A cerveja está sempre ligada ao
universo masculino, porém, desde os primórdios da bebida elas sempre tiveram
participação em sua história
Apesar de muita gente ainda
associar o universo masculino ao hábito de tomar cerveja, as mulheres sempre
tiveram participação ativa na cena cervejeira desde os primórdios da bebida.
Com relação à história da
cerveja, sua produção teve início por volta de 4.000 A.C., e as responsáveis
foram as mulheres da Suméria, que as produziam e comercializavam enquanto os
homens saíam para caçar. Além disso, os sumérios também tinham uma deusa que
representava a bebida, chamada Ninkasi.
Outra deusa também contribuiu para
a história: Ceres é conhecida como a deusa dos cereais, daí a origem do nome
cerveja. “Por volta de 1.800 A.C., foi escrito um poema chamado Hino para
Ninkasi, que era a primeira receita de uma cerveja, cuja fórmula contém ervas e
grãos variados”, explica Camila Nassar, técnica de produção da cervejaria
Berggren.
Cervejeira por acaso
Natural de Itajubá, sul de Minas
Gerais, Camila tem 32 anos e seu interesse pela produção de cerveja foi por
acaso. “Estava procurando estágio obrigatório e qualquer lugar que abria uma
vaga para engenharia, eu mandava meu
currículo. Foi aí que surgiu a vaga de estágio em uma empresa do ramo
cervejeiro, sendo que no assunto de cerveja eu só sabia beber e fazer balanço
de massa em grandes equipamentos, confesso que nem sabia que dava para fazer
cerveja em casa”, diz ela.
No mesmo ano ela começou a estudar sobre insumos (lúpulo, fermento, malte) e ler livros para cervejeiros caseiros. Em pouco tempo ela já comprou seus equipamentos para começar a fazer cerveja em casa e pôr em prática toda a teoria que acumulara. Apesar de ter aprendido muito com esse estágio, ela diz que vivenciou alguns episódios de preconceito.
“Em 2016 eu já era gerente de uma
loja de cervejas de Campinas e, apesar de entender bastante sobre o assunto,
muitos clientes gostavam de tirar dúvidas com um dos atendentes homens, porém,
esses últimos sempre acabavam recorrendo a mim, o que deixava os clientes sem
graça quando presenciavam tal cena.”,
ressalta Camila.
Profissão que virou hobby
Já em 2018, ela começou a
trabalhar em um pequeno brewpub em Sousas (Campinas), fazendo de tudo, desde a
parte de entrega de Barril e montagem da chopeira para o cliente até a produção
(brasagem). Em 2019, ela continuou sua trajetória na cervejaria Berggren, no laboratório,
cuidando da qualidade de todo o processo. Posteriormente, ela foi para o setor
de produção de cerveja. “Aqui foi onde menos sofri preconceito por ser mulher.
Talvez pelo detalhe de não trabalhar diretamente com o público como nas outras
empresas”, explica.
Hoje ela se diz realizada na
profissão e que o trabalho se tornou um hobby, tanto que em alguns finais de
semana ela fica em casa criando receitas e produzindo. “Trabalhar hoje com a
marca é um sonho realizado, pois minha trajetória não foi fácil, tive sempre
que provar que era capaz, estudar e mostrar meu potencial, mas creio que se eu
fosse um homem tudo isso seria mais fácil”, finaliza Camila.
Sobre a Berggren
A Berggren é uma cervejaria que
foi oficialmente inaugurada em novembro de 2015. Quem está à frente dos
trabalhos é o Diretor Geral Lucas Berggren. A empresa teve seu projeto iniciado
entre 2008/2009, quando a família Berggren começou a estudar o funcionamento
dos equipamentos para a montagem da fábrica e entre 2013/2014 a família, que tem
atuação na indústria têxtil, ganhou um fôlego financeiro e deu retomada
definitiva ao projeto.
Produzindo cervejas de estilo clássico, e outras inspiradas na Escola Americana, a Berggren Bier conta com uma fábrica piloto (com laboratório e estrutura de envase) para testar as cervejas – algo presente em poucas cervejarias do país.
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