Assista:
Um dos mais importantes grupos de
reggae do país se apresenta na Barraca Biruta. A banda Planta&Raiz, os
meninos da Dona Leda e os DJ Andread Jo e Bandit Dubwise
completam a noite
regueira.
Foto: João Paulo Racy
O grupo de reggae Ponto de
Equilíbrio apresenta em Fortaleza o show “Essa é a nossa música” (Som Livre)
neste sábado (27) na Barraca Biruta. Quem também sobe ao palco da noite mais
regueira da capital cearense são a banda Planta & Raiz, os meninos da Dona
Leda e os DJ Andread Jo e Bandit Dubwise.
A turnê é inspirada no CD
homônimo lançado em abril desse ano e que contou com participações especiais de
Ivete Sangalo, Emicida, Gabriel O Pensador, Alexandre Carlo e do
multi-instrumentista italiano Alborosie.
Criado há 16 anos em Vila Isabel , no Rio de
Janeiro, o Ponto de Equilíbrio é reconhecido como um dos mais importantes
grupos de reggae do país. Formado por Helio Bentes (vocal), Pedro 'Pedrada'
Caetano (baixo), Márcio Sampaio (guitarra), Tiago Caetano (teclado), Lucas
Kastrup (bateria) e Marcelo Campos (percussão), o conjunto ganhou respeito no
universo do reggae desenvolvendo um trabalho 100% autoral com os álbuns “Reggae
a vida com amor” (2004), “Abre a janela” (2007), “Dia após dia lutando” (2010)
e “Juntos somos fortes” (2013) e o recém-lançado “Essa é a nossa música”.
Na apresentação deste sábado o
repertório traz canções do novo disco como “Nossa música”, “Direitos iguais”,
“Estar com você” e antigos sucessos como “Jajah me leve”, “Ponto de Equilíbrio”
e “Só quero o que é meu”, entre outros.
Um espetáculo criado para fãs de todas as vertentes do reggae, como
aponta Marcelo Yuka na apresentação do álbum: “salta aos olhos a coragem e a
autonomia da banda em passear por vários estilos diferentes sem perder a
originalidade nem o vínculo estreito com o reggae de raiz”. Mais sobre o disco
“Essa é a nossa música”- por Marcelo Yuka.
Não sei exatamente qual o seu
gosto musical, mas se você ainda acha que reggae é uma música toda igual, com
uma guitarrinha que se repete do começo ao fim, com algum maluco com o cabelo diferente
gritando “oi oi oi”, você está severamente enganado. Esse ritmo, tipicamente
jamaicano, fez daquela pequena ilha no Caribe um reflexo não só da cultura
local, mas da diáspora africana pelo mundo. O Brasil, com todas as suas
matrizes negras, culturais não podia ficar de fora. De uma maneira ou de outra,
o reggae como estilo musical começou o seu namoro com o Brasil há uns 40 anos
(alguns dizem que o shot já era um tipo de reggae ou que o reggae já era um
tipo de shot).
Uma das primeiras citações sobre
o reggae no Brasil seria da música "Nine out of ten", do disco
Transa, do Caetano Veloso. Mas há evidências de gravações propriamente ditas
antes do Caetano Veloso, dessa palavra reggae, no Maranhão, e até mesmo o
Movimento Roraimeira - movimento cultural, como o nome diz, vindo de Roraima,
nossa capital mais perto do Caribe. Eu não sei dizer. Só sei que depois de
tanto tempo e de tantas afinidades rítmicas e sociais, o reggae se estabeleceu
no Brasil, não só para um público fiel, mas também por artistas que seguram o
seu cajado como proposta principal. É nesse terreno que o Ponto de Equilíbrio
cresceu e se estabeleceu.
