O Festival, idealizado e dirigido pelo ator e
diretor Carri Costa, revela novos talentos do teatro cearense há mais de duas
décadas, homenageia Rogério Mesquita e B. de Paiva
O Festival de Esquetes de Fortaleza -
FESFORT, começa sua edição 2024 nesta quarta, 21 de fevereiro, no Teatro da
Praia. O Fesfort surgiu em 1997, com o objetivo de fomentar a produção teatral
local, valorizar os artistas e incentivar a criatividade e a diversidade de
linguagens cênicas.
A premiação reconhece os destaques em vários
quesitos, com o troféu Gasparina Germano, uma homenagem à atriz cearense ícone
das décadas de 30 e 40. Esse ano serão homenageados o ator e diretor Rogério
Mesquita e o dramaturgo B de Paiva.
O Fesfort se consolidou como um espaço de
formação, intercâmbio e difusão da arte teatral, revelando novos talentos e
promovendo a cultura cearense. Ao longo de sua trajetória, o festival recebeu
mais de 300 esquetes, de diversos gêneros e estilos, que refletiram sobre temas
como política, violência, sexualidade, religião, humor, poesia e memória.
Em 2024 serão apresentadas 20 esquetes teatrais, com diversos artistas amadores, de 21 a 25 de fevereiro, de quarta a domingo, no palco do Teatro da Praia. As apresentações do 22° Fesfort acontecem às 19h e tem entrada gratuita.
CARRI COSTA, IDEALIZADOR DO FESFORT
Carri Costa é um dos nomes mais conhecidos e
respeitados do teatro cearense. Com mais de 40 anos de carreira, ele já atuou,
dirigiu e produziu dezenas de espetáculos, além de participar de filmes, séries
e programas de TV. Sua marca registrada é o humor, que ele usa para abordar
temas sociais, políticos e culturais.
Um dos seus trabalhos mais recentes foi a
série Cine Holliúdy, exibida pela Rede Globo, na qual interpretou o personagem
Lindoso, um prefeito corrupto e fanfarrão. A série, que teve duas temporadas,
foi inspirada no filme homônimo de Halder Gomes, que também contou com a
participação de Carri Costa.
Outro projeto de destaque é o Teatro da
Praia, espaço cultural que ele fundou e administra há quase 30 anos, na Praia
de Iracema, em Fortaleza. O teatro é um dos principais palcos da cidade,
recebendo espetáculos de diversos gêneros e grupos, além de sediar oficinas,
cursos e eventos.
Um desses eventos é o Fesfort - Festival de
Esquetes de Fortaleza, que Carri Costa idealizou e coordena desde 2004. O
festival é um dos mais importantes do estado, reunindo artistas de todo o país,
que apresentam cenas curtas de até 15 minutos, concorrendo a prêmios e troféus.
ROGÉRIO MESQUITA, UMA VIDA DEDICADA AO TEATRO
Rogério Mesquita foi um dos nomes mais
importantes e influentes do teatro cearense contemporâneo. Ator, produtor,
gestor e ativista cultural, ele foi um dos fundadores do grupo Bagaceira de
Teatro, um dos mais premiados e reconhecidos do estado. Ele também foi responsável
pela criação e administração da Casa da Esquina, um espaço independente e sede
do Bagaceira, que abrigou diversos projetos, espetáculos e eventos artísticos.
Rogério Mesquita nasceu em 1979, em
Fortaleza, e começou sua carreira no teatro aos 18 anos, no grupo Teatro Jovem,
dirigido por Ricardo Guilherme. Em 1999, ele se juntou a outros jovens atores e
fundou o grupo Bagaceira de Teatro, que se destacou pela pesquisa de linguagem,
pela estética irreverente, pela crítica social e pela ousadia cênica.
Entre os espetáculos que Rogério Mesquita
atuou, produziu ou dirigiu pelo Bagaceira, estão: Estranhos (2003), O Banco
(2004), 10:40:50 (2005), Lesados (2004), O Realejo (2005), Meire Love (2006),
Pornográficos (2007), Interior (2013) e Fishman (2015). Esses trabalhos
circularam por vários festivais nacionais e internacionais, recebendo diversos
prêmios e elogios da crítica e do público.
