“Passando por 20 municípios do
Ceará, o projeto realizou formações e acompanhamento pedagógico sobre o tema
para mais de 1.200 educadores”
Com a proposta de contextualizar
o ensino em sala de aula à realidade de educadores e estudantes que vivem no
Semiárido, o Projeto “Contexto: Educação, Gênero, Emancipação”, vem promovendo,
durante todo o semestre, formações e acompanhamento pedagógico sobre o tema “Os
Modelos de Convivência com o Semiárido”, em escolas do Sertão Central, Sertão
de Canindé e Sertão de Crateús/Inhamuns.
Encerrando o primeiro ciclo de
atividades das formações, as 126 escolas participantes, prepararam uma
programação para apresentar o desenvolvimento das atividades em sala de aula.
Durante todo o mês de novembro e início de dezembro, nos 20 municípios que
contam com ações do projeto, serão realizadas várias apresentações, em espaço
aberto ao público, com exposição temática e atividades culturais elaboradas
pelos próprios alunos, junto aos educadores e até na comunidade, onde foram
desenvolvidas atividades em campo.
A iniciativa, co-financiada pela
União Europeia e a ONG We World Onlus, tem como realizadores, uma rede de
organizações com vasta experiência no campo social e educacional, são elas: We
World, ACACE, Cáritas Diocesana de Crateús, EFA Dom Fragoso, ESPLAR, Instituto
Maria da Penha e Pastoral do Menor NE1.
Segundo o Coordenador do Projeto,
Rosângelo Marcelino, logo no primeiro ciclo de oficinas, foi possível superar
as expectativas de participação nas formações, o que estava previsto em 50
escolas conseguiu alcançar o número de 126 escolas, envolvendo no total mais de
1.500 participantes, sendo mais de 1.200 só de educadores. “A equipe percorreu
cerca de 7.000 km
entre as escolas que receberam as formações, estamos muito otimistas com a
forma que o projeto está sendo abraçado pelas escolas e, principalmente, pelos
educadores que estão participando das atividades”, ressaltou o Coordenador do
Projeto.
Além dos educadores, técnicos das
secretarias de educação dos municípios participantes estiveram presentes na
formação para acompanhar e ser parte do processo de transformação social e educacional
de sua região. De forma didática e interativa, as oficinas fizeram uma ampla
abordagem sobre o conceito do Semiárido, desde um panorama nacional, regional e
local, aos princípios da educação contextualizada, as experiências dos quintais
produtivos, as mandalas, a agrofloresta, o sistema bioágua, além de um olhar
crítico sobre o que se fala da seca no Nordeste e o que representa a realidade
de quem convive nessa região. A ação foi ministrada pelas pedagogas da Cáritas
Diocesana de Crateús, que foram responsáveis também pelo acompanhamento
pedagógico nas escolas.
Em quatro municípios que já
possuem a educação contextualizada de forma universalizada, como política
pública, o projeto levantou outras temáticas também importantes dentro da
proposta de levar aos professores assuntos que fazem parte da realidade e
convivência dos estudantes. Em Quiterianópolis e Tamboril, o tema escolhido foi
sobre a água, já em Nova Russas foi abordado sobre as sementes. No município de
Ipaporanga, os educadores receberam uma formação em Mediação de Conflitos e
Práticas Restaurativas, ministrada pela Pastoral do Menor Regional NE 1.
Para a Secretária de Educação do
município de Solonópole, Gorete Pinto, o projeto vem proporcionando uma
importante oportunidade de transformar uma visão construída ao longo de
gerações. “Eu tive esse mesmo olhar opaco do semiárido, vindo dos meus pais e
avós, por isso sei da importância de se trabalhar com essa temática dentro da
escola e apresentar as muitas riquezas e oportunidades que estão a nossa volta,
está sendo um prazer ter o projeto em nosso município”, disse.
As culminâncias de apresentação
dos trabalhos sobre a formação, serão realizadas nos 20 municípios
participantes, são eles: Ipaporanga, Tamboril, Quiterianópolis, Nova Russas,
Ararendá, Boa Viagem, Crateús, Dep. Irapuan Pinheiro, Ipueiras, Madalena,
Milhã, Mombaça, Novo Oriente, Pedra
Branca, Piquet Carneiro, Poranga, Quixeramobim, Senador Pompeu, Solonópole e
Tauá.
Sobre o Projeto Contexto:
Educação, Gênero, Emancipação
Co-financiado pela União Europeia
e a ONG We World Onlus, o projeto Contexto: Educação, Gênero, Emancipação,
reúne uma rede de organizações com expertises em educação contextualizada,
pedagogia da alternância, práticas restaurativas e cultura de paz, além de
assuntos voltados para o gênero e combate à violência contra a mulher,
representando os temas que serão trabalhados dentro das escolas no início de
cada semestre, durante os 4 anos de realização do projeto.
Dentro de suas especialidades,
cada parceiro possui papel importante no processo de sensibilização nos
municípios para a construção de um novo modo de pensar o ensino, que permita
uma educação emancipadora, contextualizada a realidade de cada região, com uma
população consciente dos valores de sua terra e de como utilizar os potenciais
do semiárido dentro e fora do âmbito escolar.
Além da afiliada no Brasil, da We
World Onlus, participam como realizadores do projeto as organizações Cáritas
Diocesana de Crateús, Instituto Maria da Penha, Associação de Cooperação
Agrícola do Ceará (ACACE), ESPLAR, Associação de Escola Família Agrícola Dom
Fragoso (EFA) e a Pastoral do Menor NE1, sendo a maior iniciativa projetual já
realizada envolvendo a mobilização e aplicação da educação contextualizada nas
escolas públicas municipais no Estado do Ceará.
Política Pública
Um dos pontos mais importantes do
projeto “Contexto: Educação, Gênero, Emancipação”, é tornar essa metodologia de
ensino, desenvolvida pela Rede de Educação do Semiárido Brasileiro – RESAB, uma
política pública para todas as escolas dos municípios participantes do projeto.
Atualmente, os municípios de
Ipaporanga, Tamboril, Quiterianópolis e Nova Russas, já desenvolvem esse
trabalho pedagógico como política pública, onde foi possível universalizar a
educação contextualizada em toda a rede de ensino da região. Incluindo esses
três municípios, o projeto conta com a participação de mais 17 cidades, são
elas: Ararendá, Boa Viagem, Crateús, Dep. Irapuan Pinheiro, Ipueiras, Madalena,
Milhã, Mombaça, Novo Oriente, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Poranga,
Quixeramobim, Senador Pompeu, Solonópole e Tauá.
De acordo com o Coordenador do
Projeto, Rosângelo Marcelino, a base para alcançar uma transformação social
efetiva, passa pela estruturação de uma educação emancipatória e o
fortalecimento das organizações sociais dentro dos municípios. “É muito
importante o fortalecimento das organizações que são representativas para a
sociedade, seja o diálogo com os órgãos públicos, aos conselhos de mulheres,
associações, sindicatos, por isso pensamos na construção de um Grupo de
Trabalho Municipal, que possa mobilizar e engajar essas instituições a estarem
juntas, comprometidas em dar continuidade a esse trabalho iniciado com o projeto”,
reforça o Coordenador.
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