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quinta-feira, 29 de março de 2018

Teatro] Espetáculo teatral celebra a força da mulher através da figura de Asja Lacis


“Asja Lacis já não me escreve” entra em temporada no próximo dia 06 de abril fazendo referência à personagem da primeira metada do século XX, a obscura atriz, diretora teatral e militante de esquerda Asja Lacis.O espetáculo será encenado às sextas-feiras pelo Grupo Terceiro Corpo. O Grupo Terceiro Corpo retoma seu segundo espetáculo, inspirado na atriz, diretora e militante de esquerda Asla Lacis, que militou a favor do proletariado e das crianças orfãs de guerra, na Rússia do início do século XX.

O escritor argentino Ricardo Piglia fala de Asja Lacis: "Em 1923, em Berlim, Brecht conhece a diretora teatral soviética Asja Lacis, e é ela que o põe em contato com as teorias e experiências da vanguarda soviética". Com essas informações, diz a diretora Maria Vitória (Terceiro Corpo), veio o desejo de conhecer mais a biografia e a força dessa mulher. Ricardo Piglia afirma ainda que: "por intermédio de Asja Lacis, Brecht conhece a teoria da ostranenie, elaborada pelos formalistas russos e por ele traduzida como efeito de estranhamento. É notável o deslocamento operado por Brecht para mostrar a origem russa de sua teoria do distanciamento.”

O espetáculo “Asja Lacis já não me escreve” representa a consolidação e o compartilhamento de uma pesquisa que se desenvolve há três anos, movida pela busca de um teatro comprometido com a voz das mulheres e com as questões de nosso tempo, um teatro no qual a encenação é o resultado de laboratórios de investigação e de criação.

A peça participou do Laboratório de Pesquisa Teatral do Porto Iracema da Artes em 2015, com a consultoria dramatúrgica de Vadin Nikitin e a interlocução artística de Hector Briones. A transcrição dramatúrgica e a direção ficam a cargo de Maria Vitória e no elenco Juliana Carvalho, Marcos Paulo e Nádia Fabrici.

Grupo Terceiro Corpo – Trajetória de pesquisa

O Grupo Terceiro Corpo, formado por Jéssica Teixeira, Juliana Carvalho, Marcos Paulo, Maria Vitória, Nádia Fabrici e Sara Síntique, surgiu de uma vontade latente de pesquisar o trabalho do ator. Desde fevereiro do ano de 2014, o Grupo Terceiro Corpo se reúne sistematicamente e vem dando vida aos laboratórios de criação em torno do trabalho do ator a partir da premissa do Solo-coletivo.

A primeira peça escolhida para montagem, Tudo ao Mesmo Tempo Agora, escrita por Maria Vitória, foi agraciado pelo Prêmio de Dramaturgias Femininas e foi a base para o primeiro laboratório de ator desenvolvido pelo Grupo Terceiro Corpo.

A ideia do Solo-coletivo trabalha com o conceito de personagem partilhada, na qual temos apenas uma personagem em cena e mais de um ator para representá-la. A nova empreitada do grupo gira em torno da figura de Asja Lacis. A obscura atriz, diretora teatral e militante de esquerda da primeira metade do século XX, Asja Lacis.

Paixão

Pelo que consta em algumas citações do escritor argentino Ricardo Piglia, Asja foi atriz e diretora de teatro que influenciou de forma significativa o meio teatral, em especial, o alemão Bertolt Brecht. Asja Lacis foi também colaboradora de Meyerhold e de Eisenstein, próxima do grupo de Maiakóvski.

Asja é uma grande paixão de Walter Benjamin, e por intermédio dela Brecht e Benjamin se conhecem. Em fim dos anos 30, Asja Lacis desaparece num campo de concentração stalinista. “Asja Lacis já não me escreve”, registra Brecht em seu diário de janeiro de 1939.

Sinopse – Asja Lacis já não me escreve

Asja Lacis foi uma revolucionária, atriz e diretora de teatro russa. Mulher de muitas faces e à frente do seu tempo, Asja trabalhou teatro com operários e com crianças órfãs de guerra. Por intermédio dela, Walter Benjamin e Brecht se conheceram. Em fim dos anos 30, Asja Lacis desaparece num campo de concentração stalinista e Brecht registra em seu diário de janeiro de 1939: “Asja Lacis já não me escreve”. A peça traz às luzes da ribalta a vida dessa mulher que foi eclipsada pela história do teatro Ocidental.

Ficha técnica
Direção e transcriação dramatúrgica: Maria Vitória.
Elenco: Juliana Carvalho, Marcos Paulo e Nádia Fabrici.
Figurino: Maria Vitória

Iluminação: Maria Vitória e Rami Freitas
Realização: Grupo Terceiro Corpo

Serviço
Local: Teatro Dragão do Mar.
Datas/horários: 06, 13 e 20 de abril (sextas-feiras), às 20h.
Ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia).
“Projeto apoiado pelo Porto Iracema das Artes – Escola de Formação e Criação do Ceará"

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