Os avanços nos procedimentos
médicos animam mulheres que sofrem com as dores pélvicas e a infertilidade
decorrentes da doença
A endometriose é uma doença
causada pela presença de fragmentos do endométrio (parte interna do útero) fora
do útero. Muitas mulheres confundem as dores da doença com aquelas decorrente
das cólicas características do período menstrual, quando, na verdade,
representa um problema de saúde. A endometriose é uma doença sem cura
completa, mas existem tratamentos e cirurgias para controlar seus sintomas e
evitar a progressão da doença. Na grande maioria dos casos, pacientes que são
submetidas a tratamentos cirúrgicos acabam apresentando altos índices de
melhora dos sintomas, voltando a apresentar uma excelente qualidade de vida,
com redução da intensidade das dores em até 80%.
Conforme a Federação Brasileira
de Ginecologia e Obstetrícia, a videolaparoscopia é o tratamento mais indicado
para mulheres que sofrem de endometriose. O procedimento, especialidade do
Professor Adjunto de Ginecologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Dr.
Leonardo Bezerra, é realizado por meio de pequenas incisões na região
abdominal, onde é inserido o aparelho com uma câmera que guiará o médico
durante a cirurgia, que consiste em cauterizar os tecidos danificados e retirar
as aderências do endométrio ocasionadas pela endometriose. "Em casos mais
graves, quando a vida da paciente corre risco, é preciso retirar órgãos que
tenham sido danificados pelas aderências, como ovários, útero, bexiga e partes
do intestino", explica o médico.
A intervenção cirúrgica pode ser
realizada em pacientes nas quais o tratamento hormonal convencional não
promoveu melhora de sintomas de maneira efetiva, além de servir também para
identificar e eliminar os focos de endometriose, reduzindo sintomas e
aumentando a chance de engravidar, além de preservar orgãos que podem ser
danificados com a progressão da doença.
O Dr. Leonardo explica, ainda,
outras vantagens do método: “Hoje em dia não é mais necessário se fazer grandes
cortes em procedimentos cirúrgicos para tratar a endometriose, isso deixava a
paciente com um longo tempo de cicatrização. Com as cirurgias minimamente
invasivas, podemos fazer a cirurgia com uma câmera e pequenas intervenções,
deixando muito mais curto o tempo de recuperação”, explicou o médico.
Infertilidade
A infertilidade acomete de 30% a
40% das mulheres com endometriose, a hora de planejar a gravidez é repleta de
dúvidas para quem recebe esse diagnóstico. No entanto, o Dr. Fábio Eugênio
Rodrigues, especialista em reprodução assistida, garante que há chances sim de
engravidar, tanto de maneira natural como com auxílio da reprodução assistida -
e a taxa de gravidez natural chega a 50% dos casos. Além disso, não existem
evidências científicas que relacionam endometriose com complicações para a mãe
e bebê, ou seja, a gravidez não é considerada de risco.
Há dois tipos de tratamento: a
cirurgia ou as técnicas de reprodução assistida. No caso das mulheres que não
apresentam nenhum problema nas tubas uterinas, e o espermograma do marido é
normal, a inseminação artificial é uma boa opção. No entanto, caso a paciente
tenha uma endometriose mais severa, ou outros problemas reprodutivos
associados, a indicação é a Fertilização In Vitro (FIV). Nesse caso, os
embriões já fecundados são inseridos no útero, pois a doença dificulta o
processo de captação do óvulo pelas tubas uterinas.
"Se a mulher passou dos 35
anos, a probabilidade de engravidar diminui bastante e quase sempre é
necessário FIV. Aos mais jovens, o índice de sucesso, inclusive de modo
espontâneo, chega a 65%", explica o Dr. Fábio Eugênio.
Sobre o Dr. Leonardo Bezerra
Formado em medicina pela
Universidade Federal do Ceará, Dr. Leonardo Bezerra tem mestrado e doutorado em
ginecologia na Universidade Federal de São Paulo e é especialista em uroginecologia
e cirurgia vaginal. Sendo referência em uroginecologia no Ceará e com 22 anos
de experiência, uma de suas principais áreas de pesquisa é a cirurgia
minimamente invasiva. Este ano, venceu o prêmio de melhor vídeo no Congresso
Mundial de Uroginecologia, no Canadá, e, junto a sua equipe de pesquisadores,
realizou a I Jornada Internacional de Ginecologia Minimamente Invasiva no
Ceará.
Sobre o Dr. Fábio Eugênio
Rodrigues
Fábio Eugênio (CRM 5676 – RQE
5570) é ginecologista com mestrado em tocoginecologia pela UFC, especialista em
Reprodução Assistida pela AMB, ex-presidente da Sociedade Brasileira de
Reprodução Humana Secção Ceará e atua nesta especialidade desde 1995. É também
membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Academia Americana
de Ginecologia Minimamente Invasiva, Sociedade Americana de Medicina
Reprodutiva, Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, e Sociedade
Brasileira de Reprodução Assistida. Atualmente é diretor Clínico e um dos
quatro sócios da “BIOS – Centro de Medicina Reprodutiva”
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