“Asja Lacis já não me escreve” entra em
temporada no próximo dia 06 de abril fazendo referência à personagem da
primeira metada do século XX, a obscura atriz, diretora teatral e militante de
esquerda Asja Lacis.O espetáculo será encenado às sextas-feiras pelo Grupo
Terceiro Corpo. O Grupo Terceiro Corpo retoma seu segundo espetáculo, inspirado
na atriz, diretora e militante de esquerda Asla Lacis, que militou a favor do
proletariado e das crianças orfãs de guerra, na Rússia do início do século XX.
O escritor argentino Ricardo
Piglia fala de Asja Lacis: "Em 1923, em Berlim, Brecht conhece a diretora
teatral soviética Asja Lacis, e é ela que o põe em contato com as teorias e
experiências da vanguarda soviética". Com essas informações, diz a
diretora Maria Vitória (Terceiro Corpo), veio o desejo de conhecer mais a
biografia e a força dessa mulher. Ricardo Piglia afirma ainda que: "por
intermédio de Asja Lacis, Brecht conhece a teoria da ostranenie, elaborada
pelos formalistas russos e por ele traduzida como efeito de estranhamento. É
notável o deslocamento operado por Brecht para mostrar a origem russa de sua
teoria do distanciamento.”
O espetáculo “Asja Lacis já não
me escreve” representa a consolidação e o compartilhamento de uma pesquisa que
se desenvolve há três anos, movida pela busca de um teatro comprometido com a
voz das mulheres e com as questões de nosso tempo, um teatro no qual a
encenação é o resultado de laboratórios de investigação e de criação.
A peça participou do Laboratório
de Pesquisa Teatral do Porto Iracema da Artes em 2015, com a consultoria
dramatúrgica de Vadin Nikitin e a interlocução artística de Hector Briones. A
transcrição dramatúrgica e a direção ficam a cargo de Maria Vitória e no elenco
Juliana Carvalho, Marcos Paulo e Nádia Fabrici.
Grupo Terceiro Corpo – Trajetória
de pesquisa
O Grupo Terceiro Corpo, formado
por Jéssica Teixeira, Juliana Carvalho, Marcos Paulo, Maria Vitória, Nádia
Fabrici e Sara Síntique, surgiu de uma vontade latente de pesquisar o trabalho
do ator. Desde fevereiro do ano de 2014, o Grupo Terceiro Corpo se reúne
sistematicamente e vem dando vida aos laboratórios de criação em torno do
trabalho do ator a partir da premissa do Solo-coletivo.
A primeira peça escolhida para
montagem, Tudo ao Mesmo Tempo Agora, escrita por Maria Vitória, foi agraciado
pelo Prêmio de Dramaturgias Femininas e foi a base para o primeiro laboratório
de ator desenvolvido pelo Grupo Terceiro Corpo.
A ideia do Solo-coletivo trabalha
com o conceito de personagem partilhada, na qual temos apenas uma personagem em
cena e mais de um ator para representá-la. A nova empreitada do grupo gira em
torno da figura de Asja Lacis. A obscura atriz, diretora teatral e militante de
esquerda da primeira metade do século XX, Asja Lacis.
Paixão
Pelo que consta em algumas
citações do escritor argentino Ricardo Piglia, Asja foi atriz e diretora de
teatro que influenciou de forma significativa o meio teatral, em especial, o
alemão Bertolt Brecht. Asja Lacis foi também colaboradora de Meyerhold e de Eisenstein,
próxima do grupo de Maiakóvski.
Asja é uma grande paixão de
Walter Benjamin, e por intermédio dela Brecht e Benjamin se conhecem. Em fim
dos anos 30, Asja Lacis desaparece num campo de concentração stalinista. “Asja
Lacis já não me escreve”, registra Brecht em seu diário de janeiro de 1939.
Sinopse – Asja Lacis já não me
escreve
Asja Lacis foi uma
revolucionária, atriz e diretora de teatro russa. Mulher de muitas faces e à
frente do seu tempo, Asja trabalhou teatro com operários e com crianças órfãs
de guerra. Por intermédio dela, Walter Benjamin e Brecht se conheceram. Em fim
dos anos 30, Asja Lacis desaparece num campo de concentração stalinista e
Brecht registra em seu diário de janeiro de 1939: “Asja Lacis já não me
escreve”. A peça traz às luzes da ribalta a vida dessa mulher que foi eclipsada
pela história do teatro Ocidental.
Ficha técnica
Direção e transcriação
dramatúrgica: Maria Vitória.
Elenco: Juliana Carvalho, Marcos
Paulo e Nádia Fabrici.
Figurino: Maria Vitória
Iluminação: Maria Vitória e Rami
Freitas
Realização: Grupo Terceiro Corpo
Serviço
Local: Teatro Dragão do Mar.
Datas/horários: 06, 13 e 20 de
abril (sextas-feiras), às 20h.
Ingressos: R$20,00 (inteira) e
R$10,00 (meia).
“Projeto apoiado pelo Porto
Iracema das Artes – Escola de Formação e Criação do Ceará"
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