“Asja Lacis já não me escreve”
entrou em temporada no último dia 15 de julho fazendo referência à personagem
da primeira metada do século XX, a obscura atriz, diretora teatral e militante
de esquerda Asja Lacis. O espetáculo será encenado aos sábados e domingos pelo
Grupo Terceiro Corpo.
O Grupo Terceiro Corpo encena seu
segundo espetáculo, agora inspirado naatriz, diretora e militante de esquerda
Asla Lacis, que militou a favor do proletariado e das crianças orfãs de guerra,
na Rússia do início do século XX.
O escritor argentino Ricardo
Piglia fala de Asja Lacis: "Em 1923, em Berlim, Brecht conhece a diretora
teatral soviética Asja Lacis, e é ela que o põe em contato com as teorias e
experiências da vanguarda soviética". Com essas informações, diz a
diretora Maria Vitória (Terceiro Corpo), veio o desejo de conhecer mais a
biografia e a força dessa mulher.
Ricardo Piglia afirma ainda que:
"por intermédio de Asja Lacis, Brecht conhece a teoria da ostranenie
elaborada pelos formalistas russos e por ele traduzida como efeito de
estranhamento. É notável o deslocamento operado por Brecht para mostrar a
origem russa de sua teoria do distanciamento.”
Montar o espetáculo “Asja Lacis
já não me escreve” representa a consolidação e o compartilhamento de uma
pesquisa que se desenvolve há mais de dois anos, movida pela realização de um
sonho que a cada encontro se concretiza, onde a montagem é o resultado de um
processo natural, decorrente de laboratórios de criação. A peça teve o apoio
do Programa de produção e publicação em
artes 2016 de Fortaleza – Instituto Bela Vista/ SECULTFOR, e participou do
Laboratório de Pesquisa Teatral do Porto Iracema da Artes em 2015, com a
consultoria dramatúrgica de Vadin Nikitin e a interlocução artística de Héctor
Briones.
O espetáculo traz imagens que
estão atreladas e interligadas pela dramaturgia (que emerge dessa pesquisa),
mas que, para além dela, entrelaçam-se e interligam-se na vida. A transcrição
dramatúrgica e a direção ficam a cargo de Maria Vitória e no elenco Juliana
Carvalho, Marcos Paulo e Nádia Fabrici.
Grupo Terceiro Corpo – Trajetória
de pesquisa
O Grupo Terceiro Corpo, formado
por Jéssica Teixeira, Juliana Carvalho, Marcos Paulo, Maria Vitória, Nádia
Fabrici e Sara Síntique, surgiu de uma vontade latente de pesquisar o trabalho
do ator. Desde fevereiro do ano de 2014, o Grupo Terceiro Corpo se reúne
sistematicamente e vem dando vida aos laboratórios de criação em torno do
trabalho do ator a partir da premissa do Solo-coletivo.
A primeira peça escolhida para
montagem, Tudo ao Mesmo Tempo Agora,escrita por Maria Vitória, foi agraciado
pelo Prêmio de Dramaturgias Femininas e foi a base para o primeiro laboratório
de ator desenvolvido pelo Grupo Terceiro Corpo.
A ideia do Solo-coletivo trabalha
com o conceito de personagem partilhada, na qual temos apenas uma personagem em
cena e mais de um ator para representá-la. A nova empreitada do grupo gira em
torno da figura de Asja Lacis, a obscura atriz, diretora teatral e militante de
esquerda da primeira metade do século XX.
Paixão
Pelo que consta em algumas
citações do escritor argentino Ricardo Piglia, Asja foi uma atriz e diretora de
teatro que influenciou de forma significativa o meio teatral, em especial, o
alemão Bertolt Brecht. Asja Lacis foi também colaboradora de Meyerhold e de
Eisenstein, próxima do grupo de Maiakóvski.
Asja é uma grande paixão de Walter
Benjamin, e por intermédio dela Brecht e Benjamin se conhecem. Em fim dos anos
30, Asja Lacis desaparece num campo de concentração stalinista. “Asja Lacis já
não me escreve”, registra Brecht em seu diário de janeiro de 1939.
Sinopse – Asja Lacis já não me
escreve
Asja Lacis, mola propulsora da
peça “Asja Lacis já não me escreve”, era uma revolucionária, atriz e diretora
de teatro russa. Mulher apaixonada que acreditava no poder revolucionário do
teatro, Asja desenvolveu incansavelmente um teatro com operários e com crianças
órfãs de guerra.
Foi colaboradora de Meyerhold e
de Eisenstein, próxima do grupo de Maiakóvski. Asja foi amante e parceira
intelectual de Walter Benjamin; por intermédio dela, Benjamin e Brecht se
conheceram.Em fim dos anos 30, Asja Lacis desaparece num campo de concentração
stalinista e Brecht registra em seu diário de janeiro de 1939: “Asja Lacis já
não me escreve”. A peça traz às luzes da ribalta, no ano em que se comemora o
centenário da Revolução Russa, a vida
dessa mulher que foi eclipsada pela história do teatro Ocidental.
Ficha técnica
Direção e transcriação
dramatúrgica: Maria Vitória.
Elenco: Juliana Carvalho, Marcos
Paulo e Nádia Fabrici.
Figurino: Maria Vitória
Iluminação: Maria Vitória e Rami
Freitas
Realização: Grupo Terceiro Corpo
Serviço
Local: Teatro Dragão do Mar –
Fortaleza / CE
Datas/horários: de 15 a 30/07, aos sábados e
domingos, às 20h.
Ingressos: R$20,00 (inteira) e
R$10,00 (meia).
“Projeto apoiado pelo Porto
Iracema das Artes – Escola de Formação e Criação do Ceará e pelo Programa de
produção e publicação em artes 2016 de Fortaleza – Instituto Bela Vista/
SECULTFOR".
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