Aperto no coração, ansiedade,
insegurança e, ao mesmo tempo, a expectativa de um mundo de descobertas. São
esses alguns dos sentimentos vividos quando os pais decidem apresentar aos
filhos a vida escolar. E esse momento fica ainda mais delicado quando acontece
já a partir dos quatro meses de vida, especialmente, para a mãe que, até esta
data, tem mantido um vínculo único com o bebê numa rotina de muita ligação
afetivo emocional. Nessa fase, é muito importante que seja realizado um
processo de adaptação, que deverá ser feito da maneira mais tranquila possível,
tanto para as crianças quanto para os pais.
Creche ou escola deverão ter um
acompanhamento adequado nesse momento tão importante. As crianças não devem
ficar de imediato longe dos seus familiares, já que tudo é novo. Ainda com a
presença de um dos responsáveis, as crianças vão interagindo por meio de
atividades pensadas pela equipe pedagógica, até que ambos os lados se sintam
seguros e a separação aconteça gradualmente. O tempo para que isso aconteça pode
variar de criança para criança. “É um processo lento, gradativo,
principalmente, para aquelas crianças que nunca estiveram em um ambiente
escolar. Algumas se adaptam rápido, outras demoram um pouco mais, mas
procuramos fazer de tudo para que aconteça da forma mais natural possível”,
explica a psicopedagoga da Creche Escola Gira Mundo, Andréa Aires Costa.
A Instituição, fundada há quase
20 anos, recebe bebês a partir dos quatro meses, tendo programa de ensino até o
primeiro ano. Para cada faixa etária, o processo acontece de forma
diferenciada, respeitando os limites das crianças. “Sugerimos que nos primeiros dias o tempo de
permanência das crianças na escola vá aumentando gradativamente, assim como
que, na hora de sair, os pais se despeçam e jamais saiam escondidos, mesmo que
a criança chore. É preciso que a criança perceba que há um movimento de ida e
vinda de seus pais, aos deixá-los e buscá-los. Isso favorece o desenvolvimento
da segurança da criança com as pessoas e o ambiente da escola”.
Um bom processo de adaptação vai
trazer bons resultados para a vida escolar como afirma a psicopedagoga. “A
criança compreenderá, aos poucos, que estar na escola é bom. A rotina
desenvolvida no ambiente escolar dá segurança e orienta a aprendizagem,
atendendo a necessidade natural do ser humano de compreender como este mundo
que nos cerca se organiza. As relações sociais oferecidas pelo ambiente escolar
desenvolvem ao longo de toda a escolaridade infantil a habilidade de se colocar
na perspectiva do outro e de se tornar de fato um ser social e, sendo assim, um
ser humano”. Por outro lado, quando não realizado da maneira correta pode
acarretar alguns danos. “Uma criança que volta para casa ao chorar, que diz
quando quer ou não vir à escola, assim como quais atividades quer fazer ou,
ainda, que cria a dependência da presença da família na escola não consegue se
desenvolver de forma autônoma, pois fica impossibiltada de perceber que o que
está à sua volta não foi criado para apenas satisfazer as suas vontades. A escola
e a aprendizagem podem se tornar neste caso uma tortura”.
É geralmente no início do ano que
acontecem os processos de adaptação por conta do começo do ano letivo, da
presença de alunos novatos - tanto para aqueles que estão começando a vida
escolar quanto para os que vêm de outras escolas – e até para os veteranos que,
depois de um período de férias, precisam se adaptar à nova sala, aos novos
professores e à nova rotina. “Ver a escola cheia de crianças, ouvir aqueles
permanente burburinho de falas, choros e risadas, assim como acompanhar as
aprendizagens que despontam na vida de cada criança e de cada educador, é o que
dá sentido à existência da escola. Estamos com saudades disso tudo! Que venha
uma nova fase agora, a escola já está pronta para mais um período de acolhida e
adaptação”.
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