Um dos métodos mais populares
para acalmar os bebês, a adoção da chupeta pode ocasionar prejuízos na saúde e
no desenvolvimento das crianças, se utilizada em excesso. A ortodontista
Carolina Cavalcante explica que o uso de chupeta está ligado diretamente à
necessidade fisiológica de sucção, mas alerta para os cuidados na frequência,
no tempo e na intensidade que a criança permanece com o objeto na boca. “Quando
esses três fatores são demasiados, acabamos interferindo no equilíbrio do
sistema estomatognático (conjunto de estruturas da cabeça, face e pescoço, como
ossos, músculos, dentes, glândulas, nervos e articulações), que é responsável
pela mastigação, deglutição, respiração e fonoarticulação. E é exatamente aí
que os prejuízos começam a aparecer”, afirma.
Ela explica que “a palavra
chupeta em inglês quer dizer “Pacifier”, ou seja, pacificador, o que
tranquiliza ou acalma. É exatamente por isso que a maioria dos pais começa a
introduzir a chupeta ao cotidiano dos bebês. Sabe-se que, até os 2 anos de idade,
a criança tem uma necessidade fisiológica de sucção. Onde a sucção no seio da
mãe deveria satisfazê-la tanto em termos nutricionais quanto emocionais, mas
isso começa a mudar nos primeiros meses de vida, transformando-se em hábito,
quando mesmo na ausência da fome o bebê procura sugar, levando tudo à boca,
apenas na busca de prazer. É o jeito do bebê conhecer o mundo, sentindo gostos,
texturas, temperaturas”.
A especialista explica também que
os bebês que fazem uso da chupeta têm até duas vezes mais chances de
desenvolver algum tipo de problema durante o desenvolvimento, sem contar com a
bagagem genética que pode potencializar ainda mais. “Isso ocorre porque a
chupeta causa uma deformação nas arcadas dentárias do bebê, projetando seus
dentinhos superiores e maxila para frente, criando um espaço entre os dentinhos
de cima e de baixo e não permitindo que eles se apoiem e consigam fechar a boca
de forma adequada, sem esforço muscular. É o que chamamos de mordida aberta”,
ressalta.
Diante dessa situação, a criança
pode apresentar problemas:
- na respiração: o bebê passa a
respirar pela boca, porque está sempre aberta, por interposição da língua, com
isso, o ar não passa pelo nariz nem pelos seios da face, deixando de estimular
o desenvolvimento e crescimento normal dessas estruturas. Também não permite
que o ar que entra pela boca seja aquecido e nem filtrado, como seria feito
pelos pêlos do nariz, causando irritações recorrentes na orofaringe, laringe e
pulmão. A respiração oral leva à diminuição da produção da saliva, que pode
aumentar o risco de cáries;
- na deglutição: o bebê não
consegue mastigar direito porque a língua fica se interpondo no espaço aberto
pela chupeta;
- na fonação: os dentes funcionam
como um anteparo, determinando até aonde a língua pode ir, e assim, produzir os
sons corretamente. Como existe um espaço entre os dentes da frente, a língua
passa, se interpões aos dentes e produz um som sibilante.
Muitas vezes, o próprio pediatra
chama atenção para algum transtorno que a chupeta pode estar causando e já
solicita a visita a um especialista para maiores informações e acompanhamento.
Esta visita pode e deve ser feita logo quando aparece na boca o primeiro
dentinho, para que a mãe seja orientada da forma correta quanto à higiene e
demais cuidados. Quando já existe alguma
má oclusão instalada, é preciso intervir.
Algumas dicas para diminuir o uso
da chupeta é associá-la à hora de dormir. Assim, deixe-a no berço e sempre que
a criança a pedir, pergunte se ela quer dormir, e a coloque no berço. Se a
criança pedir para sair do berço, dando os braços, peça que ela deixe a chupeta
no berço. E assim, você condiciona o uso da chupeta à hora de dormir. Você
também pode retirar a chupeta da boca da criança depois que ela dormir.
DEDO
E chupar o dedo, pode? Pior do
que o uso da chupeta, é quando as crianças descobrem o próprio dedo. Isso
porque fica difícil de afastar o objeto da criança ou mesmo deixá-lo no berço,
pois o dedo faz parte do seu corpinho. Mas existem alguns artifícios para
ajudar. Nunca chame atenção para o ato da criança chupar o dedo, assim você
marca o comportamento de forma negativa; tente sempre mudar o foco, como
oferecer algum objeto para que a criança tire o dedo da boca e pegue-o.
Alternativas
Para evitar problemas desse tipo,
Carolina Cavalcante aconselha que a chupeta deve ser usada de forma racional,
respeitando as reais necessidades de sucção da criança. “A severidade dos
efeitos nocivos está relacionada à duração, frequência e intensidade com que é
usada, podendo determinar má-oclusão dentária, má-postura de língua e problemas
articulatórios. Também é possível ver outras formas de acalmar as crianças,
como música, um carinho e, principalmente, colo”, esclarece. “Essas são as
melhores maneiras para fazer o choro parar e, além disso, ainda estamos
aumentando nosso vínculo com nossos filhos, fazendo com que eles percebam que
nós é quem somos o porto seguro deles, e não a chupeta. Esse simples ato de
colocar no colo e acalentar, pertinho da mãe, faz com que os bebês sintam-se
‘em casa’, pois reconhecem seu cheiro e batimentos cardíacos. É o que dá
segurança e tranquilidade à criança, além do toque, da voz e do olhar afetuoso
da mãe. Por isso, não raro o bebê para de chorar quando está em seus braços,
segundo estudos do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo”.
A especialista afirma que “a
velha teoria de que colo deixa a criança mimada está perdendo adeptos, para
sorte dos bebês. Entre os argumentos a favor, estão a segurança e o afeto
transmitidos a eles, sentimentos que mesmo em excesso não fazem mal a ninguém”.
Carolina Cavalcante
Graduada pela Universidade de
Fortaleza (Unifor) e especialista em ortodontia pelo Grupo de Estudos
Ortodônticos e Serviços (Gestos/SP),
Carolina Cavalcante tem cursos avançados em Aparelho Autoligado
e Oclusão e DSD (Instituto Vellini, SP). Em Fortaleza, mantém uma clínica
homônima com técnicas e equipamentos modernos e coordena uma equipe de
dentistas especializados que oferecem um atendimento personalizado em nove
tratamentos de excelência: ortodontia veloz; ortodontia convencional;
ortodontia estética; infantis; clareamento dental; facetas de porcelana e
lentes de contato; implantes e próteses; gengivais e disfunção; na ATM. A
Clínica Carolina Cavalcante fica na Duets Office Tower (Rua Dr. Gilberto
Studart, 55 - Cocó), em Fortaleza. Informações : (85) 3181.8157 e
carolinacavalcanteortodontia@gmail.com.
SUGESTÃO QUADRO COM DICAS:
- Até os 2 anos de idade, existem
a necessidade de sucção;
- Ofereça mordedores, brinquedos
para que a criança possa levar a boca. Este é o jeito dela de conhecer o mundo;
- Fique de olho na intensidade,
frequência e duração do uso da chupeta;
- A chupeta deve ser associada à
hora de dormir. Deixe-a no berço sempre;
- Se a criança começar a chupar o
dedo, sempre que ver, ofereça objetos para que a criança retire o dedo da boca
para pegá-los;
- Existem outras formas de
acalmar seu filho, e colo é uma das melhores;
- Procure um dentista de forma
preventiva, para não permitir que alguma má oclusão se instale e precise de
intervenção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário