Espetáculo Nós, com Grupo Galpão.
Foto: Guto Muniz
Esta é a mais recente montagem do
grupo mineiro, que leva ao palco questões do mundo contemporâneo, como
intolerância, violência, diversidade e convivência com a diferença, em uma
abordagem política
A CAIXA Cultural Fortaleza e a
Petrobras apresentam, de 1 a
3 de setembro de 2017, o espetáculo Nós, do Grupo Galpão, uma das companhias mais
importantes do cenário teatral brasileiro, que completa 35 anos de trajetória
em 2017. Com direção de Marcio Abreu, esta é a 23ª e mais recente montagem do
grupo sediado em Belo Horizonte (MG), que festeja a data em turnê por várias
cidades do país e traz a peça pela primeira vez à capital cearense.
No palco, os atores Antonio
Edson, Beto Franco, Eduardo Moreira, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo
André e Teuda Bara celebram a vida, enquanto preparam a última sopa e debatem,
sob um prisma político, questões do mundo contemporâneo – a intolerância, a
violência, a diversidade, a convivência com a diferença. “O espetáculo Nós
somos nós, o Galpão, esse coletivo que comemora 35 anos de existência e nós,
seres humanos e artistas de teatro para lá dos 50, com suas perplexidades,
questões, angústias, algumas esperanças e muitos nós”, explica o ator Eduardo
Moreira, que assina a dramaturgia com o diretor Marcio Abreu.
Processo criativo
Para chegar nesse resultado, tudo
começou em 2014, quando Marcio Abreu foi convidado para a direção de Nós. Na
época, os atores se entregavam a exercícios solo, com o objetivo de contemplar
desejos individuais e criar alternativas para um projeto coletivo. O diálogo e
o confronto entre o coletivo e os anseios de cada artista se manifestavam de
maneira urgente, num grupo de atores com mais de três décadas de convivência
artística diária.
Assim que começaram os ensaios,
em agosto de 2015, o diretor foi indagado sobre que tipo de espetáculo
vislumbrava construir em parceria com o Galpão. A resposta foi direta e
precisa: “um trabalho político”. Segundo o artista carioca, responsável pela
direção de produções recentes como “Krum” e “projeto brasil”, ambos realizados
em 2015 com a companhia brasileira de teatro, “o Galpão é um dos primeiros
grupos de trabalho continuado, com patrocínio em longo prazo, planejamento,
turnês internacionais e circulação por todo país”, e acrescenta: “em tanto
tempo de estrada, o Grupo criou um centro cultural, o Galpão Cine Horto, onde
muita gente se forma e se recicla, onde festivais acontecem, espetáculos de
toda parte se apresentam, artistas se encontram, ideias são fomentadas e
reverberam na cidade de Belo Horizonte e pelo Brasil afora. Por tudo isso,
assumiu uma dimensão política e hoje
pertence ao imaginário teatral brasileiro como uma referência”.
Esse desejo essencial norteou a
elaboração de uma dramaturgia própria, criada a partir de improvisos, tomando
como tema a reação do coletivo de atores diante das pressões exercidas pelo
mundo sobre cada um deles. Durante o processo, foi experimentado o significado
de estar dentro e ser colocado para fora e vice-versa. Situações intimamente
conectadas à utopia de se conviver com as diferenças, sem que fossem emitidos
juízos de valor.
Os atores mergulharam ainda em
diversas leituras de textos contemporâneos, como “Programa de Televisão” de
Michel Vinaver e “Ódio à Democracia” de Jacques Rancière, entre outros. Marcio
provocou questões que foram fundamentais para definir qual caminho seguir na
estruturação do texto e da encenação: “o que podemos fazer juntos?” e “de que
maneira respondemos ou reagimos ao mundo como ele nos chega hoje?”, perguntas
às quais sempre recorria no decorrer dos ensaios. Para o diretor, “buscar uma abordagem
política num trabalho de criação é pensar não só no que dizer, mas como dizer,
e nesse sentido, a forma dos textos é tão fundamental quanto o conteúdo. Assim
podemos encontrar uma zona de diálogo mais intenso entre nós e entre nós e o
mundo lá fora”.
Nesse contexto, a criação teatral
seria um ato de pura incompletude, em que se faz necessário recomeçar sempre,
mesmo que não se saiba nem como, nem por quê. “Obstinado como o próprio “fazer
teatral”, ofício de que não desistimos nunca e continuamos em frente, mesmo que
os tempos pareçam demasiado sombrios. Ato pelo qual esperamos sempre reafirmar
que seguimos vivos, ato de reinvenção”, completa, Eduardo Moreira.
Diretor Marcio Abreu
Dramaturgo, diretor e ator.
Fundador e integrante da Companhia Brasileira de Teatro, sediada em Curitiba.
Desenvolve projetos de pesquisa e criação de dramaturgia própria, releitura de
clássicos e encenação de autores contemporâneos inéditos no país. Realiza ações
de intercâmbio com artistas do Brasil e da França. Escreveu uma versão de Os
três porquinhos para a Commedie Française, dirigida por Thomas Quillardet, com
temporada de estreia em 2012, em Paris. É autor de A história do rock por
Raphaelle Bouchard, que estreou em Limoges, na França, também em 2012, com a
Compagnie Jakart Mugiscué. Recebeu inúmeros prêmios e indicações. Entre eles o
prêmio Bravo!, o prêmio Shell, o APCA, o prêmio Governador do Estado, no
Paraná, o APTR e o Questão de Crítica. Foi escolhido pelo jornal Folha de São
Paulo como personalidade teatral do ano, em 2012.
A Petrobras é patrocinadora do
Grupo Galpão.
Bate-papo
No dia 2 de setembro, sábado, das
13h às 15h, o Grupo Galpão vai realizar um bate-papo, como forma de
possibilitar a aproximação entre o público e o elenco da companhia,
incentivando o desenvolvimento artístico e a troca de experiências. O encontro,
que acontece no teatro da CAIXA Cultural Fortaleza, é voltado para artistas,
grupos e interessados em artes cênicas, que queiram desenvolver seus
conhecimentos na área. Entrada livre, sujeita à lotação do espaço.
Serviço:
Teatro: Nós, com Grupo Galpão
(MG)
Local: CAIXA Cultural Fortaleza
Endereço: Av. Pessoa Anta, 287,
Praia de Iracema
Data: 1 a 3 de setembro de 2017
Horários: sexta-feira e sábado às
20h | domingo, às 19h
Duração: 90 minutos
Ingresso: R$ 10,00 (inteira) e R$
5,00 (meia)
Classificação indicativa: 16 anos
Vendas a partir de 31/08, das 10h
às 20h, na bilheteria do local
Acesso para pessoas com
deficiência e assentos especiais
Serviço de manobrista gratuito no
local
Paraciclo disponível no pátio
interno
Bate-papo com o elenco do Grupo
Galpão
Local: Teatro da CAIXA Cultural
Fortaleza
Data: 2 de setembro ( sábado)
Horário: de 13h às 15h
Entrada gratuita
Entrada livre, sujeita à lotação
do espaço
Informações gerais | CAIXA
Cultural Fortaleza: (85) 3453-2770
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