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domingo, 11 de março de 2018

Medicina] Método de tratamento reduz efeitos da endometriose


Os avanços nos procedimentos médicos animam mulheres que sofrem com as dores pélvicas e a infertilidade 
decorrentes da doença

A endometriose é uma doença causada pela presença de fragmentos do endométrio (parte interna do útero) fora do útero. Muitas mulheres confundem as dores da doença com aquelas decorrente das cólicas características do período menstrual, quando, na verdade, representa um problema de saúde. A endometriose é uma doença sem cura completa​, mas existem tratamentos e cirurgias para controlar seus sintomas e evitar a progressão da doença. Na grande maioria dos casos, pacientes que são submetidas a tratamentos cirúrgicos acabam apresentando altos índices de melhora dos sintomas, voltando a apresentar uma excelente qualidade de vida, ​com redução da intensidade das dores em até 80%.

Conforme a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, a videolaparoscopia é o tratamento mais indicado para mulheres que sofrem de endometriose. O procedimento, especialidade do Professor Adjunto de Ginecologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Dr. Leonardo Bezerra, é realizado por meio de pequenas incisões na região abdominal, onde é inserido o aparelho com uma câmera que guiará o médico durante a cirurgia, que consiste em cauterizar os tecidos danificados e retirar as aderências do endométrio ocasionadas pela endometriose. "Em casos mais graves, quando a vida da paciente corre risco, é preciso retirar órgãos que tenham sido danificados pelas aderências, como ovários, útero, bexiga e partes do intestino", explica o médico.

A intervenção cirúrgica pode ser realizada em pacientes nas quais o tratamento hormonal convencional não promoveu melhora de sintomas de maneira efetiva, além de servir também para identificar e eliminar os focos de endometriose, reduzindo sintomas e aumentando a chance de engravidar, além de preservar orgãos que podem ser danificados com a progressão da doença.

O Dr. Leonardo explica, ainda, outras vantagens do método: “Hoje em dia não é mais necessário se fazer grandes cortes em procedimentos cirúrgicos para tratar a endometriose, isso ​deixava a paciente com um longo tempo de cicatrização. Com as cirurgias minimamente invasivas, podemos fazer a cirurgia com uma câmera e pequenas intervenções, deixando muito mais curto o tempo de recuperação”, explicou o médico.

Infertilidade

A infertilidade acomete de 30% a 40% das mulheres com endometriose, a hora de planejar a gravidez é repleta de dúvidas para quem recebe esse diagnóstico. No entanto, o Dr. Fábio Eugênio Rodrigues, especialista em reprodução assistida, garante que há chances sim de engravidar, tanto de maneira natural como com auxílio da reprodução assistida - e a taxa de gravidez natural chega a 50% dos casos. Além disso, não existem evidências científicas que relacionam endometriose com complicações para a mãe e bebê, ou seja, a gravidez não é considerada de risco.

Há dois tipos de tratamento: a cirurgia ou as técnicas de reprodução assistida. No caso das mulheres que não apresentam nenhum problema nas tubas uterinas, ​e o espermograma do marido é normal, ​a inseminação artificial é uma boa opção. No entanto, caso a paciente tenha uma endometriose ​mais severa, ​ou outros problemas reprodutivos associados, ​a indicação é a Fertilização In Vitro (FIV). Nesse caso, os embriões já fecundados são inseridos no útero, pois a doença dificulta o processo de captação do óvulo pelas tubas uterinas.

"Se a mulher passou dos 35 anos, a probabilidade de engravidar diminui bastante e quase sempre é necessário FIV. Aos mais jovens, o índice de sucesso, inclusive de modo espontâneo, chega a 65%", explica o Dr. Fábio Eugênio.

Sobre o Dr. Leonardo Bezerra

Formado em medicina pela Universidade Federal do Ceará, Dr. Leonardo Bezerra tem mestrado e doutorado em ginecologia na Universidade Federal de São Paulo e é especialista em uroginecologia e cirurgia vaginal. Sendo referência em uroginecologia no Ceará e com 22 anos de experiência, uma de suas principais áreas de pesquisa é a cirurgia minimamente invasiva. Este ano, venceu o prêmio de melhor vídeo no Congresso Mundial de Uroginecologia, no Canadá, e, junto a sua equipe de pesquisadores, realizou a I Jornada Internacional de Ginecologia Minimamente Invasiva no Ceará.

Sobre o Dr. Fábio Eugênio Rodrigues

Fábio Eugênio (CRM 5676 – RQE 5570) é ginecologista com mestrado em tocoginecologia pela UFC, especialista em Reprodução Assistida pela AMB, ​ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana Secção Ceará e atua nesta especialidade desde 1995. É também membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Academia Americana de Ginecologia Minimamente Invasiva, Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, e Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. Atualmente é diretor Clínico e um dos quatro sócios da “BIOS – Centro de Medicina Reprodutiva”

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