ARTISTA: Paddy Fordham
Wainburranga, 1941 – 2006
REGIÃO: Beswick, Território do
Norte, Katherine, Rembarrnga
OBRA: No Princípio dos Tempos, 1995 In the Beginning of
Time
TÉCNICA: Serigrafia sobre papel
fine-art
A mais vigorosa, significativa e
diversificada coleção de obras de arte dos povos indígenas da Austrália está em
exibição na CAIXA Cultural Fortaleza até o dia 13 de novembro de 2016. Na
exposição O Tempo Dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália, estão
reunidas mais de 70 obras, entre pinturas, esculturas e impressões, que
englobam um período de 45 anos, desde o despertar da comercialização da arte
aborígene contemporânea na década de 70 até o presente.
Escolas, universidades, projetos
sociais, artistas e demais interessados podem realizar o agendamento de grupos
para visitas guiadas. Para isso, devem entrar em contato com a bilheteria da
CAIXA Cultural Fortaleza, por meio do telefone 3453-2770.
As obras expostas
Os trabalhos foram selecionados
pelo curador brasileiro Clay D´Paula e pelos australianos Adrian Newstead e
Djon Mundine, dentre uma extensa coleção de mais de duas mil obras da mais
antiga galeria de arte aborígene da Austrália, a Galeria de Arte Coo-ee. Peças
de coleções privadas também atravessaram o oceano exclusivamente para esta
exposição.
A mostra reúne os artistas
aborígenes de maior projeção internacional e com uma paleta refinada e repleta
de cores, como a do celebrado artista Rover Thomas (1926-1998) com suas
paisagens de cor ocre que mudaram, com sua visão, a percepção paisagística
australiana. Suas pinturas podem ser apreciadas da mesma forma que as criadas
pelos impressionistas no século XIX, mas, sem horizontes. A estética
desenvolvida pelos artistas lembra o minimalismo e o expressionismo. Mas as
obras criadas pelos artistas trazem uma linguagem visual única – lembrando que
os artistas indígenas da Austrália, na sua grande maioria, não tiveram contato
algum com a arte europeia.
Outra artista de destaque,
considerada pela crítica como uma das maiores pintoras da abstração do século
XX, é Emily Kame Kngwarray (1910-1996), que estará representada na mostra com
dois trabalhos. Um deles é a pintura “Sem título, 1992” . Nela, em uma linguagem
visual expressionista e singular, cores
vermelhas, alaranjadas e amarelas se mesclam para retratar as nuvens, o céu, a
paisagem remota e inóspita do deserto australiano.
Os visitantes vão poder apreciar
as bark paintings (pintura sobre entrecasca de eucalipto típica do norte
tropical da Austrália, região conhecida como Arnhem Land.) Essa é uma das
formas de expressão artística mais antigas do mundo, com mais de 40 mil anos.
Inicialmente, as bark paintings tinham uma pobreza estética muito grande porque
não foram criadas para durar, mas sim para cerimônias ou decoração. Hoje elas
trazem uma arte cheia de detalhe, de uma execução primorosa, sendo
consideradas arte, e não artefato, e
estão em museus renomados e coleções particulares em todo o mundo.
A arte aborígene contemporânea da
Austrália
No Brasil, costuma-se pensar de
forma equivocada em artefatos indígenas. Com isso, pode causar surpresa ao
público brasileiro descobrir que a produção artística dos aborígenes da
Austrália vem sendo cada vez mais valorizada e reconhecida como arte. As obras
dos artistas aborígenes contemporâneos estão no MOMA de Nova Iorque, em museus de arte contemporânea espalhados
pelo mundo e já foram expostas nos principais eventos mundiais de arte, como a
Bienal de Veneza, o Documenta, na Alemanha e a Bienal de São Paulo. A arte
Aborígene da Austrália movimenta cerca de 200 milhões de dólares por ano
naquele país-continente. Estima-se que hoje mais de 7 mil artistas indígenas
vivam de sua prática artística.
"Nós, brasileiros, tivemos, até hoje, poucas oportunidades de
conhecer todo esse universo da arte aborígene da Austrália – o
que pode, inclusive, levar-nos a refletir sobre os povos indígenas de nosso
país. O Brasil e a Austrália possuem
muitas coisas em comum. Contribuir para aproximá-los e convidar ao diálogo é um
dos objetivos dessa exposição", justifica o curador Clay D´Paula.
O Sonhar
Os artistas aborígenes pintam os
seus sonhos (mas não a ideia Junguiana de sonhar e sua associação do
inconsciente). Para eles pintarem o seu
"Sonhar" (traduzindo da palavra "Dreaming", em inglês)
implica recontar estórias que são atemporais a fim de mantê-las vivas e
repassá-las a futuras gerações. Não se trata de algo religioso, tem a ver com a
sua sobrevivência. Essas pinturas contêm informações vitais, como por exemplo
onde encontrar água "viva" permanente. Manter o "Sonhar"
vivo é a motivação fundamental para a prática da arte dos artistas indígenas da
Austrália.
Reflexão: Com esta exposição os
curadores buscam proporcionar ao povo
brasileiro a oportunidade de refletir sobre os povos indígenas da Austrália e
do Brasil e sobre o impacto da colonização sobre eles. Reconhecer o potencial
artístico dos nossos ameríndios pode ser uma forma de reconciliação com o
passado e trazer uma nova perspectiva.
Serviço:
Exposição: O Tempo dos Sonhos:
Arte Aborígene Contemporânea da Austrália
Local: CAIXA Cultural Fortaleza
Endereço: Av. Pessoa Anta, 287,
Praia de Iracema – Fortaleza / CE
Data: 14 de setembro a 13 de
novembro de 2016
Horários: de terça a sábado, das
10h às 20h | domingo, das 10h às 19h
Classificação indicativa: Livre
Informações gerais | CAIXA
Cultural Fortaleza:
(85) 3453-2770
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