O “Trabalho Social com Grupos”
compartilha, semanalmente, atividades com foco na integração e socialização
grupal do público idoso
A preocupação com os idosos no
contexto de pandemia do Covid-19 se intensifica ainda mais, principalmente pelo
fato deste grupo populacional estar no perfil de risco para a doença. A
necessidade de se manterem isolados, no entanto, pode ocasionar nos longevos
sentimentos como a solidão, pois muitos tiveram de interromper, momentaneamente,
suas atividades cotidianas de lazer e interação social externas. Nesse
contexto, a tecnologia se tornou uma poderosa aliada para atenuar os efeitos da
reclusão.
O Sesc, por meio do Trabalho
Social com Grupos, aposta nos aplicativos de mensagem e chamadas em vídeo para
estimular o convívio entre os idosos. Uma vez que muitos moram sozinhos, esta
estratégia vem tendo significativa adesão, pois, através dos recursos
tecnológicos, eles conseguem interagir e realizar suas atividades favoritas. A
instituição criou um cronograma de ações online, a partir de grupos de
Whatsapp, como forma de manter o vínculo e evitar o isolamento.
As atividades estão sendo
realizadas desde o início da pandemia, com o envio diário de materiais de
estímulo cognitivo, vocal, escrita e organização da rotina, dentre outros temas
de interesse dos idosos. Desde o final de março, as atividades eram repassadas
nos grupos do Whatsapp pré-existentes, que, consequentemente foram utilizados
potencialmente no início do distanciamento social. “Fala-se em grupos porque o
TSG desenvolve diversas atividades específicas que versam sobre memórias,
individual e social, histórias e projetos de vida, cultura regional, bem como
manualidades e práticas corporais. Cada uma dessas ações tem seu público e
respectivo grupo online formado. Por exemplo: o coral tem o seu, a terapia
ocupacional idem, assim por diante”, explica Thais Castro Monteiro, Supervisora
Administrativa da Assistência do Sesc Fortaleza.
A partir de maio, o TSG
decidiu padronizar os conteúdos ofertados aos idosos, de modo que os grupos
que, a priori, tinham propósitos bem demarcados, recebessem atividades
diversificadas, ampliando assim as ações e repertório de atuação. Além disso,
foi criado um novo grupo, o #tudoemcasa, destinado às pessoas que frequentavam
as programações, mas não estavam inseridas em nenhum grupo e demostraram
interesse no acesso aos conteúdos online.
O TSG também está buscando,
através de pesquisas online aplicadas com os idosos, identificar a viabilidade
da utilização de outras ferramentas, tais como aplicativos de reunião remota
para aumentar as possibilidades de intervenções com eles. “Nos preocupamos
também com aqueles que não estão conectados, por isso estamos realizando um
plantão de ligações de modo a mantermos
o vínculo também com os que não têm familiaridade com o mundo digital”, pontua
Thais.
De olho na tecnologia
A programação do TSG durante o
isolamento social segue de maneira fixa, como forma de criar uma rotina para os
participantes e evitar um fluxo indiscriminado de informações publicadas, “uma
vez que eles também precisam ordenar o tempo para realização de outras
atividades de seus cotidianos. E toda semana, a equipe muda o estímulo das
atividades”, ressalta a Supervisora. Assim, são desenvolvidos trabalhos com
memória afetiva, cognição, culinária, artes, dentre outros temas de interesse.
Às terças e sextas, os idosos participam das atividades integrativas, que são
as ações de mobilização e socialização por meio das redes sociais e plantões de
ligação. Na quinta-feira, eles são convidados e estimulados a participarem de
lives, com destaque para a programação do “Tudo em Casa Fecomércio”.
Além disso, sempre às
terças-feiras, o TSG compartilha entre os idosos tutoriais com informações
básicas sobre o acesso a alguns aplicativos essenciais neste período. “Já que
as redes sociais vão ser nossa principal ferramenta de trabalho, nos
perguntamos sobre até que ponto eles estão completamente conectados às novas
tecnologias. Caso estejam parcialmente, será que contam com a ajuda de
terceiros para essa inclusão digital efetiva? Foi a partir desses
questionamentos que desenvolvemos os tutorais, que chamamos aqui de
#superdicas”, destaca Thais.
Outra iniciativa que está
levando saúde e bem-estar para a turma do TSG é o #Fitemcasa, desenvolvido em
parceria com o Departamento Físico Esportivo (DFE) do Sesc Fortaleza. Também
sempre às terças-feiras, são compartilhados vídeos com sugestões de atividades
físicas para serem realizadas em casa.
Aprender e partilhar
A receptividade e a
participação ativa dos idosos mostram que, mesmo durante a quarentena, é
possível preencher o tempo com muita diversão e conhecimento, como é o caso de
Lucirene Façanha, 63, é frequentadora assídua do Sesc. Após se recuperar de um
transplante de fígado, em 2014, ela começou a fazer diversas atividades
promovidas pelo TSG, principalmente os voltados para arte e literatura, sua
maior paixão. Ela pretende lançar ainda esse ano seu primeiro livro de contos.
“Ele já está pronto, mas por conta da pandemia tive que adiar o lançamento”,
explica.
Enquanto isso, costuma fazer
as atividades propostas pelo Sesc no Whatsapp, até como forma de manter a mente
ocupada neste período de isolamento social. “Participo dos grupos de
literatura, de artesanato, eu acho ótimo. Temos assuntos para conversar, ideias
para compartilhar, estamos juntos sempre, mesmo que distantes”, pontua.
Quem também está aproveitando
as atividades do Sesc via Whatsapp é Maria do Carmo Sales Pinto, 64 anos.
Apesar das saudades do convívio entre os amigos, ela está gostando bastante das
atividades realizadas em casa. “Todo dia tem coisa nova, faço exercício físico,
trabalhos como artesanato, pintura de mandala. Virou uma rotina. A gente
acompanha ainda toda a programação cultural do Sesc, que está acontecendo
também graças à Internet”, relata. Ela confidencia ainda que pretende, junto
com os demais participantes do TSG, expor todas essas criações artísticas e
culturais, quando o isolamento chegar ao fim. “Vai passar”, diz, confiante.
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