Em 2007, Rogério Mesquita inaugurou a Casa da
Esquina, um teatro independente localizado no bairro Benfica, em Fortaleza. O
espaço se tornou um dos principais centros culturais da cidade, recebendo não
só as produções do Bagaceira, mas também de outros grupos e artistas, além de
sediar oficinas, cursos, debates, exposições e shows. A Casa da Esquina também
foi palco de importantes manifestações políticas e sociais, como a ocupação
cultural de 2016, em protesto contra o impeachment da presidenta Dilma
Rousseff.
Rogério Mesquita morreu em 2023, aos 44 anos,
vítima de uma infecção renal. Sua morte causou grande comoção e tristeza no
meio artístico e cultural, que reconheceu sua trajetória, sua contribuição e
seu legado para o teatro cearense. Em sua homenagem, o Fesfort de 2024,
coordenado por Carri Costa, dedicou uma homenagem especial.
B DE PAIVA, ÍCONE DO TEATRO CEARENSE
José Maria Bezerra de Paiva, mais conhecido
como B de Paiva, foi um ator, diretor, dramaturgo, poeta, professor e gestor
cultural que marcou a história do teatro cearense e brasileiro. Nascido em
Fortaleza em 1932, ele iniciou sua carreira aos 15 anos no grupo Teatro-Escola
do Ceará, fundado por Nadir Saboya e Maristher Gentil. Em 1951, ele se mudou
para o Rio de Janeiro, onde trabalhou com Paschoal Carlos Magno no Teatro Duse
e participou de diversos espetáculos e festivais.
Na década de 1960, B de Paiva retornou ao
Ceará e se tornou um dos líderes do movimento de modernização do teatro no
estado. Ele foi um dos fundadores da Secretaria da Cultura, do Curso de Arte
Dramática e do Teatro Universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele
também foi diretor do Theatro José de Alencar por sete anos e criou o grupo
Comédia Cearense, ao lado de Haroldo Serra e Afonso Barroso.
B de Paiva se destacou como ator,
interpretando personagens marcantes como o Rei Saul, em Um uísque para o rei
Saul, de Oduvaldo Vianna Filho, e o Capitão Rodrigo, em O tempo e o vento, de
Érico Veríssimo. Como diretor, ele realizou montagens memoráveis como Bodas de
sangue, de Federico García Lorca, e A distância da lua, de Italo Calvino. Como
dramaturgo, ele escreveu peças originais como A morte do rei, O homem que não
sabia nada e A última ceia.
B de Paiva também foi um importante professor
e formador de gerações de artistas cearenses. Ele lecionou na UFC, na Fundação
Brasileira de Teatro (FBT) e na Faculdade Dulcina de Moraes, em Brasília, onde
morou entre 1978 e 1995. Ele também foi autor de livros sobre teatro, como
Teatro cearense: história e dramaturgia e Teatro: arte e ofício.
B de Paiva faleceu em 2023, aos 90 anos, em
Fortaleza, onde vivia desde 1995. Ele deixou um legado de cultura e afeto para
o teatro cearense e brasileiro, sendo reconhecido como um dos maiores nomes da
cena nacional. Em 2024, ele será homenageado no Fesfort - Festival de Esquetes
de Fortaleza, que chega à sua 22ª edição.
TEATRO DA PRAIA, NOVO ENDEREÇO
O Teatro da Praia, fundado pelo diretor e
ator Carri Costa em 1993, é um dos espaços culturais mais tradicionais e
queridos de Fortaleza. Ao longo de seus 30 anos de existência, o Teatro abrigou
diversas peças teatrais, shows, exposições, oficinas e eventos, além de ser a
sede da Cia. Cearense de Molecagem, grupo que se destaca pela comédia popular e
irreverente.
Um dos maiores sucessos do Teatro da Praia é
o espetáculo “Tita & Nic”, uma sátira do filme “Titanic” ambientada em uma
jangada do Mucuripe. A peça, que completou 25 anos de atuação em 2023, é
considerada um clássico da dramaturgia cearense e já foi vista por mais de um
milhão de espectadores.
Em 2021, o Teatro da Praia enfrentou uma
série de dificuldades que ameaçaram sua continuidade. O imóvel onde funcionava,
na rua José Avelino, na Praia de Iracema, foi colocado à venda pelos
proprietários e, em maio do mesmo ano, parte do telhado desabou, danificando a
estrutura física e os equipamentos do espaço.
