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domingo, 13 de março de 2016

Dragão do Mar] Programação cultural de 14 a 20 de março de 2016

FUNCIONAMENTO

// Geral: de segunda a quinta, das 8h às 22h; e de sexta a domingo e feriados, das 8h às 23h. // Bilheterias: de terça a domingo, das 14h às 20h.
// Cinema do Dragão-Fundação Joaquim Nabuco: de terça a domingo, das 14h às 22h.
// Museus e Multigaleria: terça a sexta, das 9h às 19h (acesso até as 18h30); sábados, domingos e feriados, das 14h às 21h (acesso até as 20h30). Gratuito.

// Atenção: às segundas-feiras, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura não abre cinema, cafés, museus, Multigaleria e bilheterias.

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► Oficina Tira-Dúvidas: Inscrições na Maloca Dragão

A Maloca Dragão 2016 apresenta como uma das novidades a inscrição, por meio de plataforma digital, de projetos artísticos inéditos nas duas edições anteriores. Para orientar os processos de inscrição no Mapa Cultural do Ceará, o Dragão do Mar realiza uma oficina tira-dúvidas, nesta segunda-feira, dia 14.

As inscrições devem ser feitas entre 1º a 20 de março, exclusivamente através no endereço virtual: www.malocadragao.org.br. Outras dúvidas podem ser solucionadas através do email inscricoesmalocadragao@gmail.com.

Dia 14 de março, das 14h às 18h, no Auditório do Dragão. Acesso gratuito.



► Dragão do Mar promove encontros com a classe artística para os Editais Culturais 2016/2017

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) encerra, na terça-feira (15), a rodada de conversas com artistas e demais agentes da cultura no Ceará, realizada a fim de reunir sugestões e novas ideias para os Editais Culturais 2016/2017. Foram encontros diários desde o dia 7 de março – exceto domingo – com os interessados de cada uma das dez linguagens artísticas contempladas pelos editais: teatro, dança, música, cinema, artes visuais, performance, circo, fotografia e literatura. As conversas estão sendo realizadas no Auditório do Dragão e são abertas ao público.

Assim como em 2015, quando também realizou rodada de conversas com os artistas, o Dragão do Mar reafirma a posição de diálogo com a classe para assim aperfeiçoar os termos dos Editais Culturais, os editais de ocupação do CDMAC.

Confira abaixo o calendário dos encontros

Dia 7 (segunda)
19h – Música

Dia 8 (terça)
15h – Cinema
19h – Performance

Dia 9 (quarta)
15h – Circo

Dia 10 (quinta)
19h – Literatura

Dia 11 (sexta)
15h – Artes Visuais

Dia 12 (sábado)
17h – Fotografia

Dia 14 (segunda)
19h – Teatro

Dia 15 (terça)
19h – Dança


Relembre
Os Editais Culturais 2015/2016 foram lançados no dia 24 de março de 2015 e selecionaram 194 projetos artísticos nas linguagens de teatro, dança, música, artes visuais, cinema, literatura, fotografia, circo, performance e ainda na categoria Pontos de Cultura. As apresentações dos projetos selecionados compõem a chamada Temporada de Arte Cearense, que, neste último edital, somou 438 espetáculos e shows, distribuídos ao longo de um ano: de agosto de 2015 a julho de 2016.

Com investimento de R$ 1,3 milhão, os editais apresentaram avanços importantes. Além de reajustes nos recursos destinados ao pagamento dos cachês e inclusão de duas novas linguagens (Fotografia e Performance) e da categoria Pontos de Cultura, outros espaços de exibição foram incluídos, tanto no Dragão do Mar, quanto no Centro Cultural Bom Jardim.



► Teatro da Terça [Temporada de Arte Cearense]
Bando de Pássaros Gordos
Direção: Andréia Pires

Entre um encontro de degustação e o ensaio de uma banda fantástica, seis atores inventam um mundo de impulsos. Um mundo em que cada palavra dita e cada olhar têm apenas um significado. Cada toque não tem passado nem futuro, cada beijo é um beijo desconhecido. A peça só existe num tempo surreal.

