Os sistemas oferecem informações gerais sobre ovulação e períodos férteis, mas não levam em conta as mudanças que podem estar ocorrendo por fatores biológicos
Para as mulheres que desejam ser mães é tentador ter na palma da mão um aplicativo que promete esclarecer dúvidas e dar informações sobre ovulação e dias férteis, por exemplo. No entanto, especialistas em medicina reprodutiva alertam que é preciso ter cuidado. Segundo eles, os aplicativos não conseguem ser completamente dinâmicos a ponto de acompanhar as mudanças no corpo feminino.
Alguns desses aplicativos utilizam opções bem curiosas para atrair usuários, como contador de chutes e cronômetro de contrações. Tais opções levaram o app mais baixado para smartphones a atingir mais de 20 milhões de usuários. Porém, o médico Daniel Diógenes, especialista em medicina reprodutiva e diretor da Clínica Fertibaby, avalia que é preciso cuidado no uso dessas ferramentas, principalmente para as mulheres que ainda estão tentando a gestação.
“No aplicativo tudo parece muito simples e isso pode acabar em frustração. Existem ferramentas que dizem quando a mulher vai menstruar e quando ovula. O problema é que os aplicativos oferecem resultados fixos. A ovulação da mulher tem flutuações e variações até de mês a mês. O paciente se apega ao sistema como se fosse a melhor opção e não é. Nada substitui a conversa com o médico e o exame físico para avaliar a fertilidade”, avaliou Daniel Diógenes.
O especialista afirma que os aplicativos podem ser utilizados para ler sobre o tema, ou, como uma agenda para organizar exames e consultas. Daniel Diógenes explica que as funções dos sistemas não devem extrapolar o limite das investigações médicas.
“Não é só ovular que engravida. A paciente pode estar com uma baixa reserva de óvulos, ter uma trompa obstruída. Nesses casos, é preciso uma investigação médica para saber se a ovulação está acontecendo de forma saudável. O aplicativo pode até agregar, mas nunca pode substituir o acompanhamento médico”, acrescenta o médico da Clínica Fertibaby.
No caso das mulheres que já estão grávidas, a indicação é que procurem um ginecologista e façam o pré-natal. “Todos os casos têm suas particularidades, que não podem ser resumidas ao uso de um aplicativo. Tanto as mulheres que tentam, como as que já engravidaram, precisam de acompanhamento individualizado de um médico”, concluiu.
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