Me lembro da primeira vez que vi
os meninos no palco do Circo Voador. Foi uma grata surpresa ter essa banda de
Vila Isabel, subúrbio carioca, tocando com propriedade o ritmo jamaicano, com
um público que lotava as dependências do lugar, cantando quase todas as músicas
com devoção - uma clara referência que as pessoas que estavam ali não
precisavam da rádio para construir tamanha empatia. Era o talento da banda e o
espaço que o reggae exigia no país e fazia toda a conexão. Cinco discos depois,
a turma de Helinho, Lucas, Marcio, Tiago, Marcelo e Pedrada estão, com certeza,
mais ainda estabelecidos não só no cenário do reggae, mas no cenário pop
brasileiro. Me salta aos olhos, agora, nesse novo trabalho “Essa é a nossa
música”, a coragem e a autonomia da banda em passear por vários estilos
diferentes, sem perder a originalidade, nem o vínculo estreito com o reggae de
raiz.
O disco começa com “Fio da Fé”,
um reggae moderno com riff de guitarra distorcido e uma métrica vocal flertando
com os DJs e toasters jamaicanos. Depois, damos uma guinada na canção “Nossa
Música” com participação do Gabriel o Pensador, uma melodia linda com tendência
atual da mistura que o ritmo adota derivado do encontro com hip hop. “Chances”,
a terceira faixa, já se desdobra num roots ensolarado que assume de vez a
relação da banda com o rastafarianismo. Em seguida, temos “Direitos Iguais”,
que agrada e muito aqueles que, assim como eu, são fãs do Reggae Dub. “Estar
Com Você”, a faixa seguinte, já cai com uma pegada mais romântica com
participação de Ivete Sangalo e é mais uma grande melodia do disco. Perto da
metade do disco, tenho que ressaltar a qualidade dos timbres que tem nele,
principalmente a cozinha "baixo e bateria" da banda.
A oitava faixa, “Vou Me Tacar”,
já tem um enfoque mais urbano e eletrônico, o que mostra a versatilidade e a
capacidade do vocalista Helinho em passear por várias métricas diferentes. O
disco segue com “Fogo e Água”, talvez a faixa mais bombástica. A faixa onze, “A
Vida de Um Rastafaman”, conta com participação de Alexandre Carlo, do Natiruts.
As duas vozes combinam muito bem e seguem com a pegada rasta e melódica.
“Peleja” é outra canção que abre espaço para o hip hop entrar, onde a
participação do Oriente dá o tom sem perder a pegada que os fãs da banda já
estão acostumados. As duas últimas canções “Etiópia Sagrada” e“Diamante Rubi”
propõem, mais uma vez, pelo ponto de vista rastafári, um sossego, uma certeza e
uma fé que, independente da crença de cada um, é um aconchego espiritual
musicado em gratidão.
Minha intenção, quando comecei
esse texto, não era falar de tantas canções, mas colocar apenas os meus
sentimentos, minha visão, em decorrência do disco, mas confesso que fui
capturado pela diversidade dentro do gênero reggae, que a maturidade do Ponto
de Equilíbrio impõe. Os garotos cresceram e se fortaleceram não só na
autenticidade, para defender o reggae, mas na coragem de passar com tanta
autonomia pelas mais diversas nuances do gênero. O Ponto agora é do Equilíbrio
que a música pop brasileira contemporânea de origem jamaicana tem para se
alicerçar, no coração desse país complexo e multifacetado, ainda se definindo,
numa democracia religiosa, racial e política. Depois de tanto tempo, fico feliz
por ser e perceber que o reggae, em sua essência seja como for, ainda carrega
os mesmos compromissos dos seus mentores, sem temer a época, os conflitos e as
possibilidades urgente dos dias de hoje. Valeu, Ponto. Obrigado pelo
compromisso.
Serviço:
Ponto de Equilíbrio na Barraca
Biruta
Quando: 27 de agosto
Horário: a partir das 21h
Classificação: 18 anos
Valores: R$50 (pista) | R$80
(front) | R$100 (VIP)
Informações sobre ingressos e
vendas: (85) 3230-1917 / WhatsApp (85) 9.8118-3114 online www.ingressando.com.br
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