Janguiê Diniz
(Foto: Armando Artoni)
A educação é o grande diferencial
de qualquer país. Através dela é possível promover melhor condição social e o
desenvolvimento econômico das nações. Mas, não apenas isso. O acesso amplo à
educação de qualidade é um antídoto contra a corrupção. Essa afirmação vem
respaldada por uma pesquisa, publicada no ano passado, sobre a percepção de
desvios e a evolução da escolaridade em 78 países desde 1870, elaborada pelo
cientista político sueco Bo Rosthstein.
De acordo com Rosthtein, a raiz
da corrupção está no descuido histórico com a educação. Isso explicaria porque
nações que foram pioneiras em valorizar o ensino público são mais transparentes
com a sociedade. Além disso, os países menos corruptos do mundo, como a
Alemanha, investiram desde muito cedo na educação de qualidade.
A corrupção mundial prejudica o
desenvolvimento das nações e detém, a cada ano, cerca de um trilhão de dólares
em propinas e subornos, de acordo com estimativas do Banco Mundial (Bird). É
triste afirmar que o baixo nível de educação resulta em corrupção. Entretanto,
o Brasil é nosso exemplo. O país nunca passou por uma reforma para
universalizar o acesso à educação e as crianças de baixa renda são reféns de um
ensino público que está, em sua maior parte, precário e sucateado.
Fica a pergunta: só é possível
chegar a uma sociedade mais justa com educação? A resposta é sim. A educação é,
de longe, a forma mais eficiente de chegarmos ao desenvolvimento porque ela
promove integração, oportunidades iguais e, consequentemente, cobranças ao Estado.
É preciso deixar claro que a educação não evita a má política, mas, a população
brasileira precisa ter a consciência de que a corrupção produz pobreza e impede
o desenvolvimento do país. Uma sociedade com acesso à educação é mais confiante
e menos tolerante à corrupção.
É possível mudar esse contexto?
Sem dúvidas. A solução para iniciar um processo de mudança está,
primordialmente, na educação e na mudança de legislação para evitar a
impunidade. Nesses tantos anos, evoluímos pouco. Há algum tempo, o Congresso
aprovou a Lei de Acesso à Informação, um grande avanço quando pensamos no
acesso de informações públicas ao cidadão. E essa, talvez, seja a melhor forma
de acompanharmos e cobrarmos mudanças reais. Mas, para isso, é preciso que o
povo seja educado para buscar e fazer bom uso das informações que devem estar
disponíveis a todos.
Precisamos analisar que a
corrupção é derivada de vários “deslizes”, como por exemplo a falta de
transparência no trato do bem público, especialmente durante a realização de grandes
negócios, a exemplo das privatizações. Não adianta apenas combater a corrupção
se não tivermos bons gestores para administrar o país. Para acabarmos com a
corrupção é preciso também punições rigorosas, uma sociedade civil organizada e
com um olhar atento e crítico sobre o Estado.
A
educação contra a corrupção – Janguiê Diniz – Mestre e Doutor em Direito –
Reitor da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau – Fundador e
Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional
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