A exposição Ela traz pela
primeira vez a Fortaleza uma mostra individual do premiado artista visual
pernambucano Bruno Vilela. Já Interstícios, com curadoria de Ana Cecília
Soares, reúne trabalhos de dez artistas – a maioria de Fortaleza – para falar
do corpo em transformação
O Centro Dragão do Mar de Arte e
Cultura abre duas novas exposições próxima quarta-feira (3), às 19h, no Museu
de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE). Entra em cartaz a mostra Ela, que
apresenta 13 obras do premiado artista visual Bruno Vilela e ainda lança o
documentário Se Cria Assim, do cineasta Beto Brant, sobre o processo criativo
do pernambucano. A data também inaugura a exposição Interstícios que, com
curadoria da jornalista e crítica de arte Ana Cecília Soares, reúne no MAC-CE
as singularidades de dez artistas em torno da ideia de um corpo em
transformação a partir do encontro com o outro.
As vernissages dão seguimento ao
projeto Quintas Visuais do Dragão que se iniciou no dia 14 de maio, com a
abertura da exposição Sobrenaturezas Sobnaturezas, no Museu da Cultura
Cearense. O projeto é um ciclo de artes visuais que promove a abertura de
exposições, às quintas-feiras, entre os meses de maio e junho. Ela e
Interstícios, excepcionalmente, tiveram data de abertura antecipada devido ao
feriado de Corpus Christi, no dia 4 de junho. As Quintas Visuais continuam com
a vernissage de A Palavra e o Traço, sobre vida e obra de Fausto Nilo, no dia
11 de junho; e de Orson Welles e Manuel Jacaré – A arte de ver o mar, no dia 18
do mesmo mês.
Ela
Ocupando todo o piso superior do
MAC-CE, a exposição de Bruno Vilela – pela primeira vez em mostra individual em
Fortaleza – apresenta treze obras das séries Animattack e Dia de festa é
véspera de dia de luto, que fazem referência ao conceito da Anima, da
psicologia junguiana, que é a personificação do inconsciente masculino na
figura de uma Deusa.
“Essa entidade surge de várias
maneiras nos meus quadros: nos olhos enigmáticos num fundo azul; em rostos
femininos em que os outros elementos humanos como boca e nariz são suprimidos,
reforçando esse olhar; em memórias de infância, através da desconstrução de
fotos antigas de simples festas de aniversário”, exemplifica o artista.
A obra Ela, que dá nome à
exposição, é fundamental para o entendimento da série. É o aparecimento de uma
figura feminina fantasmagórica no meio da natureza. Sem cabeça, as mãos são
levadas de modo desesperado ao local onde ela deveria existir. No meio da
floresta o homem se funde com a mata e, então, finalmente, Ela, a consciência
da existência, toma conta do ser humano que tem medo profundo do que não sabe
explicar. “A Mãe Terra, La loba, A bruxa, A Santa, A deusa, Ela, são vários os
nomes dados ao sentimento de integração com o cosmos ao longo das eras por
diversos povos primitivos, em lendas escritas, tradição oral, pinturas e
esculturas”, explica.
Entre as obras expostas, o
público poderá conferir um trabalho inédito, feito exclusivamente para o Dragão
do Mar: uma pintura na parede, feita com grafite e óleo, numa técnica nova
descoberta pelo artista numa recente residência em Lisboa. Além disso, a
exposição lança o filme Se Cria Assim, documentário dirigido pelo cineasta Beto
Brant sobre o processo criativo de Bruno Vilela.
O filme mostra o processo do
artista no ateliê, desde suas técnicas de pintura e desenho até referências de
seus misteriosos cadernos – que estarão numa vitrine em exposição –, passando
por um dia de fotografia na floresta. Entre entrevistas e depoimentos, o filme
é um passeio pela obra e vida do artista pernambucano.
Interstícios
A exposição Interstícios ocupará
duas salas do andar inferior do MAC-CE, com obras dos artistas Célio Celestino,
Cris Soares, Emanuel Oliveira, Haroldo Saboia, Filipe Acácio, Jared Domicio,
Marcos Martins, Herbert Rolim e Milena Travassos. Todos trazem em comum as
singularidades em torno da ideia de um corpo sensível, aberto à experimentação,
a novas rupturas e aos abalos estruturais, desfazendo construções complexas e
organizadas para a constituição de outras.
“Cada trabalho ressoa essa
experiência por meio de fissuras, dobras, torções, sobreposições, rasgos e
fendas. Interstícios que se estruturam tanto como uma espécie de memória do
diálogo com o outro, mas também se mostram como zona de inventividade de qual se
é possível pensar em outros caminhos poéticos para as obras em questão”, define
a curadora da exposição, Ana Cecília Soares.
A jornalista e crítica de arte
desenvolve ainda que os artistas entregam-se ao estranhamento de si próprios,
deixando-nos índices em forma de fissuras, ranhuras, marcas, sobreposições e
atritos de suas trocas sensíveis, afetações recíprocas e deslocamentos
existenciais. “Todos, interstícios, configurados como zonas de inventividade
que permitem ponderar uma relação particular entre o mundo percebido por cada
artista e aquilo que não aparece normalmente no que é”.
SERVIÇO:
Abertura das exposições Ela e
Interstícios
Quando: dia 3 de junho
Hora: 19h
Onde: Museu de Arte Contemporânea
do Ceará (MAC-CE), do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – Fortaleza / CE
Acesso gratuito
Nenhum comentário:
Postar um comentário