Carri Costa, que sempre lutou pela manutenção
do Teatro, não desistiu de seu projeto e conseguiu alugar um novo imóvel na
avenida Monsenhor Tabosa, também na Praia de Iracema. Com o apoio da Secretaria
de Cultura do Ceará (Secult), que liberou recursos para a reforma do local, o
Teatro da Praia reabriu em janeiro de 2024, com a temporada da comédia “Tita
& Nic”.
ARTE EM CONEXÃO COM A CIDADE
A escolha da avenida Monsenhor Tabosa como
novo endereço do Teatro da Praia não foi por acaso. A via, que é uma das mais
antigas e movimentadas de Fortaleza, é conhecida por abrigar um dos maiores
corredores turísticos da cidade, com centenas de lojas de artigos de vestuário
da moda local e itens de artesanato.
No entanto, a avenida também sofre com o
abandono, a violência e a falta de investimentos públicos e privados. Carri
Costa, que sempre teve uma relação afetiva com a região, acredita que o Teatro
da Praia pode contribuir para a revitalização e a valorização da avenida,
atraindo mais público, comércio e cultura para o local. “O Teatro da Praia é um
espaço de resistência", disse Carri.
HISTÓRICO DO FESFORT
O Festival de Esquetes de Fortaleza (FESFORT)
é um dos eventos mais tradicionais da cena teatral cearense. Criado em 1997, o
festival surgiu como uma alternativa para os artistas locais mostrarem e
discutirem seus trabalhos experimentais, em um cenário de escassez de espaços
culturais na capital. Desde então, o FESFORT se consolidou como um espaço de
valorização e divulgação da produção teatral do estado, reconhecido por lei
estadual e pelo edital de festivais da Lei Paulo Gustavo.
O festival tem como marca registrada a
premiação dos destaques de cada edição com o Troféu Gasparina Germano, uma
homenagem à atriz cearense que brilhou nas décadas de 30 e 40. Neste ano, o
troféu será entregue nas categorias de esquete, direção, ator, atriz, ator
coadjuvante, atriz coadjuvante, texto original, texto adaptado, figurino, maquiagem,
cenário, iluminação e sonoplastia.
Além disso, o festival também homenageia a
cada ano uma personalidade da história teatral do Ceará com o troféu Gasparina
Germano. Em 2024, os homenageados serão os artistas B. de Paiva e Rogerio
Mesquita, que se destacaram em 2022 e 2023, respectivamente. O festival também
concede a Comenda Theatro Concordia, que reconhece o trabalho de grupos,
instituições, produtores e personalidades culturais do estado. Nesta edição, os
agraciados serão o grupo Pavilhão da Magnólia, o Teatro Chico Anísio, o
produtor Ronaldo Agostinho e a atriz Marta Aurélia.
O FESFORT – Festival de Esquetes de
Fortaleza, quando iniciou sua trajetória, o Festival Nordestino de Teatro de
Guaramiranga estava em sua quarta edição e o Festival de Teatro Amador de
Acopiara já completava dez anos. Em Fortaleza, já tinha dois anos que o
primeiro Festival de Teatro da Prefeitura tinha acontecido. O Instituto Dragão
do Mar estava começando a implantar o Colégio de Direção Teatral, o espaço onde
hoje é o Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura era um grande canteiro
de obras, e eis que em abril de 1997 dentro desse cenário, surge o FESFORT, um
festival de cenas curtas que se tornaria realidade para uma classe artística
carente de espaços onde se apresentasse e debatesse trabalhos mais
experimentais. O Teatro da Praia através do FESFORT se tornou um local onde se
oportunizava os novos pensamentos de diretores, atores e autores. Em 2010 o
FESFORT, através da lei N° 14.796, DE 22.09.10 (D.O. DE 23.09.10) de Iniciativa
do então deputado estadual Artur Bruno foi incluído no Calendário Oficial do
Estado do Ceará. Em 2023 o festival foi selecionado no Edital de Festivais da
Lei Paulo Gustavo, o que viabilizou essa vigésima segunda edição.
A realização do FESFORT é da APTECE –
Associação dos Produtores Teatrais do Ceará.
SERVIÇO
22° FESFORT - Festival de Esquetes de
Fortaleza 2024
De 21 a 25 de fevereiro, de quarta a domingo,
às 19h.
Teatro da Praia
Avenida Monsenhor Tabosa, 177 - Praia de
Iracema
Entrada franca.
#vamosaoteatro!
Fonte: Assessoria de Imprensa.
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