FICHA TÉCNICA
Direção: Andréia Pires
Elenco: Bruna Pessoa, Lucas Galvino, Gabriella Ribeiro, Rodrigo Ferrera, Leonardo William e Thiago Andrade
Texto: Produção Colaborativa
Sonoplastia (Bateria): Pepeu
Fotografia: Fernando Maia
Iluminação: Andréia Pires
Técnica: Pedro Henrique
Desenhos: Thiago Beck
Preparação Vocal: Ari Sousa
Produção Executiva: Thiago Andrade
Produção em Cena: Marcos Paulo

Dias 15, 22 e 29 de março de 2016, às 20h, no Teatro Dragão do Mar. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia). 12 anos.


► Noite das Estrelas
Todos os meses, sempre nas noites de Quarto Crescente Lunar, o planetário disponibiliza telescópios ao público em geral para observação astronômica de Crateras da Lua, Planetas, Nebulosas etc.

Dias 15 e 16 de março de 2016, às 19h, em frente ao Planetário. Gratuito.


► Comer Querer Ver [Mês do Circo e Teatro no Dragão]
Outro Grupo de Teatro
Apresenta forma, cores, texturas, gostos e tudo que esteja à vista no primeiro olhar como em um cartão de visitas. A montagem traz quatro estórias sobre conflitos do homem contemporâneo consigo mesmo, cotidianamente, e com o próximo, em seus relacionamentos. A peça lança mão da homoafetividade como pano de fundo para estabelecer sua trama e é uma comédia sobre a instabilidade humana.

Dia 16 de março de 2016, às 20h, no Teatro Dragão do Mar. Gratuito. 12 anos.


► Quinta com Dança Experimental [Temporada de Arte Cearense]
Nácar
Victória Andrade e Tamires Sales
Duas. Saia que se faz vestir corpo. Em Nácar, aparece a investigação das formas de se mostrar do escondido. Um embate entre as imagens, os desejos e as dúvidas de duas mulheres imersas na textura de suas saias.


► Quinta com Dança [Temporada de Arte Cearense]
O Mais Profundo é a Pele
OMÌ Cia de Dança
O espetáculo se inspira nos dilúvios sensoriais provocados pelo toque na pele do outro, transcendendo o físico e chegando a questões nada puras. O trabalho cênico surgiu impulsionado pelos questionamentos do próprio diretor, Éder Soares, sobre um distúrbio na pele, chamado Dermografismo, que causa alergia na pele após ser tocado. Assim, como a arte se alimenta deste universo de questões e sensações chamado de Contato Físico?

Dias 17 e 24 de março de 2016, às 20h, no Teatro Dragão do Mar. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia). Livre.


► Ceará Jazz Series
Show "Giant Steps – Tributo a John Coltrane"

O projeto "Ceará Jazz Series", iniciado com sucesso em shows concorridos e aplaudidos em 2015, retorna na sexta-feira, 18/3, ao Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, com sua proposta de oferecer ao público novas oportunidades de contato com grandes obras da história do jazz e, ao mesmo tempo, com a excelência da cena instrumental cearense, ressaltando o talento, o virtuosismo e a criatividade dos músicos de nosso Estado. Na ocasião, será apresentado, às 20h,  o show "Giant Steps – Tributo a John Coltrane", com Marcio Resende (saxofones tenor e soprano), Thiago Almeida (piano), Iury Batista (contrabaixo acústico) e David Krebs (bateria). Ingressos já à venda nas bilheterias do Dragão do Mar e na Desafinado (Av. Dom Luiz, 655): R$ 30,00 (meia a R$ 15,00), ou em domicílio pelo fone 98699-6524 ou pelo e-mail cearajazzseries@gmail.com.

Arregimentado especialmente para este espetáculo, que estreou no Festival Jazz & Blues em Guaramiranga em fevereiro com lotação esgotada e muitos aplausos, o quarteto agora leva ao palco do Teatro do Dragão do Mar a íntegra do repertório de um dos mais importantes álbuns do saxofonista norte-americano: o antológico "Giant Steps", de 1960, disco que se tornou marco de uma das várias revoluções empreendidas no jazz por John Coltrane (1926-1967). O show será precedido por bate-papo com os músicos, no próprio teatro, às 18h30, com entrada franca.

O projeto Ceará Jazz Series, que terá uma nova temporada de shows ao longo de 2016, no Teatro do Centro Dragão do Mar e em outros espaços culturais de Fortaleza e do Interior, busca valorizar e gerar mais visibilidade para os músicos cearenses, apresentando ao público, através de grandes artistas de nosso Estado, obras importantes da história do jazz, que influenciaram várias gerações. Assim, os shows fazem uma ponte entre a história do jazz e a música contemporânea da efervescente cena de Fortaleza, também reforçando a importância do formato álbum e o desafio especial da transposição do repertório de um disco para uma nova experiência no palco.

“Giant Steps”, álbum homenageado no show do dia 18/3, foi o primeiro disco de John Coltrane a ter todas as composições de autoria do saxofonista e ficou marcado pelas famosas “Coltrane changes”, substituições de progressões de acordes que fizeram o disco chamar atenção também pelas harmonias e passariam a ser conhecidas como uma característica do álbum e do saxofonista. O álbum também mostra Coltrane se despedindo do bebop em grande estilo, para alçar voo rumo ao jazz modal que se fortaleceria a partir do início dos anos 60.

O festival Ceará Jazz Series

O Ceará Jazz Series, novo projeto musical, reunindo virtuosos instrumentistas cearenses recriando no palco obras-primas da história do jazz, reuniu grande público em apresentações no Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em agosto e dezembro de 2015. Em agosto foram apresentados os shows "Kind of Blue - Tributo a Miles Davis" (com Hugo D´Leon, Marcio Resende, Thiago Rocha, Thiago Almeida, Luciano Franco e Denilson Lopes),  e "Time Out - Tributo a Dave Brubeck" (com Stenio Gonçalves, Marcio Resende, Hermano Faltz, Iury Batista e David Krebs), ambos com o repertório integral desses clássicos discos da história do jazz, lançados em 1959.

Já em dezembro último o público aplaudiu de pé os shows "Kisses on the Bottom - Lorena Nunes - McCartney in Jazz", com a grande cantora da nova cena musical cearense recriando ao vivo a íntegra do disco em que Paul McCartney revisita canções norte-americanas das décadas de 30 a 50 (ao lado de Luciano Franco, Stênio Gonçalves, Luis Hermano e André Benedecti) e "Chet Baker Sings - Hugo D´Leon - Tributo a Chet Baker", com o aplaudido trompetista cearense Hugo D´Leon revisitando alguns dos temas mais marcantes desse disco e de outros momentos da trajetória musical de Chet, recebendo como convidados os cantores Marcos Lessa e Idilva Germano, ao lado dos instrumentistas Edson Távora Filho, Iury Batista e André Benedecti.

Todos os shows foram precedidos de bate-papos com os músicos, possibilitando um diálogo direto entre artistas e público, com a proposta de contribuir para a formação de plateias, estimular o debate sobre as grande sobras-primas da história do jazz, sobre o formato disco e sobre a preparação dos espetáculos. Com direito a bastidores dos ensaios, detalhes da concepção dos arranjos, debates sobre o desafio de transpor o repertório integral dos discos para o palco, entre outros temas.

Temporada 2016

A grande repercussão do festival Ceará Jazz Series levou à continuidade do projeto para 2016, com o objetivo de constituir uma temporada permanente de jazz - e música influenciada pelo universo jazzístico. A meta é oferecer ao público shows ao longo de todo o ano, no Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e em outros espaços que já demonstraram interesse em sediar espetáculos do projeto, em Fortaleza e no Interior. Sempre valorizando a cena musical cearense e o altíssimo patamar de qualidade atingido por nossos artistas, além de democratizar cada vez mais o acesso à música.

