Foto: Armando Artoni
O Brasil começou 2017 com mais de
61 milhões de pessoas inadimplentes. Esse é o maior número de endividados desde
2012 e a soma dos valores ultrapassa os R$270 bilhões. O percentual de famílias
endividadas no país cresceu de 58% em agosto para 58,4% em setembro deste ano,
segundo dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do
Consumidor, divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (CNC).
O desemprego e os altos juros são
os principais fatores que explicam esse aumento no número de inadimplentes.
Numa comparação com 2013, por exemplo, o percentual de brasileiros com nome
sujo na praça cresceu 18%. A maior parte das dívidas dos brasileiros é com
cartão de crédito (76,8%), seguido por carnês (15,4%), crédito pessoal (11%),
financiamento de carro (10,1%) e financiamento de casa (8%). O tempo médio de
atraso nos pagamentos chega a 63,1 dias.
Na verdade, o que mais preocupa é
a falta de capacidade para quitar as dívidas. Com o desemprego em alta, pessoas
que possuem o costume de se endividarem podem ficar com o nome no registro da
lista de devedores e, por consequência, deixam de acessar novos créditos, ter
contas em bancos, participar de concursos públicos, entre outras situações que
prejudicam a vida pessoal e profissional.
A perda do emprego, somada à
falta de planejamento e controle financeiro, faz com que muitas famílias tenham
que lidar com um cenário de acúmulo de contas em atraso e poucos recursos. Com
isso, as chances de contrair dívidas é maior e a inadimplência se torna mais
frequente.
Para os especialistas em
economia, é aceitável ter um terço da renda comprometida com dívidas, porém, é
preciso saber que ao comprometer a renda dessa forma, questões básicas acabam
sendo esquecidas ou ficam para segundo plano, como o investimento em educação,
por exemplo. A saída de algumas famílias tem sido reduzir o consumo de serviços
como internet, telefone fixo, celular e entretenimento, para garantir menos
comprometimento da renda e aumentar a possibilidade de quitar as dívidas.
Apesar de estarmos, a passos
curtos, nos recuperando da crise econômica, é preciso ter a consciência que o
endividamento da população é prejudicial ao futuro do país. Resgatando a crise
econômica dos Estados Unidos, faz-se necessário lembrar que o corte do crédito
e o aumento dos juros se deu para impedir a onda de inadimplência gerada pelo
super endividamento da população. Voltando ao caso do Brasil, caso a população
continue a não conseguir quitar suas dívidas, os bancos serão obrigados a
diminuir a oferta de crédito e aumentar os juros, freiando assim o crescimento
econômico e abrindo possibilidade para uma nova crise.
Vale ressaltar, também, que é
evidente a necessidade de incentivar a educação financeira desde a infância.
Criando jovens mais conscientes sobre a importância de um bom controle
financeiro, será mais fácil encontrar adultos com as finanças equilibradas.
60
milhões de endividados – Janguiê Diniz – Mestre e Doutor em Direito – Reitor da
UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau - Fundador e Presidente do
Conselho de Administração do grupo Ser Educacional – janguie@sereducacional.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário