FUNCIONAMENTO
// Geral: de segunda a quinta,
das 8h às 22h; e de sexta a domingo e feriados, das 8h às 23h. // Bilheterias:
de terça a domingo, das 14h às 20h.
// Cinema do Dragão-Fundação
Joaquim Nabuco: de terça a domingo, das 14h às 22h.
// Museus e Multigaleria: terça a
sexta, das 9h às 19h (acesso até as 18h30); sábados, domingos e feriados, das
14h às 21h (acesso até as 20h30). Gratuito.
// Atenção: às segundas-feiras, o
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura não abre cinema, cafés, museus,
Multigaleria e bilheterias.
Acompanhe nossa programação
também pelas redes sociais:
Facebook: Centro Dragão do Mar de
Arte e Cultura
Instagram: @dragaodomar
Periscope e Twitter:
@_dragaodomar
► Oficina Tira-Dúvidas:
Inscrições na Maloca Dragão
A Maloca Dragão 2016 apresenta
como uma das novidades a inscrição, por meio de plataforma digital, de projetos
artísticos inéditos nas duas edições anteriores. Para orientar os processos de
inscrição no Mapa Cultural do Ceará, o Dragão do Mar realiza uma oficina
tira-dúvidas, nesta segunda-feira, dia 14.
As inscrições devem ser feitas
entre 1º a 20 de março, exclusivamente através no endereço virtual:
www.malocadragao.org.br. Outras dúvidas podem ser solucionadas através do email
inscricoesmalocadragao@gmail.com.
Dia 14 de março, das 14h às 18h,
no Auditório do Dragão. Acesso gratuito.
► Dragão do Mar promove encontros
com a classe artística para os Editais Culturais 2016/2017
O Centro Dragão do Mar de Arte e
Cultura (CDMAC) encerra, na terça-feira (15), a rodada de conversas com
artistas e demais agentes da cultura no Ceará, realizada a fim de reunir
sugestões e novas ideias para os Editais Culturais 2016/2017. Foram encontros
diários desde o dia 7 de março – exceto domingo – com os interessados de cada
uma das dez linguagens artísticas contempladas pelos editais: teatro, dança,
música, cinema, artes visuais, performance, circo, fotografia e literatura. As
conversas estão sendo realizadas no Auditório do Dragão e são abertas ao
público.
Assim como em 2015, quando também
realizou rodada de conversas com os artistas, o Dragão do Mar reafirma a
posição de diálogo com a classe para assim aperfeiçoar os termos dos Editais
Culturais, os editais de ocupação do CDMAC.
Confira abaixo o calendário dos
encontros
Dia 7 (segunda)
19h – Música
Dia 8 (terça)
15h – Cinema
19h – Performance
Dia 9 (quarta)
15h – Circo
Dia 10 (quinta)
19h – Literatura
Dia 11 (sexta)
15h – Artes Visuais
Dia 12 (sábado)
17h – Fotografia
Dia 14 (segunda)
19h – Teatro
Dia 15 (terça)
19h – Dança
Relembre
Os Editais Culturais 2015/2016
foram lançados no dia 24 de março de 2015 e selecionaram 194 projetos
artísticos nas linguagens de teatro, dança, música, artes visuais, cinema,
literatura, fotografia, circo, performance e ainda na categoria Pontos de Cultura.
As apresentações dos projetos selecionados compõem a chamada Temporada de Arte
Cearense, que, neste último edital, somou 438 espetáculos e shows, distribuídos
ao longo de um ano: de agosto de 2015
a julho de 2016.
Com investimento de R$ 1,3
milhão, os editais apresentaram avanços importantes. Além de reajustes nos
recursos destinados ao pagamento dos cachês e inclusão de duas novas linguagens
(Fotografia e Performance) e da categoria Pontos de Cultura, outros espaços de
exibição foram incluídos, tanto no Dragão do Mar, quanto no Centro Cultural Bom
Jardim.
► Teatro da Terça [Temporada de
Arte Cearense]
Bando de Pássaros Gordos
Direção: Andréia Pires
Entre um encontro de degustação e
o ensaio de uma banda fantástica, seis atores inventam um mundo de impulsos. Um
mundo em que cada palavra dita e cada olhar têm apenas um significado. Cada
toque não tem passado nem futuro, cada beijo é um beijo desconhecido. A peça só
existe num tempo surreal.
FICHA TÉCNICA
Direção: Andréia Pires
Elenco: Bruna Pessoa, Lucas
Galvino, Gabriella Ribeiro, Rodrigo Ferrera, Leonardo William e Thiago Andrade
Texto: Produção Colaborativa
Sonoplastia (Bateria): Pepeu
Fotografia: Fernando Maia
Iluminação: Andréia Pires
Técnica: Pedro Henrique
Desenhos: Thiago Beck
Preparação Vocal: Ari Sousa
Produção Executiva: Thiago
Andrade
Produção em Cena: Marcos Paulo
Dias 15, 22 e 29 de março de
2016, às 20h, no Teatro Dragão do Mar. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia). 12 anos.
► Noite das Estrelas
Todos os meses, sempre nas noites
de Quarto Crescente Lunar, o planetário disponibiliza telescópios ao público em
geral para observação astronômica de Crateras da Lua, Planetas, Nebulosas etc.
Dias 15 e 16 de março de 2016, às
19h, em frente ao Planetário. Gratuito.
► Comer Querer Ver [Mês do Circo
e Teatro no Dragão]
Outro Grupo de Teatro
Apresenta forma, cores, texturas,
gostos e tudo que esteja à vista no primeiro olhar como em um cartão de
visitas. A montagem traz quatro estórias sobre conflitos do homem contemporâneo
consigo mesmo, cotidianamente, e com o próximo, em seus relacionamentos. A peça
lança mão da homoafetividade como pano de fundo para estabelecer sua trama e é
uma comédia sobre a instabilidade humana.
Dia 16 de março de 2016, às 20h,
no Teatro Dragão do Mar. Gratuito. 12 anos.
► Quinta com Dança Experimental
[Temporada de Arte Cearense]
Nácar
Victória Andrade e Tamires Sales
Duas. Saia que se faz vestir
corpo. Em Nácar, aparece a investigação das formas de se mostrar do escondido.
Um embate entre as imagens, os desejos e as dúvidas de duas mulheres imersas na
textura de suas saias.
► Quinta com Dança [Temporada de
Arte Cearense]
O Mais Profundo é a Pele
OMÌ Cia de Dança
O espetáculo se inspira nos
dilúvios sensoriais provocados pelo toque na pele do outro, transcendendo o
físico e chegando a questões nada puras. O trabalho cênico surgiu impulsionado
pelos questionamentos do próprio diretor, Éder Soares, sobre um distúrbio na
pele, chamado Dermografismo, que causa alergia na pele após ser tocado. Assim,
como a arte se alimenta deste universo de questões e sensações chamado de
Contato Físico?
Dias 17 e 24 de março de 2016, às
20h, no Teatro Dragão do Mar. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia). Livre.
► Ceará Jazz Series
Show "Giant Steps – Tributo a John
Coltrane"
O projeto "Ceará Jazz
Series", iniciado com sucesso em shows concorridos e aplaudidos em 2015,
retorna na sexta-feira, 18/3, ao Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e
Cultura, com sua proposta de oferecer ao público novas oportunidades de contato
com grandes obras da história do jazz e, ao mesmo tempo, com a excelência da
cena instrumental cearense, ressaltando o talento, o virtuosismo e a
criatividade dos músicos de nosso Estado. Na ocasião, será apresentado, às
20h, o show "Giant Steps – Tributo
a John Coltrane", com Marcio Resende (saxofones tenor e soprano), Thiago
Almeida (piano), Iury Batista (contrabaixo acústico) e David Krebs (bateria).
Ingressos já à venda nas bilheterias do Dragão do Mar e na Desafinado (Av. Dom
Luiz, 655): R$ 30,00 (meia a R$ 15,00), ou em domicílio pelo fone 98699-6524 ou
pelo e-mail cearajazzseries@gmail.com.
Arregimentado especialmente para
este espetáculo, que estreou no Festival Jazz & Blues em Guaramiranga em
fevereiro com lotação esgotada e muitos aplausos, o quarteto agora leva ao
palco do Teatro do Dragão do Mar a íntegra do repertório de um dos mais
importantes álbuns do saxofonista norte-americano: o antológico "Giant
Steps", de 1960, disco que se tornou marco de uma das várias revoluções
empreendidas no jazz por John Coltrane (1926-1967). O show será precedido por
bate-papo com os músicos, no próprio teatro, às 18h30, com entrada franca.
O projeto Ceará Jazz Series, que
terá uma nova temporada de shows ao longo de 2016, no Teatro do Centro Dragão
do Mar e em outros espaços culturais de Fortaleza e do Interior, busca
valorizar e gerar mais visibilidade para os músicos cearenses, apresentando ao
público, através de grandes artistas de nosso Estado, obras importantes da
história do jazz, que influenciaram várias gerações. Assim, os shows fazem uma
ponte entre a história do jazz e a música contemporânea da efervescente cena de
Fortaleza, também reforçando a importância do formato álbum e o desafio
especial da transposição do repertório de um disco para uma nova experiência no
palco.
“Giant Steps”, álbum homenageado
no show do dia 18/3, foi o primeiro disco de John Coltrane a ter todas as composições
de autoria do saxofonista e ficou marcado pelas famosas “Coltrane changes”,
substituições de progressões de acordes que fizeram o disco chamar atenção
também pelas harmonias e passariam a ser conhecidas como uma característica do
álbum e do saxofonista. O álbum também mostra Coltrane se despedindo do bebop
em grande estilo, para alçar voo rumo ao jazz modal que se fortaleceria a
partir do início dos anos 60.
O festival Ceará Jazz Series
O Ceará Jazz Series, novo projeto
musical, reunindo virtuosos instrumentistas cearenses recriando no palco
obras-primas da história do jazz, reuniu grande público em apresentações no
Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em agosto e dezembro de 2015.
Em agosto foram apresentados os shows "Kind of Blue - Tributo a Miles
Davis" (com Hugo D´Leon, Marcio Resende, Thiago Rocha, Thiago Almeida,
Luciano Franco e Denilson Lopes), e
"Time Out - Tributo a Dave Brubeck" (com Stenio Gonçalves, Marcio
Resende, Hermano Faltz, Iury Batista e David Krebs), ambos com o repertório
integral desses clássicos discos da história do jazz, lançados em 1959.
Já em dezembro último o público
aplaudiu de pé os shows "Kisses on the Bottom - Lorena Nunes - McCartney
in Jazz", com a grande cantora da nova cena musical cearense recriando ao
vivo a íntegra do disco em que Paul McCartney revisita canções
norte-americanas das décadas de 30
a 50 (ao lado de Luciano Franco, Stênio Gonçalves, Luis
Hermano e André Benedecti) e "Chet Baker Sings - Hugo D´Leon - Tributo a
Chet Baker", com o aplaudido trompetista cearense Hugo D´Leon revisitando
alguns dos temas mais marcantes desse disco e de outros momentos da trajetória
musical de Chet, recebendo como convidados os cantores Marcos Lessa e Idilva
Germano, ao lado dos instrumentistas Edson Távora Filho, Iury Batista e André
Benedecti.
Todos os shows foram precedidos
de bate-papos com os músicos, possibilitando um diálogo direto entre artistas e
público, com a proposta de contribuir para a formação de plateias, estimular o
debate sobre as grande sobras-primas da história do jazz, sobre o formato disco
e sobre a preparação dos espetáculos. Com direito a bastidores dos ensaios,
detalhes da concepção dos arranjos, debates sobre o desafio de transpor o
repertório integral dos discos para o palco, entre outros temas.
Temporada 2016
A grande repercussão do festival
Ceará Jazz Series levou à continuidade do projeto para 2016, com o objetivo de
constituir uma temporada permanente de jazz - e música influenciada pelo
universo jazzístico. A meta é oferecer ao público shows ao longo de todo o ano,
no Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e em outros espaços que já
demonstraram interesse em sediar espetáculos do projeto, em Fortaleza e no
Interior. Sempre valorizando a cena musical cearense e o altíssimo patamar de
qualidade atingido por nossos artistas, além de democratizar cada vez mais o
acesso à música.
Dia 18 de março de 2016, às 20h,
no Teatro Dragão do Mar. Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia). Livre.
► Teatro Infantil [Temporada de
Arte Cearense]
Alice e o País das Maravilhas
Teatro Plural
Trata-se da história de uma
menina que mora num apartamento de classe média de uma grande cidade do Brasil
e de cuja janela ela avista um bosque. Em casa, Alice é cercada de cuidados
extremos dos pais temerosos da violência e das más influências que ela pode
sofrer do mundo moderno.
Sentindo-se muito sozinha, a
menina descobre no coelho de pelúcia e nos aparelhos eletrodomésticos da casa,
os amigos, criando uma personalidade para cada um deles. O computador a leva a
um mundo virtual encantado, onde ela descobre as cartas do baralho de tarô.
O final surpreende pela
delicadeza e sensibilidade com que Alice compreende o amor de seus pais por ela
e o seu estado de filha e criança.
De forma lúdica e muito bem
humorada, cenas e conflitos são propostos, levando à reflexão de temas como:
solidão, incompreensão, relações familiares, violência e até a diferenciação
entre o real e o virtual.
Dias 19 e 26 de março de 2016, às
17h, no Teatro Dragão do Mar. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia). Livre.
► Sonhos [Mês do Circo e Teatro
no Dragão]
Mágico Goldini
O show mostra uma performance bem
variada de efeitos mágicos, capaz de despertar o interesse do público de todas
as idades. O show vai além do entretenimento: suspense, muita interatividade,
efeitos visuais e uma boa dose de humor são ingredientes para criar momentos
mágicos inesquecíveis e despertar sonhos.
Dias 19 e 20 de março, às 19h, no
Teatro Dragão do Mar. Gratuito. Livre.
► Polifonias [Temporada de Arte
Cearense]
Com Breculê e Gabriel Yang
Programa da Temporada de Arte
Cearense, o Polifonias apresenta, na mesma noite, dois shows de artistas da
cidade. Nesta edição, as harmonias dissonantes e sobreposições rítmicas da
banda Breculê e o show “Poeira”, do guitarrista e vocalista de rock e blues
Gabriel Yang.
Breculê
De 2010 para cá, ano em que foi
lançado o primeiro disco da banda, intitulado Vidas Volantes, muita história
compõe a trajetória do Breculê. Em 2015, a banda começa a dar forma e a se
empenhar para a produção de seu novo trabalho, Anamorphosis, que promete
composições tão fascinantes quanto as do primeiro álbum.
Enquanto dá novos contornos ao
seu trabalho, a banda apresenta novamente em Fortaleza o show que reúne
composições do álbum Vidas Volantes, do projeto Inventário de Segredos, com
poemas musicados do livro da escritora Socorro Acioli, e faz uma prévia do que
vem por aí com Anamorphosis ao apresentar também canções inéditas. Dessa forma,
o show traz ao público de Fortaleza um panorama da produção musical do Breculê
nos últimos anos.
O Breculê desenvolve um trabalho
dedicado à música brasileira, em sua diversidade instrumental, rítmica,
harmônica e poética, com composições transversadas em uma linha contemporânea
de experiência criativa. Criado em 2007, o grupo se pauta pelo som de seu duo
de violões, baixo, bateria e trompete, contando neste show com a formação de um
time de metais para trafegar com pressão entre harmonias dissonantes e
sobreposições rítmicas, explorando timbres e combinações instrumentais, que
resultam em belas composições e arranjos ousados.
Gabriel Yang – Show Poeira
Artista independente, guitarrista
e vocalista da banda de rock Jardim de Ferro, Gabriel Yang ergue a bandeira do
“faça você mesmo” e desponta em 2015 com seu primeiro disco solo intitulado
Poeira. Fazendo o uso de guitarras rústicas de fabricação própria, utilizando
diversos materiais reciclados e obtendo uma sonoridade peculiar, o disco mescla
rock, blues e ainda resgata traços da sonoridade nordestina, flertando com
baião, maracatu e repente.
Dia 19 de março de 2016, às 20h,
no Anfiteatro. Gratuito.
► Clarice Falcão [show]
Quando conversei com Clarice Falcão
pela primeira vez, o assunto era “Monomania” (2013), o álbum de estreia da
cantora, compositora, escritora, atriz e roteirista pernambucana lançado poucos
meses antes. Aquele era um trabalho bem fora do padrão, pois tinha sido criado
sob os olhos do público, na frente da câmera, com repertório já consagrado em
uma série memorável de vídeos em plano-sequência, hits absolutos na internet.
Quem comprou o CD físico na loja sabia muito bem o que estava levando pra casa
e já adorava aquelas faixas antes mesmo de passar pela fila do caixa. Nasceu um
tiro certo, sem chance de falha. Talvez por isso mesmo, minha curiosidade
naquela conversa inicial pulava dez casinhas adiante e tentava investigar qual
seria o próximo passo. Quem seria a Clarice do segundo álbum? Será que suas
canções seguiriam como roteiros com começo, meio e fim, misturando crônica de
costumes, cinema existencial, quadrinhos e sitcom, naquela mesma linguagem que
se tornou uma assinatura tão intransferível? Será que também testaria o novo
repertório com vídeos? E a personagem que iluminava as canções antigas, será
que continuaria tropeçando no amor, obcecada pelo amado, perdida entre o mundo
real aquele que ela queria que fosse? Em suma, com quais armas Clarice lutaria
contra o acerto absoluto que foi seu primeiro disco, já que seguir fazendo
música depende de jogar fora toda manhã o que foi conquistado no dia anterior?
Todas as respostas chegam agora, três anos depois, nas 14 faixas de “Problema
Meu”.
Pra começar a conversa, é preciso
contar que a personagem principal das canções inverteu o jogo a favor dela e já
não sofre mais. Ao contrário, ri da cara daquele homem tolo que acreditou que o
amor descompensado que ele recebia valia alguma coisa. “Só de pensar que cê
pensou que era sério, falando sério, eu quero rir.” Na real, ela gosta dele
“como quem gosta de um vídeo no Youtube de alguém cantando mal”, “de um perfil
no Facebook que usa foto de casal”, Clarice afirma já na faixa de abertura do
disco, “Irônico”. E a ideia parece ser essa: olhar “Monomania” pelo espelho e
ver a mesma história acontecer outra vez, mas do avesso, como um tipo de amor
dando errado ao contrário, uma vingança a que todos temos direito, ou achamos
que temos nesses momentos possível volta por cima. Se a menina de “Monomania”
fingia não se lembrar mais do namorado que lhe deu um pé em “Eu Esqueci Você”
(“E se um dia eu te ligar de madrugada em desespero é engano”), a de “Problema
Meu” deixa claro, em “Eu Escolhi Você”, que só ficou com o rapaz porque não
tinha outra opção, pelo menos “até um outro aparecer” (“Na minha vida já
existiram/ 50 opções de amor/ 49 desistiram/ E você foi o que sobrou”). Em
“Deve Ter Sido Eu”, do disco novo, ela já não sabe mais “a placa do seu carro”,
ao contrário da obsessiva de “Macaé”, do trabalho de estreia, que já decorou
“seu RG só pra se precisar”. E se antes ela pedia coisas do tipo “me deixa ser
o suporte que segura a tela plana da sua sala no lugar” (“Qualquer Negócio”),
agora ela diz que nasceu “pessoa, gente, eu não nasci coisa, não me espere aí
na sua estante” (“Eu Sou Problema Meu”). Bem, dá pra notar logo que, mesmo
trabalhando pelo espelho, Clarice Falcão mantém seu estilo intacto. Como também
aprofunda aquela ironia finíssima que até confundiu muita gente no passado, que
ouvia em suas canções rompantes de “fofura” que nunca existiram de fato. Agora
que a casa caiu e o ponto de vista da personagem virou, fica bem claro o quão
redutor era esse rótulo, aliás.
Há recaídas, claro. Tirada do baú
não gravado em “Monomania”, “Se Esse Bar” segue o espírito da menina de antes,
com aquela voz de esperança que nunca morre pedindo ao garçom que não feche o
bar, coitada: “Eu sei que eu marquei às dez/ E eu sei que já são seis/ Mas vai
que ele se atrasou e quando ele chega eu já fui/ E a culpa é de vocês”. Outro
exemplo é a metalinguística “Duet”, também antiga, do tempo em que Clarice Falcão
compunha apenas em inglês. A
voz tristonha conta que aquela música foi composta pra ser cantada em um dueto,
mas como o rapaz foi embora, ela vai ter que dar conta de fazer as duas vozes
com uma garganta só. “Vinheta” é uma pegadinha, pois apenas finge outra recaída
assim. Começa com a garota ansiosa ao lado de um telefone que não toca,
esperando um email que não vem. Mas, em seguida, ela tem um surto de autoestima
e conclui (“deseja” talvez seja o verbo melhor) que só pode ter acontecido
alguma coisa: talvez tenha sido “atropelado e levantou cambaleante e deu de
cara com um poste e quebrou 14 dentes e aí foi assaltado por três caras
gigantescos e na hora de sair foi atropelado novamente e acordou com amnésia e
num hospital distante”. Se não me liga no segundo dia é porque morreu, claro.
Nem tudo em “Problema Meu”, no
entanto, foi construído com a intenção de desmentir (ou reiterar) o passado.
Algumas faixas foram escolhidas em outras fontes e por razões estritamente
estéticas, segundo afirma Kassin, produtor musical do álbum. Entre elas está
“I’ll Fly with You”, pescada pela cantora entre os greatest hits de sua
adolescência principalmente pela beleza da melodia. A canção, lançada pelo DJ
italiano Gigi d’Agostino em 2000, perde a batida electropop dançante da versão
original pra se tornar uma balada melancólica. Outro caso assim é “Banho de
Piscina”, que veio do baú do pai de Clarice, o diretor e roteirista João
Falcão. Deliciosamente rancorosa, a música foi escrita por ele quando tinha a
idade que a filha tem agora, talvez ainda um pouco antes. Os versos dizem
coisas como: “Eu quero ver você/ Numa piscina de óleo fervendo/ Pedindo socorro
e eu te oferecendo/ Uma dose de rum pra você se esquentar”. Já a última das
faixas de “Problema Meu” assinada por outros compositores, “A Volta do Mecenas”,
de Matheus Torreão, abre o leque temático, lembrando que nem todos os problemas
dessa vida são derivados do cotidiano amoroso: “A cada nova década aumenta a
decadência/ E quem é que toma as divinas providências/ Eu não tenho pressa, mas
me falta paciência”.
As três canções alheias ampliam a
área de atuação de Clarice Falcão como artista. Mas não há dúvidas que é o
repertório autoral que dá o brilho e a identidade tão peculiar de “Problema
Meu”. “Vagabunda”, a mais surpreendente entre todas as canções do disco, foi
inspirada em caso real. Clarice ouviu a história de um amigo, cujo pai tinha
outra família fora do casamento. Quando a mãe descobriu a situação, convidou a
amante do marido pra um jantar. Entenderam-se muito bem, as duas. E, na hora de
pagar a conta, a esposa oficial puxou o cartão de crédito: “Pode deixar que
essa ele vai ter que pagar pra gente”. O discurso em versos esculpido por
Clarice escapa tanto do lugar comum que nos leva às melhores letras de Odair
José: “Toma um chope comigo, vagabunda, que eu seu a vagabunda que eu sou/
Repara que conexão profunda de ter compartilhado um mesmo amor”. A autora diz
que a letra é também uma reação à cultura do recalque que domina o pop
brasileiro (aquela que deseja às inimigas vida longa etc.). Clarice reverte e
transcende o papel da “outra” em seu roteiro: “Me dá seu telefone, inimiga/ Que
é só você que vai compreender/ Aquela agonia na barriga/ Me liga que eu tô que
nem você”.
A presença de Kassin foi
fundamental pra dar diversidade musical ao disco. Se “Monomania” era quase todo
acústico e monocromático, sem grandes ondulações rítmicas, “Problema Meu” é um
furacão de gêneros. Há rock (“Volta do Mecenas”), brega (“Banho de Piscina”),
folk (“Clarice”), balada (“I’ll Fly with You”), bossa nova (“Duet”), disco
music (“Era uma Vez”) e muito mais. A banda arregimentada por ele junta dois
meninos talentosos da nova geração carioca: Diogo Strauss (guitarra, baixo,
violão) e Danilo Andrade (teclados). O próprio Kassin toca alguns baixos e a
maior parte das baterias é do português Fred Ferreira, conhecido de nós
brasileiros por integrar a Banda do Mar. Os arranjos de metais foram feitos por
Alberto Continentino e os de cordas, por Sean O’Hagan.
Ainda sobre diversidade musical,
o disco termina com a (suposta) autocrítica “Clarice”. E o “suposta” fica entre
parênteses porque, como sabemos, estamos em um terreno banhado em ironia, numa
sala de espelhos que embaralha passado e presente, real e imaginário, nós
mesmos e os outros. E talvez essa seja só uma resposta da artista a quem, nos
últimos tempos, criticou a simplicidade de suas composições. “Clarice, sempre
os mesmos três acordes/ Olha, um si bemol não morde/ Não precisa poupar dedo/ É
medo de gastar.” É um belo toque em quem ainda não entendeu a faceta mais exuberante
de Clarice Falcão: erguer em três acordes a vida inteira dos seus personagens,
compor narrativas surpreendentes sem lançar mão de mais do que o necessário,
como me definiu outro dia o mestre da canção Luiz Tatit, outro criador de
personagens igualmente atrapalhados no amor, que também nunca são condenados
por ele à mediocridade simplista do final feliz ou infeliz. Nisso, vejo um
parentesco entre ele e Clarice. Tatit também vê, ele me disse. E, reforçou, o
número de acordes jamais determinou grandeza em música popular.
Escrevendo isso agora, eu me
lembrei também da definição que Tom Zé sempre dá à própria produção. Por não
ser um músico exuberante (ele gosta de fingir que não é), entende que seu
melhor caminho é pegar o ouvinte pelo cognitivo, não pelo contemplativo. Ou
seja: em vez de se apoiar em melodias e harmonias ultraelaboradas que atinjam o
espírito de quem escuta com uma flecha, suas canções criam histórias que pescam
os ouvidos pelo cérebro, jogando anzóis pela via da identificação, pelo que
todos nós reconhecemos nelas como reflexo de nossas vidas. E, vamos confessar,
todos nós já estivemos perto de situações como as que Clarice descreve em suas
canções. Já fomos aquela figura que fica “só mais um pouquinho” no bar
esperando alguém que nunca virá. Mesmo que muitas vezes tenhamos arrumado um
jeito de disfarçar esse ridículo até de nós mesmos. Vivendo as mesmas histórias
outra vez, mas viradas do avesso através de um espelho, por exemplo.
MARCUS PRETO
janeiro de 2016
Dia 19 de março de 2016, às 21h,
na Praça Verde. Ingressos Pista – Lote 3: R$ 100 e R$ 50 (meia) | Ingressos
Front – Lote 3: R$ 140 e R$ 70 (meia)
Vendas: Quiosque Bilheteria
Virtual Shopping Del Paseo (segunda a domingo, das 13h às 19h | não funciona
nos feriados)
Quiosque Bilheteria Virtual
Iguatemi (segunda a sábado, das 10h às 22h; domingo, das 14h às 20h | não
funciona nos feriados)
Online: http://www.bilheteriavirtual.com.br
► Brincando e Pintando no Dragão
do Mar [Mês do Circo e Teatro no Dragão]
Além de brincadeiras e atividades
infantis sob orientação de monitores, tem ainda Oficina de Brinquedos
Reciclados e a Trupe do Palhaço Baratinha.
