Os 82 anos de morte de Virgulino Ferreira, o Lampião, são revividos pelo O POVO a partir de reflexões, em um especial sobre a trajetória do cangaceiro. O conteúdo, lançado nesta terça, 28, está disponível na plataforma multistreaming O POVO+: mais.opovo.com.br
O apurado de informações e pensamentos é resultado de uma produção dos jornalistas Érico Firmo e Regina Ribeiro, que reuniram as principais histórias acerca da vida do cangaceiro, com distintas e relevantes abordagens.
Os passos do nordestino, principalmente pelo Ceará, abrem diálogos sobre de que forma seu nome ganhou repercussão mundial. "Ele ficou muito marcado no imaginário do Nordeste, no sertão principalmente, mas se conhece muito pouco. Um dos esforços é de separar o que, na verdade, foi lenda, realidade ou auto marketing. Essas coisas ainda se confundem em meio às histórias. O Frederico Pernambucano de Melo, um grande historiador, fala que o Lampião é um grande marqueteiro de si mesmo, por exemplo. Então vamos abordar muito a partir disso", comenta Érico.
A construção do personagem por meio da imagem de herói que tentava firmar, apesar da violência que estava envolvido, pela abordagem do jornalista, ganha espaço na produção junto a sua trajetória pelos estados nordestinos e, principalmente, sua relação com Padre Cícero, além dos olhares sobre sua reputação dentro e fora do Brasil. "Além disso, o Lampião tem muito sobre polêmica. Aquela imagem que ele tentou construir, que saiu no The New York Times, por exemplo, ele tentava se apresentar assim, mas, no fundo, não era nada disso", pontua Érico.
Já as reportagens históricas do O POVO, que alcançam o princípio da caminhada de Lampião, são resgatadas por Regina Ribeiro em uma contextualização que permite uma viagem no tempo enquanto dialoga com a sociedade atual, num convite à reflexão sobre o que ainda segue enraizado nos dias de hoje. O POVO vem desde a década de 1930 acompanhado tudo o que Lampião fez e representou.
"Ele se transformou num personagem do cangaço e é como se ele representasse todo o cangaço brasileiro naquela situação. O banditismo e a violência extrema no sertão brasileiro. Uma violência que não era apenas do cangaço. É interessante voltar a essa questão hoje porque não retornamos como se o Lampião fosse peça de antiquário. Mostramos uma janela privilegiada com retratos de uma sociedade de um passado ainda muito presente", pontua Regina.
A violência que Lampião patrocinava e também sofria, bem como os aspectos acerca da sua morte e como isso ainda vem sendo abordado são reflexões destacadas na produção. A jornalista explica que voltar ao episódio da morte do cangaceiro é mostrar como a sociedade é violenta e, também, como essa base é patrocinada, muitas vezes, institucionalmente.
"No caso do Lampião a violência que ele patrocinou faz parte dessa violência própria que muitas vezes determinou a exclusão. Ele próprio foi um homem que entrou no cangaço para vingar a morte do pai. Na verdade, trazer de volta essa história é convidar para uma reflexão de como a sociedade brasileira, passados 100 anos da entrada do lampião no cangaço, ainda tem reflexos desse cenário. E, embora muita coisa tenha mudado, e a gente não tenha uma sociedade ruralista, uma coisa ficou intacta, a violência. A decisão de trazer de volta essa questão do Lampião está muito pautada nisso de nos fazer refletir sobre quais são os sinais e evidências de olhar o que hoje ainda existe e vem da sociedade dos anos 1930. Para que a gente até compreenda melhor a nossa sociedade hoje. A história é construída individualmente e coletivamente" pontua Regina.
O conteúdo do especial ainda aborda vídeo sobre Lampião, depoimento de historiador e abordagens diversas dos últimos 100 anos em análises sobre a vida do cangaceiro: mais.opovo.com.br
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