“Passando por 20 municípios do
Ceará, as formações pretendem esclarecer os aspectos da afirmação identitária
no contexto do semiárido bem como os dispositivos da Lei Maria da Penha no
enfrentamento à violência contra a mulher”
Em fevereiro, o Projeto Contexto:
Educação – Gênero – Emancipação, começa um novo ciclo de formações nas 126
escolas públicas do interior do Estado que fazem parte do projeto. Dando início
as capacitações desse semestre, as escolas dos municípios de Ipaporanga,
Tamboril, Quiterianópolis e Nova Russas, receberão formações sobre
Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, onde os/as educadores/as poderão
esclarecer suas dúvidas e conhecer sobre todo o amparo conquistado através da
Lei Maria da Penha, no âmbito jurídico, social e psicológico às mulheres em
situação de violência doméstica.
Nos demais 16 municípios, será
trabalhada a temática sobre a Identidade do Semiárido, na perspectiva de
ressaltar e valorizar as particularidades de cada região, além de desconstruir
e ressignificar estereótipos estabelecidos historicamente e que trazem muitos
preconceitos e conotações negativas sobre o semiárido.
A iniciativa, co-financiada pela
União Europeia, tem como realizadora a Plataforma Marco Zero composta por
organizações nacionais e internacionais com vasta experiência nos campos
social, ambiental e educacional: We World ONLUS Itália, We World Brasil, ACACE
(Associação de Cooperação Agrícola do Estado do Ceará), Cáritas Diocesana de
Crateús, Escola Família Agrícola Dom Fragoso, ESPLAR – Centro de pesquisa e
assessoria, Instituto Maria da Penha e Pastoral do Menor Nordeste I.
Diante de um cenário preocupante
em que o Brasil ocupa a 5ª posição em casos de feminicídio, num ranking de 83
países, de acordo com o Mapa da Violência de 2015, a educação é uma
porta importante no combate a esse tipo de violência, presente em todo o
Brasil.
“O Enfrentamento à Violência
Contra a Mulher não pode ser visto apenas como um acesso aos meios jurídicos,
ele passa por um processo de educação a médio e longo prazo, por isso é tão
importante ser trabalhado dentro das escolas, através da educação que podemos
desconstruir algumas posturas e comportamentos que são vistos de forma natural
e que levam a esse ciclo de violência, esse é o ambiente que as crianças e
jovens passam a socializar, a criar dinâmicas que vão levar para toda a vida,
então é fundamental que essa pauta seja absorvida na escola”, explica Antonia
Mendes, Técnica do Instituto Maria da Penha.
O tema será abordado motivando
professores/as a trabalharem com várias ferramentas pedagógicas que podem
auxiliar na sensibilização e conscientização dentro e fora de sala de aula.
Os/As educadores/as receberão cartilhas informativas sobre os conceitos e os
tipos de violência doméstica, materiais lúdicos como um cordel sobre a Lei
Maria da Penha, feito pelo artista Tião Simpatia, além de um mapeamento das
possibilidades de atendimento no município, orientando sobre os equipamentos
públicos especializados no atendimento a essas mulheres.
Por outro lado, o Semiárido
Brasileiro, o maior e mais populoso do Mundo, enfrenta o 6º ano de crise
hídrica carecendo de políticas públicas contextualizadas às particularidades
socioambientais da região, o que exige um trabalho de base, nas escolas, que
aborde a necessidade da afirmação identitária partindo do contexto local. “Nós
vamos trabalhar nas formações a Identidade do povo do Semiárido, dentro da
perspectiva de reforçar e valorizar o jeito que eles vivem, então é trazer e
discutir com eles esses aspectos da identidade local, como a cultura, as
relações de trabalho, a alimentação, o jeito de plantar, de trabalhar, de
viver, mas sem se fechar somente onde eles estão e os/as professores/as poderão
traçar suas estratégias pedagógicas durante todo o semestre”, ressalta Cecília
dos Reis, Pedagoga da Cáritas Diocesana de Crateús. Assim, resgatará a memória
histórica da região, valorizando e ressignificando a cultura local.
Para além das formações e
acompanhamento pedagógico com profissionais que farão visitas nas escolas para
assessorar os/as professores/as na implementação dos temas em sala de aula, o
Projeto Contexto prevê um conjunto mais amplo de ações, tais como:
fortalecimento institucional das Organizações da Sociedade Civil que compõem a
Plataforma Marco Zero; articulação e envolvimento dos Conselhos Municipais de
Educação, da Mulher e da Criança e Adolescente em Grupos de Trabalho Municipais
a favor da educação contextualizada; qualificação dos Projetos Políticos
Pedagógicos das escolas; formulação de propostas de projeto de lei adotando a
educação contextualizada como princípio norteador do ensino municipal.
Participam do projeto os
municípios de Ipaporanga, Tamboril, Quiterianópolis, Nova Russas, Ararendá, Boa
Viagem, Crateús, Dep. Irapuan Pinheiro, Ipueiras, Madalena, Milhã, Mombaça,
Novo Oriente, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Poranga, Quixeramobim, Senador
Pompeu, Solonópole e Tauá.
Calendário de Formações
Enfrentamento à Violência Contra
a Mulher
06 e 09 de fevereiro –
Quiterianópolis
15 de março – Nova Russas
20 e 21 de março – Ipaporanga
Identidade do Semiárido
27 de fevereiro – Poranga
27 de fevereiro – Crateús
28 de fevereiro – Ipueiras
28 de fevereiro – Ararendá
01 de março – Tauá
01 de março – Novo Oriente
03 de março – Boa Viagem
06 de março – Quixeramobim
06 de março – Madalena
07 de março – Milhã
07 de março – Solonópole
08 de março – Piquet Carneiro
08 de março – Deputado Irapuã Pinheiro
08 de março – Senador Pompeu
09 de março – Mombaça
13 de março – Pedra Branca
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