Nesta segunda e terça-feira, 28 e
29/8, secretários e dirigentes estaduais de cultura de todo o país
estiveram reunidos em Brasília, na Biblioteca Nacional, para discutir os rumos
da cultura do país. O Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes de Cultura
dos Estados, presidido pelo secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano
dos Santos Piúba, e o Fórum dos Secretários e Gestores de Cultura das Capitais
e Municípios Associados estiveram reunidos pela primeira vez. Na ocasião, o
grupo lançou um manifesto "Quero Cultura", que foi entregue ao
Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Junto ao manifesto, os fóruns
estão lançando uma campanha de mobilização em defesa das políticas culturais. A
ideia é fazer uma grande mobilização pelo País, a partir do slogan e do selo
"Quero Cultura".
"Em torno de uma agenda
comum, os dois fóruns se reuniram neste dois dias em Brasília. Escrevemos um manifesto
não apenas para ser entregue ao Ministério da Cultura, mas sim um documento
para a sociedade brasileira, sobretudo para as pessoas do campo artístico e
cultural. Nos reunimos para tratar de duas agendas. A primeira tem uma dimensão
prática, debatendo a retomada dos convênios do MinC com estados e municípios,
tendo em vista qual o compromisso do Ministério da Cultura em honrar com parte
desses recursos de objetos conveniados e contratados, como por exemplo o do
Programa Cultura Viva, que é o programa dos Pontos de Cultura", ressaltou
o presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes de Cultura dos
Estados, Fabiano dos Santos Piúba, também secretário da Cultura do Estado do
Ceará.
"A outra agenda foi mais
política e estratégica, que consiste na realização de uma campanha chamada
'Queremos Cultura', que será lançada nos próximos meses, com culminância no Dia
Nacional da Cultura, 5 de novembro. Essa é uma ação que tem objetivo de
envolver todos os municípios no mesmo dia e mesma hora com uma mensagem em
torno da defesa da política cultural brasileira como dimensão importante de
desenvolvimento e percepção da cultura como papel estratégico para isso",
comentou o gestor.
O presidente do Fórum Nacional
dos Secretários e Dirigentes de Cultura dos Estados comentou também sobre a
receptividade do ministro Sérgio Sá Leitão. "O Ministro participou e
compareceu à reunião como convidado dois dois fóruns. Nós apresentamos a carta
para ele, fizemos a leitura, e ele também falou qual a prioridade do MinC na
atual gestão", destacou.
"Na nossa avaliação o
encontro foi muito mais importante pela reunião conjunta, possibilitando aos
dois fóruns uma agenda comum e de integração federativa entre os Estados e
municípios, mais do que, exatamente, a reunião com o Ministro. Que foi importante,
sem sombra de dúvidas, sobretudo nos aspectos mais práticos, mas saímos
animados com essa agenda de integração federativa e da campanha do 'Quero
Cultura'", reforçou.
Manifesto em defesa da Cultura
"A Cultura tem papel central
no desenvolvimento do País e não pode ser política secundária e
complementar", traz o manifesto assinado pelo Fórum Nacional dos
Secretários e Dirigentes de Cultura dos Estados e o Fórum dos Secretários e
Gestores de Cultura das Capitais e Municípios Associados, que defendem o fortalecimento
das políticas culturais e do Ministério da Cultura (MinC).
"O Ministério da Cultura é
fundamental para a construção de um País cidadão. Organizar o Sistema Nacional
de Cultura nos 26 estados, no Distrito Federal e nos 5.570 municípios do Brasil,
por exemplo é um dos desafios consistentes pela frente", ressalta o
documento, que também critica o desmonte do MinC.
"O Ministério da Cultura
passa por um processo de desmonte e desconstrução que fragilizam a sua
estrutura. Os cortes orçamentários que foram de 43%, nos últimos meses, são
imorais e inconstitucionais. O artigo 216-A da Constituição Federal, que
institui o Sistema Nacional de Cultura, determina, em seu parágrafo primeiro,
inciso XII, que haja 'uma ampliação progressiva dos recursos contidos nos
orçamentos públicos para a cultura', e não sua redução", destaca o
manifesto.
O documento também traz nove
pontos defendidos pelos fóruns. Entre eles estão a integralidade do Ministério
da Cultura e o fortalecimento do diálogo do MinC com a sociedade e os fóruns
nacionais de dirigentes de cultura; o fortalecimento do perfil técnico do MinC
e a valorização dos servidores de carreira; a regulamentação do Sistema
Nacional de Cultura; e os cumprimentos contratuais dos objetos firmados em
torno dos convênios entre o MinC e os órgãos gestores de cultura no âmbito
estadual e municipal.
Outros pontos são a consolidação
das políticas de produção regionalizada de conteúdo artístico; a renovação da
Lei do Audiovisual; a criação de legislação nacional alternativa à Lei
8666/1993, para promover a desburocratização dos processos de contratações
artísticas e serviços culturais; o apoio ao uso das inovações trazidas pela
legislação do Marco Regulatório das
Organizações da Sociedade Civil (MROSC - Lei 13019 de 2014) na gestão pública
cultural; e o apoio ao uso das inovações trazidas pela legislação do Programa
Cultura Viva.
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