar Celso Furtado em vez de Roberto Campos.
Prof. Me. Leonel
Credidio
Professor do Curso
de Recursos Humanos da UniAteneu
Mestre em Administração
e em Comércio Exterior e especialista em Administração de Marketing
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Humanos da UniAteneu. Acesse: http://uniateneu.edu.br/
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