Dia 18 de março de 2016, às 20h, no Teatro Dragão do Mar. Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia). Livre.



► Teatro Infantil [Temporada de Arte Cearense]
Alice e o País das Maravilhas
Teatro Plural

Trata-se da história de uma menina que mora num apartamento de classe média de uma grande cidade do Brasil e de cuja janela ela avista um bosque. Em casa, Alice é cercada de cuidados extremos dos pais temerosos da violência e das más influências que ela pode sofrer do mundo moderno.

Sentindo-se muito sozinha, a menina descobre no coelho de pelúcia e nos aparelhos eletrodomésticos da casa, os amigos, criando uma personalidade para cada um deles. O computador a leva a um mundo virtual encantado, onde ela descobre as cartas do baralho de tarô.

O final surpreende pela delicadeza e sensibilidade com que Alice compreende o amor de seus pais por ela e o seu estado de filha e criança.
De forma lúdica e muito bem humorada, cenas e conflitos são propostos, levando à reflexão de temas como: solidão, incompreensão, relações familiares, violência e até a diferenciação entre o real e o virtual.

Dias 19 e 26 de março de 2016, às 17h, no Teatro Dragão do Mar. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia). Livre.



► Sonhos [Mês do Circo e Teatro no Dragão]
Mágico Goldini
O show mostra uma performance bem variada de efeitos mágicos, capaz de despertar o interesse do público de todas as idades. O show vai além do entretenimento: suspense, muita interatividade, efeitos visuais e uma boa dose de humor são ingredientes para criar momentos mágicos inesquecíveis e despertar sonhos.

Dias 19 e 20 de março, às 19h, no Teatro Dragão do Mar. Gratuito. Livre.


► Polifonias [Temporada de Arte Cearense]
Com Breculê e Gabriel Yang
Programa da Temporada de Arte Cearense, o Polifonias apresenta, na mesma noite, dois shows de artistas da cidade. Nesta edição, as harmonias dissonantes e sobreposições rítmicas da banda Breculê e o show “Poeira”, do guitarrista e vocalista de rock e blues Gabriel Yang.

Breculê
De 2010 para cá, ano em que foi lançado o primeiro disco da banda, intitulado Vidas Volantes, muita história compõe a trajetória do Breculê. Em 2015, a banda começa a dar forma e a se empenhar para a produção de seu novo trabalho, Anamorphosis, que promete composições tão fascinantes quanto as do primeiro álbum.

Enquanto dá novos contornos ao seu trabalho, a banda apresenta novamente em Fortaleza o show que reúne composições do álbum Vidas Volantes, do projeto Inventário de Segredos, com poemas musicados do livro da escritora Socorro Acioli, e faz uma prévia do que vem por aí com Anamorphosis ao apresentar também canções inéditas. Dessa forma, o show traz ao público de Fortaleza um panorama da produção musical do Breculê nos últimos anos.

O Breculê desenvolve um trabalho dedicado à música brasileira, em sua diversidade instrumental, rítmica, harmônica e poética, com composições transversadas em uma linha contemporânea de experiência criativa. Criado em 2007, o grupo se pauta pelo som de seu duo de violões, baixo, bateria e trompete, contando neste show com a formação de um time de metais para trafegar com pressão entre harmonias dissonantes e sobreposições rítmicas, explorando timbres e combinações instrumentais, que resultam em belas composições e arranjos ousados.


Gabriel Yang – Show Poeira
Artista independente, guitarrista e vocalista da banda de rock Jardim de Ferro, Gabriel Yang ergue a bandeira do “faça você mesmo” e desponta em 2015 com seu primeiro disco solo intitulado Poeira. Fazendo o uso de guitarras rústicas de fabricação própria, utilizando diversos materiais reciclados e obtendo uma sonoridade peculiar, o disco mescla rock, blues e ainda resgata traços da sonoridade nordestina, flertando com baião, maracatu e repente.