Dia 20 de março de 2016, das 16h
às 19h, na Praça Verde. Gratuito.
► Fuxico no Dragão [Especial Dia
Mundial da Poesia]
Com Sarau no Fuxico e Feira
Índice
Em comemoração ao Dia Mundial da
Poesia, no dia 21 de março, o Fuxico no Dragão deste domingo (20) apresenta uma
programação especial com uma nova edição da Feira Índice e sarau literário. A
Feira Índice teve estreia na Maloca Dragão 2015, como espaço para disseminação
literária coletiva em Fortaleza, com ênfase no mercado alternativo. Nesta
edição especial, serão 11 expositores entre editoras e selos independentes,
pequenas livrarias e coletivos, trazendo na bagagem livros, fanzines e
publicações diversas, que ficarão expostas das 16h às 20h, na Arena Dragão do
Mar. A Feira Índice também promove um sarau com Nina Rizzi, Uirá dos Reis e
Ayla Andrade, comemorando a importância e a força idílica e ao mesmo tempo real
que o poema é capaz de conceder. Além de todas essas atrações temáticas, os
expositores de design, moda e gastronomia do Fuxico no Dragão também estarão
presentes, nesta edição.
Expositores da Feira Índice
Netuno Editora Substânsia
Editora LuAzul
Brechó Literário Rimbaud
Coletivo Monstra
Templo da Poesia
Pó de Livros
Lua Nova
A Literação
Abraço Literário SESC
ACE (Associação Cearense dos
Escritores)
Banca Independente (Para
escritores)
Dia 20 de março de 2016, das 16h
às 20h, na Arena Dragão do Mar. Gratuito.
► Quarteto Cearense [Circuito de
Música Erudita]
O Quarteto é um dos grupos da
Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho e apresentará repertório que vai do
barroco ao contemporâneo.
Dia 20 de março de 2016, às 18h,
no Auditório. Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia).
// INSTALAÇÃO EM CARTAZ
► Resquícios de um Povo Sobre o
Mar [Temporada de Arte Cearense]
[INSTALAÇÃO TEMPORARIAMENTE SUSPENSA]
Artista Ruy Aurélio – Curadoria
de Eduardo Bruno
A instalação surge a partir de
uma inquietude artística e arquitetônica acerca das ocupações dos espaços
urbanos. Nessa perspectiva, foi realizado um estudo “site specific” do Dragão
do Mar e seus entornos como o objetivo de pensar os modos poéticos de se
intervir politicamente na paisagem. Assim, a instalação propõe um resgate
memorial e afetivo com a comunidade do Poço da Draga por meio da instalação de
barquinhos e garrafinhas-invólucros dos fragmentos de histórias e depoimentos
dos moradores da comunidade/adjacências. Para tal, o interlocutor é convidado a
relacionar-se com o trabalho e, assim, mergulhar em uma comunidade que conta
suas visões acerca da cidade e do mar.
Lançada no último domingo (6),
rapidamente o público apropriou-se dos barquinhos e garrafinhas-invólucros
colocados no Espelho D’Água do Dragão do Mar. A intenção do artista era
realmente que o transeunte se relacionasse com o trabalho, “resgatando”
barquinhos e pergaminhos da água e assim também as histórias da comunidade do
Poço da Draga. Com o sucesso do alcance da instalação, o material será reposto
em breve para mais uma leva de “apropriações”.
No Espelho D'Água. Visitação
livre de 7 de março a 5 de abril de 2016. Gratuito.
// TODA SEMANA NO DRAGÃO
► Feira Dragão Arte
Feira de artesanato fruto da
parceria com Sebrae-CE e Siara-CE.
Sempre de sexta a domingo, das
17h às 22h, ao lado do Espelho D'Água. Acesso gratuito.
► Planeta Hip Hop
Grupos promovem exibições de
dança e música hip hop.
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