Histórias e números revelam que aumenta a cada ano interesse de idosos por cursos superiores para manterem corpo e mente em plena atividade, longe do envelhecimento
Conhecimentos e novas experiências são sempre bem-vindos, independentemente da idade. E a máxima do “nunca é tarde para aprender” está cada vez mais em evidência. Norteados por tais pensamentos e sedentos por novos desafios, além de buscarem exercitar corpo e mente, a procura de pessoas da chamada “melhor idade” por faculdades e universidades pelo Brasil tem sido mais intensa a cada ano.
De acordo com o último levantamento do Censo de Educação Superior, já são mais de 19 mil acadêmicos entre 60 e 64 anos por todo o país. Quando falamos de pessoas acima dos 65 anos, temos mais de oito mil universitários dentro desse perfil.
Traduzindo os números em histórias, dois personagens fazem muito bem essa ilustração. Antônio Valdeniro e Felipe Almeida são acadêmicos do Centro Universitário Estácio do Ceará e possuem alguns outros pontos em comum: décadas de experiência, sede por conhecimento, outras formações e sabedoria em demasia.
Harmonia entre corpo e mente
Valdeniro integrou a Polícia Civil por 33 anos e atuava também como consultor de segurança particular até pouco tempo. Apesar de tantos afazeres, decreta que o universo acadêmico jamais o largou. “Passei em 13 vestibulares na vida, sou formado em História e Geografia, mas nunca me dei por satisfeito. Hoje sou viúvo, iniciei o curso de Direito na Estácio, tranquei, e comecei Matemática, que é onde me sinto bem, adoro os números”, explica o jovem senhor de 58 anos.
O sábio e espiritualista ex-agente de segurança atribui sua fonte inesgotável de energia a uma vida harmoniosa e dá dicas a quem pretende se desprender das amarras do passado e olhar com firmeza para o futuro. “Se mantenham longe dos alimentos industrializados, não fiquem presos aos aparelhos de TV, busquem a paz interior, façam exercícios, o corpo e a alma precisam estar em constante equilíbrio. Não hesitem em ir atrás de conhecimento, somos eternos aprendizes, esse é o segredo”, garante.
Educação é o caminho
Cheio de disposição, Felipe Almeida exerce a medicina há mais de 30 anos, sempre bem-humorado e com a sapiência que os 65 anos de vida lhe trouxeram. Pai de três jovens já formadas, o médico não quis parar no tempo e regressou ao universo acadêmico. “Alimento o desejo por ampliar os meus conhecimentos, é uma necessidade que tenho de estar sempre em desenvolvimento, aprendendo. Busquei a Estácio pelo padrão de qualidade e hoje estou em dois cursos. E quero mais, não vou parar”.
Doutor Felipe garante que, após concluir Direito e História, onde já está no penúltimo semestre de ambos, ingressará no mundo da Comunicação Social para adquirir ainda mais aprendizado. “Serei o melhor aluno de Jornalismo de toda a Estácio, pode anotar aí o que eu estou dizendo”, garante.
O médico faz questão de realçar a importância educacional na vida de cada um e aconselha os que estão em sua faixa etária. “Só há uma saída honrosa para quem é pobre de dinheiro: a educação. Minha mãe sempre me disse isso. Esse é o caminho. Portanto, se sintam úteis, valorizem as amizades verdadeiras, façam o bem sem olhar a quem, façam caminhadas diárias porque é bom ao corpo, creiam em Deus e nunca deixem de lado a busca pelo conhecimento, alimentem a mente, leiam, aprendam, isso nos faz crescer. Estar na faculdade é ótimo, conviver com pessoas mais jovens nos enche de energia também”, completa Felipe.
Corpo sadio para durar mais
Se estar inserido ao universo acadêmico é benéfico para manter a mente em pleno funcionamento, também é importante pensar em atividades para a estrutura corporal, tudo visando o equilíbrio. Abandonar o sedentarismo - principalmente na terceira idade - e praticar atividades físicas são essenciais para evitar transtornos presentes e futuros com relação à saúde. É o que garante Jarde de Azevedo Cunha, coordenador do curso de Educação Física da Estácio.
“Para o indivíduo envelhecer de forma saudável o ideal é, desde cedo, adotar um estilo de vida fisicamente ativo, mas isso não quer dizer apenas fazer exercícios. Uma alimentação correta é essencial. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 70% da população mundial sofrem com sedentarismo e estão predispostos a desenvolverem problemas cardíacos, obesidade, que acaba desencadeando outros problemas como hipertensão, diabetes, e por aí vai. A ausência de atividades físicas é responsável por 54% do risco de morte por infarto, 50% do risco de derrame cerebral, 37% de câncer, enfim. Pessoas fisicamente ativas têm riscos de problemas de saúde sempre reduzidos”, detalha.
Jarde, que é mestre em Ensino na Saúde e especialista em Fisiologia e Biomecânica aplicada ao Exercício, dá dicas importantes a senhores e senhoras que ainda estão em dúvidas quando em pauta está a relevância da preocupação com o corpo.
“O idoso precisa buscar atividades que lhe satisfaça, que lhe faça bem. Mas é necessário, antes de qualquer coisa, criar uma rotina para se livrar de males como depressão, isolamento, entre outros. Após isso, o caminho é identificar algum exercício e tentar estar em grupo, porque motiva, se sentir acolhido facilita o processo, socializar é importante, é o que mais a gente vê quando falamos de um público da melhor idade”, completa o especialista.
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