Dia 19 de março de 2016, às 20h, no Anfiteatro. Gratuito.

  
► Clarice Falcão [show]

Quando conversei com Clarice Falcão pela primeira vez, o assunto era “Monomania” (2013), o álbum de estreia da cantora, compositora, escritora, atriz e roteirista pernambucana lançado poucos meses antes. Aquele era um trabalho bem fora do padrão, pois tinha sido criado sob os olhos do público, na frente da câmera, com repertório já consagrado em uma série memorável de vídeos em plano-sequência, hits absolutos na internet. Quem comprou o CD físico na loja sabia muito bem o que estava levando pra casa e já adorava aquelas faixas antes mesmo de passar pela fila do caixa. Nasceu um tiro certo, sem chance de falha. Talvez por isso mesmo, minha curiosidade naquela conversa inicial pulava dez casinhas adiante e tentava investigar qual seria o próximo passo. Quem seria a Clarice do segundo álbum? Será que suas canções seguiriam como roteiros com começo, meio e fim, misturando crônica de costumes, cinema existencial, quadrinhos e sitcom, naquela mesma linguagem que se tornou uma assinatura tão intransferível? Será que também testaria o novo repertório com vídeos? E a personagem que iluminava as canções antigas, será que continuaria tropeçando no amor, obcecada pelo amado, perdida entre o mundo real aquele que ela queria que fosse? Em suma, com quais armas Clarice lutaria contra o acerto absoluto que foi seu primeiro disco, já que seguir fazendo música depende de jogar fora toda manhã o que foi conquistado no dia anterior? Todas as respostas chegam agora, três anos depois, nas 14 faixas de “Problema Meu”.

Pra começar a conversa, é preciso contar que a personagem principal das canções inverteu o jogo a favor dela e já não sofre mais. Ao contrário, ri da cara daquele homem tolo que acreditou que o amor descompensado que ele recebia valia alguma coisa. “Só de pensar que cê pensou que era sério, falando sério, eu quero rir.” Na real, ela gosta dele “como quem gosta de um vídeo no Youtube de alguém cantando mal”, “de um perfil no Facebook que usa foto de casal”, Clarice afirma já na faixa de abertura do disco, “Irônico”. E a ideia parece ser essa: olhar “Monomania” pelo espelho e ver a mesma história acontecer outra vez, mas do avesso, como um tipo de amor dando errado ao contrário, uma vingança a que todos temos direito, ou achamos que temos nesses momentos possível volta por cima. Se a menina de “Monomania” fingia não se lembrar mais do namorado que lhe deu um pé em “Eu Esqueci Você” (“E se um dia eu te ligar de madrugada em desespero é engano”), a de “Problema Meu” deixa claro, em “Eu Escolhi Você”, que só ficou com o rapaz porque não tinha outra opção, pelo menos “até um outro aparecer” (“Na minha vida já existiram/ 50 opções de amor/ 49 desistiram/ E você foi o que sobrou”). Em “Deve Ter Sido Eu”, do disco novo, ela já não sabe mais “a placa do seu carro”, ao contrário da obsessiva de “Macaé”, do trabalho de estreia, que já decorou “seu RG só pra se precisar”. E se antes ela pedia coisas do tipo “me deixa ser o suporte que segura a tela plana da sua sala no lugar” (“Qualquer Negócio”), agora ela diz que nasceu “pessoa, gente, eu não nasci coisa, não me espere aí na sua estante” (“Eu Sou Problema Meu”). Bem, dá pra notar logo que, mesmo trabalhando pelo espelho, Clarice Falcão mantém seu estilo intacto. Como também aprofunda aquela ironia finíssima que até confundiu muita gente no passado, que ouvia em suas canções rompantes de “fofura” que nunca existiram de fato. Agora que a casa caiu e o ponto de vista da personagem virou, fica bem claro o quão redutor era esse rótulo, aliás.

