No Ceará, a segunda chamada do
processo seletivo terá início dia 15 de setembro. "O plano é elegermos uma
bancada com 35 deputados no ano que vem", diz o presidente do partido
Novo, João Amoêdo, no EXAME Fórum 2017.
A crise econômica é resultante da
omissão do empresariado da vida pública no Brasil. E está na hora de reduzir
esse distanciamento. O presidente do partido Novo, João Amoêdo, deixou clara
sua visão para a política brasileira, em participação no EXAME Fórum 2017.
“No Brasil, o capitalismo de
Estado avançou muito. Parte porque o empresário se afastou do processo, parte
porque alguns retiravam benefícios disso, como a imposição de barreiras protecionistas”,
afirmou Amoêdo. O diagnóstico do Partido Novo, portanto, está traçado. O duro,
como também ficou claro durante o EXAME Fórum, vai ser conquistar as urnas.
Em entrevista a EXAME, Amoêdo
afirmou que o Novo deve ser incluído no roll de partidos que irá disputar a
presidência, mas mira mesmo a Câmara dos Deputados. Segundo ele, o intuito é
lançar cerca de 300 candidatos em 18 estados e no Distrito Federal.
“O plano é elegermos uma bancada
com 35 deputados no ano que vem. Há um campo propício pra isso”, disse. “Nossa
prioridade é a eleição de uma bancada de deputados, mas para o projeto do Novo
é importante termos um candidato próprio à presidência. Sabemos que por ter
pouca capilaridade nossa chance é baixa, mas o intuito é colocar nossas ideias e
pautas em debate”, afirmou.
No Ceará, a segunda chamada para
o processo seletivo terá início dia 15 de setembro. Para realizar a inscrição,
basta acessar o site www.novo.org.br ou entrar no facebook do NOVO FORTALEZA
para mais informações. Qualquer pessoa pode participar do processo seletivo
para ser candidato.
O presidente do Novo também disse
que o partido está recebendo diversas ofertas de filiação e candidatura e que
está sendo feito um processo seletivo. “O leque é bastante diversificado. A
maioria é de pessoas sem envolvimento prévio com a política, mas não temos nada
contra a vinda de políticos já com mandato, contanto que tenham a mesma visão
do Novo”.
O partido, que surgiu em 2010, em
pleno crescimento do Brasil e baixas taxas de emprego, nasceu com a ideia de
ser um partido defensor do liberalismo em um país que não tinha um
representante nesse fronte. Segundo Amoêdo, havia uma percepção de que não se
recebia o suficiente em serviços diante daquilo que se pagava em impostos.
Perguntado sobre quem seria o
candidato do partido à presidência, Amoêdo afirmou que, apesar de alguns boatos
iniciais, o técnico Bernardinho deve sair ao governo do Rio de Janeiro.
“A nível federal, não discutimos
isso à exaustão. Mas eu posso ser a opção, inclusive deixei o diretório do
partido para isso, cumprindo o estatuto do Novo que proíbe membros do diretório
não pode se candidatar a não ser que saia com 15 meses de antecedência”,
afirmou.
Em um eventual segundo turno,
Amoêdo preferiu não firmar um apoio diante do cenário ainda incerto, mas reiterou
que em 2014 o partido apoiou a candidatura de Aécio Neves ante a de Dilma
Rousseff.
A candidatura de Bernardinho ao
governo do Rio ainda não é confirmada. Em entrevista à Rede Globo, o filho de
Bernardinho, o jogador Bruninho, havia mencionado que um dos motivos de o
técnico ter deixado a Seleção de Vôlei foi a família, que também estaria
desincentivando o técnico a entrar na política.
Com Bernardinho ou não, Amoêdo
afirma que o Rio não será uma tarefa fácil para o próximo governador: o
endividamento é alto, na casa dos 17,5 bilhões de reais, a maioria resultante
da previdência do estado.
“Bernardinho é um líder e
formador de equipe. Precisamos ser muito transparentes durante a campanha para
dizer o que é preciso ser feito. A capacidade de montar uma equipe para
resolver isso é o que temos que focar”.
Durante a palestra no Fórum
EXAME, Amoêdo defendeu a extinção do fundo partidário, que, segundo ele,
funciona como um instrumento de manutenção de partidos grandes e seus caciques.
Questionado sobre como contornar o problema do fundo partidário e da troca de
favores na arrecadação para campanhas, ele respondeu que o Novo busca defender
o interesse do indivíduo.
“Ele é quem devem fazer doações e
escolher seus partidos. Não há problema de a pessoa defender seus interesses,
desde que de forma lícita e que isso não vá contra os interesses do país. Isso
é legítimo. Tirar o financiamento público irá obrigar os partidos a buscar
representatividade junto à população”.
Amoêdo também defendeu o corte de
muitos benefícios para diminuir o inchaço do Estado brasileiro, repleto de
gastos obrigatórios.
“A TLP é um avanço, pois diminui
a quantidade de empréstimos subsidiados a empresas. Mas é necessário uma
reforma da previdência, que está numa situação crítica. No fundo é drenar o
poder do Estado, que é ineficiente, não tem bons serviços e gera déficit”.
Sob a ótica liberal, Amoêdo
também falou sobre a questão de serviços do Estado e benefícios sociais. Para
ele, o Estado deve continuar a garantir certos serviços, como educação básica e
saúde, mas não precisa ser necessariamente o prestador — um modelo semelhante
ao de vouchers, em que o governo garante o pagamento para que o usuário
contrate o serviço de terceiros.
“Deve existir uma rede de
proteção, como é o Bolsa Família, para a camada da população que está na
miséria. Mas essa rede de proteção tem que ter como objetivo a saída dessas
pessoas. O mérito é ter cada vez menos pessoas recebendo o benefício”.
(Fonte: Revista Exame por Thiago
Lavado)
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