Os nervos periféricos, com
milhares de fibras nervosas, formam uma das estruturas que contribuem para o
funcionamento do nosso organismo. Fazendo a conexão do cérebro e da medula
espinhal com músculos e órgãos, controlam movimentos e sensações e são fundamentais,
entre outras funções, para o coração bater e para conseguirmos andar. Mas eles
podem ser lesionados, seja por um trauma causado por uma queda ou um acidente
de trânsito, ou por um tumor, resultando em lesões que prejudicam as atividades
do corpo humano.
“Chama-se de neuropatia
periférica traumática a lesão de um ou mais nervos periféricos resultado dos
efeitos diretos ou indiretos (secundários) de traumatismos”, explica o
neurologista Francisco Gondim, coordenador do Departamento Científico de Neuropatias
Periféricas da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
O trauma é o motivo mais comum de
lesão. Do tipo súbito, causado por acidente automobilístico, queda ou
atividades esportivas, pode comprimir, romper ou provocar o estiramento do
nervo.
No entanto, lesões menos
traumáticas também podem causar danos. Um exemplo são os microtraumas
decorrentes de atividades esportivas, que, por consequência, podem levar à
compressão dos nervos adjacentes. “As consequências do trauma são variadas,
podendo resultar em múltiplos mecanismos, principalmente acidentes diversos”,
informa Gondim.
O problema pode ser diagnosticado
por exames neurológicos e por eletroneuromiografia, que avalia a função do
sistema nervoso periférico e muscular por meio do registro de respostas
elétricas. “O diagnóstico ocorre mediante a suspeita clínica de lesão nervosa,
resultante de queixas de acometimento de fibras nervosas sensitivas, motoras e
autonômicas de um ou mais nervos e confirmada por exames”, indica o
neurologista.
Os sintomas dependem da
distribuição dos nervos acometidos. “Em muitas ocasiões pode haver acometimento
dos plexos, que é o entrelaçamento dos
filamentos e vasos sanguíneos e nervos, e/ou raízes nervosas, que se originam
na medula espinhal e estão associadas a quadros mais graves. As manifestações
clínicas vão depender do nervo acometido. Dessa forma, o repertório de
movimentos executados por um nervo, ou nervos, será perdido completamente ou
parcialmente, bem como alterações da sensibilidade no território de inervação
do nervo e alterações do controle vasomotor”, esclarece Gondim.
Dependendo do tipo e
características do trauma, o neurologista informa que podem ser realizadas
descompressões dos nervos afetados para a prevenção de lesões continuadas e
repetidas. “Nas lesões extensas do plexo braquial (braço) com prognóstico ruim
pode ser tentada a realização de enxertos nervosos. O tratamento também inclui
controle da dor neuropática com antidepressivos e anticonvulsivantes, bem como
reabilitação da região afetada com fisioterapia”, ressalta.
Gondim explica também que a
descompressão pode ter efeito curativo ou, pelo menos, controlar a progressão
da neuropatia. A reabilitação funcional com tratamento da dor e fisioterapia
pode contribuir para a restituição da função comprometida nesses casos.
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