Há recaídas, claro. Tirada do baú não gravado em “Monomania”, “Se Esse Bar” segue o espírito da menina de antes, com aquela voz de esperança que nunca morre pedindo ao garçom que não feche o bar, coitada: “Eu sei que eu marquei às dez/ E eu sei que já são seis/ Mas vai que ele se atrasou e quando ele chega eu já fui/ E a culpa é de vocês”. Outro exemplo é a metalinguística “Duet”, também antiga, do tempo em que Clarice Falcão compunha apenas em inglês. A voz tristonha conta que aquela música foi composta pra ser cantada em um dueto, mas como o rapaz foi embora, ela vai ter que dar conta de fazer as duas vozes com uma garganta só. “Vinheta” é uma pegadinha, pois apenas finge outra recaída assim. Começa com a garota ansiosa ao lado de um telefone que não toca, esperando um email que não vem. Mas, em seguida, ela tem um surto de autoestima e conclui (“deseja” talvez seja o verbo melhor) que só pode ter acontecido alguma coisa: talvez tenha sido “atropelado e levantou cambaleante e deu de cara com um poste e quebrou 14 dentes e aí foi assaltado por três caras gigantescos e na hora de sair foi atropelado novamente e acordou com amnésia e num hospital distante”. Se não me liga no segundo dia é porque morreu, claro.

Nem tudo em “Problema Meu”, no entanto, foi construído com a intenção de desmentir (ou reiterar) o passado. Algumas faixas foram escolhidas em outras fontes e por razões estritamente estéticas, segundo afirma Kassin, produtor musical do álbum. Entre elas está “I’ll Fly with You”, pescada pela cantora entre os greatest hits de sua adolescência principalmente pela beleza da melodia. A canção, lançada pelo DJ italiano Gigi d’Agostino em 2000, perde a batida electropop dançante da versão original pra se tornar uma balada melancólica. Outro caso assim é “Banho de Piscina”, que veio do baú do pai de Clarice, o diretor e roteirista João Falcão. Deliciosamente rancorosa, a música foi escrita por ele quando tinha a idade que a filha tem agora, talvez ainda um pouco antes. Os versos dizem coisas como: “Eu quero ver você/ Numa piscina de óleo fervendo/ Pedindo socorro e eu te oferecendo/ Uma dose de rum pra você se esquentar”. Já a última das faixas de “Problema Meu” assinada por outros compositores, “A Volta do Mecenas”, de Matheus Torreão, abre o leque temático, lembrando que nem todos os problemas dessa vida são derivados do cotidiano amoroso: “A cada nova década aumenta a decadência/ E quem é que toma as divinas providências/ Eu não tenho pressa, mas me falta paciência”.

As três canções alheias ampliam a área de atuação de Clarice Falcão como artista. Mas não há dúvidas que é o repertório autoral que dá o brilho e a identidade tão peculiar de “Problema Meu”. “Vagabunda”, a mais surpreendente entre todas as canções do disco, foi inspirada em caso real. Clarice ouviu a história de um amigo, cujo pai tinha outra família fora do casamento. Quando a mãe descobriu a situação, convidou a amante do marido pra um jantar. Entenderam-se muito bem, as duas. E, na hora de pagar a conta, a esposa oficial puxou o cartão de crédito: “Pode deixar que essa ele vai ter que pagar pra gente”. O discurso em versos esculpido por Clarice escapa tanto do lugar comum que nos leva às melhores letras de Odair José: “Toma um chope comigo, vagabunda, que eu seu a vagabunda que eu sou/ Repara que conexão profunda de ter compartilhado um mesmo amor”. A autora diz que a letra é também uma reação à cultura do recalque que domina o pop brasileiro (aquela que deseja às inimigas vida longa etc.). Clarice reverte e transcende o papel da “outra” em seu roteiro: “Me dá seu telefone, inimiga/ Que é só você que vai compreender/ Aquela agonia na barriga/ Me liga que eu tô que nem você”.

