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sábado, 30 de maio de 2020

ARTIGO] O farmacêutico e a prática social


 
O farmacêutico é o profissional com maior formação no âmbito do medicamento. Toda a sua construção acadêmica é direcionada para compreender como substâncias químicas agem em sistemas biológicos com função terapêutica. A compreensão de seu papel na sociedade brasileira vem crescendo nos últimos 20 anos, desde a implantação da lei dos genéricos em 1999, marco importante no mercado farmacêutico e que proporcionou o aumento do consumo dos medicamentos e conhecimento da população sobre um pouco da atividade deste profissional, que permaneceu durante muitos anos apenas no campo das análises clínicas.

Com essa mudança, tornou-se comum que as pessoas cobrem a presença e o conhecimento desse profissional quando se trata de medicamento. O crescimento do acesso ao medicamento também proporcionou à população a consciência de que é necessário o cuidado com possíveis efeitos adversos e interações medicamentosas, o que está ligado diretamente ao cuidado farmacêutico.

Diante do contexto, faz-se necessário refletir sobre como está a relação desse profissional para além do medicamento, já que o mesmo é prescrito para um indivíduo que possui todo um contexto social, psicológico e de saúde e, provavelmente, alguém com alguma patologia pontual ou crônica. Há nos profissionais e acadêmicos um direcionamento para esse cuidado? Como podemos expandir a atuação do profissional do medicamento para o profissional que, entre tudo, também possui empatia com o paciente que fará uso deste produto farmacêutico?

É claro que essa empatia é algo a ser sempre construído diariamente. Porém, é, de fato, necessário que seja iniciada na formação deste profissional de saúde a inclusão de atividades acadêmicas direcionadas para o conhecimento da sociedade em que vivemos, formada por indivíduos que possuem peculiaridades físicas e psicológicas. É importante também que o aluno e profissional, geralmente pessoas com afinidades pela área química e biológica, se abram para conhecimentos do âmbito da formação humana e que isso seja visto como algo que acrescenta e muito a formação ética e a conduta de um profissional de saúde.

Lembrando que pensar saúde não restringe ao que é biológico, mas pelo contrário, saúde contempla todos aspectos humanos, e o medicamento também atua em todos esses emaranhados que constrói a vida do paciente. Logo, que profissionais já em campo, professores e alunos em formação se atentem para essa perspectiva a qual pode abrir espaço para uma atividade mais integrada com o paciente em que o medicamento é o vínculo e o objetivo final, objetivo pensado de forma coerente e conectada com o social e com atuação de uma assistência farmacêutica que perpassa a reflexão e o cuidado humano.


Profª. Dra. Isabelle Gois
Professora do Curso de Farmácia da UniAteneu
Doutora e mestra em Farmacologia


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