A presença de Kassin foi fundamental pra dar diversidade musical ao disco. Se “Monomania” era quase todo acústico e monocromático, sem grandes ondulações rítmicas, “Problema Meu” é um furacão de gêneros. Há rock (“Volta do Mecenas”), brega (“Banho de Piscina”), folk (“Clarice”), balada (“I’ll Fly with You”), bossa nova (“Duet”), disco music (“Era uma Vez”) e muito mais. A banda arregimentada por ele junta dois meninos talentosos da nova geração carioca: Diogo Strauss (guitarra, baixo, violão) e Danilo Andrade (teclados). O próprio Kassin toca alguns baixos e a maior parte das baterias é do português Fred Ferreira, conhecido de nós brasileiros por integrar a Banda do Mar. Os arranjos de metais foram feitos por Alberto Continentino e os de cordas, por Sean O’Hagan.

Ainda sobre diversidade musical, o disco termina com a (suposta) autocrítica “Clarice”. E o “suposta” fica entre parênteses porque, como sabemos, estamos em um terreno banhado em ironia, numa sala de espelhos que embaralha passado e presente, real e imaginário, nós mesmos e os outros. E talvez essa seja só uma resposta da artista a quem, nos últimos tempos, criticou a simplicidade de suas composições. “Clarice, sempre os mesmos três acordes/ Olha, um si bemol não morde/ Não precisa poupar dedo/ É medo de gastar.” É um belo toque em quem ainda não entendeu a faceta mais exuberante de Clarice Falcão: erguer em três acordes a vida inteira dos seus personagens, compor narrativas surpreendentes sem lançar mão de mais do que o necessário, como me definiu outro dia o mestre da canção Luiz Tatit, outro criador de personagens igualmente atrapalhados no amor, que também nunca são condenados por ele à mediocridade simplista do final feliz ou infeliz. Nisso, vejo um parentesco entre ele e Clarice. Tatit também vê, ele me disse. E, reforçou, o número de acordes jamais determinou grandeza em música popular.

Escrevendo isso agora, eu me lembrei também da definição que Tom Zé sempre dá à própria produção. Por não ser um músico exuberante (ele gosta de fingir que não é), entende que seu melhor caminho é pegar o ouvinte pelo cognitivo, não pelo contemplativo. Ou seja: em vez de se apoiar em melodias e harmonias ultraelaboradas que atinjam o espírito de quem escuta com uma flecha, suas canções criam histórias que pescam os ouvidos pelo cérebro, jogando anzóis pela via da identificação, pelo que todos nós reconhecemos nelas como reflexo de nossas vidas. E, vamos confessar, todos nós já estivemos perto de situações como as que Clarice descreve em suas canções. Já fomos aquela figura que fica “só mais um pouquinho” no bar esperando alguém que nunca virá. Mesmo que muitas vezes tenhamos arrumado um jeito de disfarçar esse ridículo até de nós mesmos. Vivendo as mesmas histórias outra vez, mas viradas do avesso através de um espelho, por exemplo.

MARCUS PRETO
janeiro de 2016

Dia 19 de março de 2016, às 21h, na Praça Verde. Ingressos Pista – Lote 3: R$ 100 e R$ 50 (meia) | Ingressos Front – Lote 3: R$ 140 e R$ 70 (meia)

Vendas: Quiosque Bilheteria Virtual Shopping Del Paseo (segunda a domingo, das 13h às 19h | não funciona nos feriados)
Quiosque Bilheteria Virtual Iguatemi (segunda a sábado, das 10h às 22h; domingo, das 14h às 20h | não funciona nos feriados)
Online: http://www.bilheteriavirtual.com.br


► Brincando e Pintando no Dragão do Mar [Mês do Circo e Teatro no Dragão]
Além de brincadeiras e atividades infantis sob orientação de monitores, tem ainda Oficina de Brinquedos Reciclados e a Trupe do Palhaço Baratinha.

Dia 20 de março de 2016, das 16h às 19h, na Praça Verde. Gratuito.


► Fuxico no Dragão [Especial Dia Mundial da Poesia]
Com Sarau no Fuxico e Feira Índice

Em comemoração ao Dia Mundial da Poesia, no dia 21 de março, o Fuxico no Dragão deste domingo (20) apresenta uma programação especial com uma nova edição da Feira Índice e sarau literário. A Feira Índice teve estreia na Maloca Dragão 2015, como espaço para disseminação literária coletiva em Fortaleza, com ênfase no mercado alternativo. Nesta edição especial, serão 11 expositores entre editoras e selos independentes, pequenas livrarias e coletivos, trazendo na bagagem livros, fanzines e publicações diversas, que ficarão expostas das 16h às 20h, na Arena Dragão do Mar. A Feira Índice também promove um sarau com Nina Rizzi, Uirá dos Reis e Ayla Andrade, comemorando a importância e a força idílica e ao mesmo tempo real que o poema é capaz de conceder. Além de todas essas atrações temáticas, os expositores de design, moda e gastronomia do Fuxico no Dragão também estarão presentes, nesta edição.

Expositores da Feira Índice

Netuno Editora Substânsia
Editora LuAzul
Brechó Literário Rimbaud
Coletivo Monstra
Templo da Poesia
Pó de Livros
Lua Nova
A Literação
Abraço Literário SESC
ACE (Associação Cearense dos Escritores)
Banca Independente (Para escritores)

Dia 20 de março de 2016, das 16h às 20h, na Arena Dragão do Mar. Gratuito.


► Quarteto Cearense [Circuito de Música Erudita]
O Quarteto é um dos grupos da Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho e apresentará repertório que vai do barroco ao contemporâneo.

Dia 20 de março de 2016, às 18h, no Auditório. Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia).


// INSTALAÇÃO EM CARTAZ

► Resquícios de um Povo Sobre o Mar  [Temporada de Arte Cearense] [INSTALAÇÃO TEMPORARIAMENTE SUSPENSA]
Artista Ruy Aurélio – Curadoria de Eduardo Bruno

A instalação surge a partir de uma inquietude artística e arquitetônica acerca das ocupações dos espaços urbanos. Nessa perspectiva, foi realizado um estudo “site specific” do Dragão do Mar e seus entornos como o objetivo de pensar os modos poéticos de se intervir politicamente na paisagem. Assim, a instalação propõe um resgate memorial e afetivo com a comunidade do Poço da Draga por meio da instalação de barquinhos e garrafinhas-invólucros dos fragmentos de histórias e depoimentos dos moradores da comunidade/adjacências. Para tal, o interlocutor é convidado a relacionar-se com o trabalho e, assim, mergulhar em uma comunidade que conta suas visões acerca da cidade e do mar.

Lançada no último domingo (6), rapidamente o público apropriou-se dos barquinhos e garrafinhas-invólucros colocados no Espelho D’Água do Dragão do Mar. A intenção do artista era realmente que o transeunte se relacionasse com o trabalho, “resgatando” barquinhos e pergaminhos da água e assim também as histórias da comunidade do Poço da Draga. Com o sucesso do alcance da instalação, o material será reposto em breve para mais uma leva de “apropriações”.

No Espelho D'Água. Visitação livre de 7 de março a 5 de abril de 2016. Gratuito.


// TODA SEMANA NO DRAGÃO


► Feira Dragão Arte
Feira de artesanato fruto da parceria com Sebrae-CE e Siara-CE.
Sempre de sexta a domingo, das 17h às 22h, ao lado do Espelho D'Água. Acesso gratuito.


► Planeta Hip Hop

Grupos promovem exibições de dança e música hip hop.

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